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Antecedentes
Históricos
«(…)
A Idade do Bronze deixou também vestígios na zona de Elvas. Já as relações entre
o mundo mediterrâneo e os povos de origem indo-europeia assentados no interior da
Península no período pré-romano parecem ter passado por várias vias de penetração.
Para além das cidades do litoral do actual Algarve, a zona de Elvas deve ter desempenhado
também um papel difusor. Embora não fosse, certamente, um caso isolado na região,
a ocupação durante a I Idade do Ferro deixou fortes marcas no castro de Segóvia,
implantado de forma dominante sobre o Caia, a norte de Elvas. Vários cientistas
que trabalharam neste local e outros que se têm debruçado sobre Segóvia
consideram que, pelo espólio encontrado, aqui chegaram nos séculos VIII e VII a.C.,
influxos de procedência centro-europeias. Essa circunstância leva alguns
autores a afirmar que Segóvia é um povoado importante ligado ao processo de expansão
das comunidades de feição cultural continental para ocidente. Contudo, as influências
de tipo continental cruzam-se neste território com outras, de proveniência mediterrânea.
Na verdade, em Segóvia encontraram-se cerâmicas orientalizantes, relacionadas com
a presença da actividade comercial fenícia, nas escavações arqueológicas, além de
cerâmicas pintadas ibero-púnicas e de campanienses, que surgem desde os níveis médios,
e até de sigillatas que surgem nos níveis superiores, de plena
romanização, encontram-se inúmeras cerâmicas indígenas... Para este período, as
fontes escritas permitem já lançar alguma luz sobre os povos proto-históricos que
viveriam nesta zona. O Alentejo, mais concretamente a zona entre o Tejo e o Guadiana,
parece ter sido uma zona influenciada pelos Célticos, povo pré-romano referido
por autores clássicos; contudo, na zona do actual nordeste alentejano deveria haver
Lusitanos. Assim, Célticos e Lusitanos, ambos de origem indo-europeia, parece terem-se
fixado na região actualmente conhecida como Alto Alentejo.
Dipo, que alguns
autores localizam nas cercanias de Elvas, bem como o cabeço de Segóvia, devem ter
correspondido a antigos núcleos urbanos pré-romanos, ligados ao mundo dos Célticos.
Contudo, em Segóvia, onde se realizaram escavações arqueológicas, os resultados
preliminares indicam que se trata de um povoado aparentemente fundado no século
VII a.C., mas que indicia, a partir de achados cerâmicos de tipo púnico,
ibero-púnico e grego, contactos com áreas mediterrânicas. Teresa Gamito identificou
16 povoados na II Idade do Ferro em redor de Santa Eulália, um dos quais
Segóvia, que estaria ligado, entre outros aspectos, à mineração. Outros
vestígios da Idade do Ferro se têm encontrado perto de Elvas; ou seja, em termos
gerais, no período proto-histórico, a zona de Elvas parece localizar-se numa zona
onde confluem influências culturais de proveniência diversa, registando-se uma espécie
de encontro de culturas: centro-europeia por um lado, (tendo em conta os
vestígios encontrados em Segóvia e a permanência de povos de origem céltica) e
oriental de procedência mediterrânea, por outro (no século XVII, o cónego Aires
Varela interessa-se pela questão da origem e fundação de Elvas, e sem ter nas suas
mãos os elementos arqueológicos hoje disponíveis, pensa que a região de Elvas foi
cruzada por várias influências, de origem céltica; este autor afirma que Elvas teria
sido fundada pelos celtas, em 999 a.C.; refere, porém. que outros autores discordam
da sua proposta apontando outros povos como fundadores de Elvas, pelo que, o historiógrafo
elvense admite que, com os Celtas viessem alguns Helvécios, Elvecios, e
que, dessa forma, o nome Elvas teria surgido devido à semelhança, a nível de
riqueza, encontrada pelos ditos Helvécios, entre a sua região de origem e a zona
de Elvas. Ainda segundo Aires Varela, os cartagineses teriam estado em Elvas, convivendo
pacificamente com os seus moradores; para este autor a riqueza e prosperidade de
Elvas já se manifestava claramente nestes tempos). Não será a última vez que se
assiste à chegada de influências destas procedências.
Época
romana
Os romanos
entram na Península Ibérica em 218 a. C.. Contudo, o domínio do que mais tarde se
virá a chamar o Alentejo só terá lugar entre 202 e 139 a.C.. Em meados do século
II a.C., o Alentejo é teatro de operações entre lusitanos e romanos,
sucedendo-se os raids, nos quais se destaca a acção do chefe lusitano Viriato».
In
Fernando Branco Correia, Elvas na Idade Média, Edições Colibri, CIDEHUS,
Universidade de Évora, 2013, ISBN 978-989-689-365-1.
Cortesia de
EColibri/JDACT