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Dies
Irae
«Apetece
cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
a mão do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
todo o futuro a este dia de hoje.
Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
os motins onde a alma se arrebata.
Oh! maldição do tempo em que vivemos,
sepultura de grades cinzeladas,
que deixam ver a vida que não temos
e as angústias paradas!»
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
a mão do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
todo o futuro a este dia de hoje.
Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
os motins onde a alma se arrebata.
Oh! maldição do tempo em que vivemos,
sepultura de grades cinzeladas,
que deixam ver a vida que não temos
e as angústias paradas!»
Miguel Torga, in “Cântico do
Homem”
Viagem
«É o
vento que me leva.
O vento lusitano.
É este sopro humano
universal
que enfuna a inquietação de Portugal.
É esta fúria de loucura mansa
que tudo alcança
sem alcançar.
Que vai de céu em céu,
de mar em mar,
até nunca chegar.
E esta tentação de me encontrar
mais rico de amargura
nas pausas da ventura
de me procurar...»
Miguel Torga, in “Diário XII” O vento lusitano.
É este sopro humano
universal
que enfuna a inquietação de Portugal.
É esta fúria de loucura mansa
que tudo alcança
sem alcançar.
Que vai de céu em céu,
de mar em mar,
até nunca chegar.
E esta tentação de me encontrar
mais rico de amargura
nas pausas da ventura
de me procurar...»
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