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de wikipedia
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Acrescenta-se que, mesmo trazendo mais vestígios acerca das acções de dom
Pedro, esta crónica informa pouco sobre a sua juventude. A Crónica do Conde
Dom Pedro de Menezes apresenta algumas menções ao Infante, sendo
interessante por mostrá-lo ajudando na defesa do reino perante possíveis
ataques de Castela, e por indicar um zelo de João I com o filho que queria
participar na campanha de socorro enviada a Ceuta (o cronista menciona que dom
Pedro foi pelas suas terras levando notícias da organização da campanha de
auxílio a Ceuta; o mesmo tinha muita vontade de integrar a campanha, chegando a
tentar disfarçar-se para embarcar nos navios que partiriam; no entanto, após
ser descoberto o Infante foi requerer permissão do rei para seguir com as tropas;
eis a descrição de Zurara sobre a resposta de João I: entam juntamente com o
infante Eduarte seu Irmao requererom a seu Padre licença, a qual lhe de todo
foi denegada, mandando, que todavia o Infante Dom Enrique partisse logo com a
frota, como ante tinha determinado; e que o Infante Eduarte, e o Infante Pedro
se fossem ambos ao Algarve, e hy ouvessem seu conselho, e o que lhes parecesse,
pozessem em obra; por mais que o trecho indique que somente dom Henrique
foi designado para chefiar a campanha, em nenhum momento transparece que o rei
visava prejudicar de alguma forma o filho Pedro; antes parece que monarca João I
buscou, nesse contexto, proteger os dois filhos mais velhos de qualquer
incidente na campanha africana; assim, afirma-se a ideia de zelo do rei que
procurava resguardar os herdeiros directos da coroa e manter a protecção
militar do reino).
Para
além dos textos cronísticos citados, os principais documentos acerca do Infante
provêm da chancelaria régia e demarcam a formação do seu património em torno de
Coimbra, concentrando-se no período regencial. Todavia, essa especificidade das
fontes prejudica uma visão global e mais detalhada, itinerários, contactos,
actuação na Corte, do seu percurso de vida (Baquero Moreno, por exemplo,
publicou um estudo acerca dos itinerários do Infante, no entanto, se restringiu
ao período da regência (Os itinerários do Infante D. Pedro 1438-1449; na mesma
obra, Moreno considera que o largo período entre o nascimento e a morte de Duarte
I constitui uma etapa da vida do Infante que mal se conhece e tantas vezes
se distorce em função de uma atitude raras vezes isenta de algum preconceito,
O Infante Pedro e o ducado de Coimbra). Assim como João I e Duarte I, Pedro
também se afirmou como escritor de importantes tratados e epístolas, além de
actuar como tradutor. A sua obra mais conhecida é a Virtuosa Benfeitoria, e entre os textos destinados ou
oferecidos ao irmão e futuro rei, soma-se o Livro dos Ofícios. Por fim, uma das faces mais citadas da
intervenção epistolar do Infante, a Carta
de Bruges, escrita durante a sua passagem pela Flandres, oferece
indícios da sua actuação na corte portuguesa. No início da carta o Infante
informa a origem da fonte, ou seja, um pedido enviado por Duarte I, indicando
também que a prática de dar conselhos ao irmão era anterior à escrita da
epístola (per vos me foy
mandado em hu uosso regymento
que despois que fose em esta terra uos fizesse hu escrito d aujsamento tal como o outro que me vos destes). A carta mostra a habilidade
político-administrativa de dom Pedro e demarca a sua actividade como
conselheiro, o que permitiu que fosse visto como um representante mais
qualificado deste pré-renascimento cultural em Portugal. Observa-se que a
produção das obras se insere num período de quinze anos (1418-1433) e
auxilia-nos na inserção histórica do Infante no contexto anterior e subsequente
ao casamento. Destarte, tal como Baquero Moreno, reafirma-se que são escassas
as informações sobre a instrução recebida e as experiências vivenciadas entre
1392 e 1415, ano do nascimento e da conquista de Ceuta, respectivamente, e
mesmo acerca do período que vai até 1438, início da regência de dom Pedro em
Portugal.
É
ponto comum na historiografia portuguesa, sob o peso das palavras de Oliveira Martins
em Os Filhos de D. João I, a
defesa de que a primeira metade do século XV foi marcada pela actuação ímpar
dos ínclitos infantes de Avis. Nesse quadro laudatório, os casamentos são pouco
explorados, com excepção do enlace de dona Isabel, porém permitem-nos observar
a política matrimonial do monarca João I. O novo rei português, ainda na
posição de Mestre de Avis, fora pai duas vezes, Afonso (c. 1380) e Beatriz (c.
1382), sendo essa descendência ilegítima usada como base para o alargamento da
política matrimonial. Nesses anos de afirmação dinástica e ainda sem contar com
filhos da rainha dona Filipa em idade nubente, o novo monarca estabeleceu uma
estratégia familiar capaz de promover um fortalecimento interno, casamento de
Afonso, e uma ampliação das relações externas, consórcio de Beatriz (o
casamento de dona Beatriz, filha natural de João I, com Thomas Fitzalan, conde
de Arundel, paradigma documental da negociação de uma aliança)». In Douglas
Mota Xavier Lima, À volta do casamento do infante Pedro, UFOdoPará, ICE,
PCHumanas, Santarém, Brasil, Revista Medievalista, Nº 21, Janeiro-Junho 2017, Universidade
Nova de Lisboa, FCS e Humanas, FC e Tecnologia, ISSN 1646-740X.
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