sexta-feira, 14 de abril de 2017

Pedro Fernandes Queirós ou Pedro Fernández Quirós (1565-615). Ilídio Amaral. «Richard Hawkins foi derrotado e aprisionado em 1 de Julho de 1594 na Baía de São Mateus, na foz do rio das Esmeraldas. Em 1595 já estava em Lima…»

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Viagens e descobertas de ilhas no Sul do Pacífico a mando da Coroa Espanhola, em tempos da decadência do seu Império
«(…) Criava-se assim a história do oceano Pacífico, que muitíssimo mais tarde viria a ser apelidado de grande Lago espanhol por Oskar Spate no seu livro de 1972. Ele teve a sua plenitude quando Espanha e Portugal estiveram unidas sob a mesma coroa, a partir de Felipe II em 1580 até Filipe IV em 1640, podendo-se dizer que o primeiro período de exploração ibérica do sul do Pacífico começou com a viagem de Fernão Magalhães-Sebastian El Cano, atingiu o auge com a colonização das Filipinas e o estabelecimento das viagens regulares dos galeões de Manila, e chegou a um fim simbólico em 1606 com a segunda viagem de Pedro Fernandes Queirós. Depois disso a presença imperial espanhola no Pacífico quase se reduziu a manter a viabilidade da rota Acapulco-Manila-Acapulco e das rotas costeiras entre os vice-reinos da Nova Espanha e do Peru. A primeira era muito importante porque as mercadorias, sobretudo as de maior valor, eram transportadas por terra de Acapulco até Vera Cruz no litoral continental leste e daqui por carreiras do Atlântico até à Metrópole espanhola.
Pedro Fernandes Queirós na sua primeira viagem esteve nas quatro ilhas mais meridionais do arquipélago das Marquesas e na de Santa Cruz, a maior do arquipélago do mesmo nome a sul-sueste das ilhas Salomão e a norte das ilhas Vanuatu, numa frota de quatro navios, comandada por Álvaro Mendaña y Neyra, com a categoria de Adelantado, que transportavam cerca de 350 pessoas, das quais muitos eram soldados ou homens que podian pelear, e as restantes futuros colonos, incluindo 107 mulheres, crianças e artífices diversos, para a fundação de uma colónia nas ilhas Salomão. Saída de Payta a 17 de Junho de 1595, depois de escalas em diversos portos do Peru para completar provisões e tripulações, a 21 de Julho a frota chegou ao grupo meridional das ilhas Marquesas, situadas a cerca de 10 graus sul, onde fez escala durante duas semanas.
Antes de prosseguir abro um espaço para recordar que a missão foi decidida depois da derrota de Richard Hawkins, um dos corsários ingleses que perturbavam a presença espanhola no Pacífico, assaltando e destruindo cidades e barcos no litoral ocidental da América do Sul. Richard Hawkins foi derrotado e aprisionado em 1 de Julho de 1594 na Baía de São Mateus, na foz do rio das Esmeraldas. Em 1595 já estava em Lima, quando Álvaro Mendaña iniciou a sua viagem, em 1596 no Panamá, a caminho de Espanha onde continuou aprisionado, primeiramente em Sevilha e depois em Madrid. Em 1602 foi libertado, podendo então regressar ao seu país onde recebeu o grau de cavaleiro e viria a desempenhar cargos importantes.
Entretanto, Filipe II, numa carta datada de 21 de Janeiro de 1594 dirigida ao Vice-Rei do Peru, García Hurtado Mendoza y Manrique, marquês de Cañete, já lhe recomendara que fossem feitas novas descobertas e fundadas colónias que assegurassem a posse das terras pela Coroa. Assim no ano seguinte o Vice-Rei preparou a expedição comandada por Álvaro de Mendaña com o objectivo de fundar uma colónia na ilha de São Cristóvão, no arquipélago de Salomão, que ele descobrira 28 anos antes. A 8 de Setembro foi a vez de paragem numa baía baptizada como Graciosa na ilha Nendo, a maior do arquipélago que recebeu o nome de Santa Cruz, e Mendaña decidiu criar aí a colónia, uma vez reconhecida a dificuldade de reencontrar as ilhas Salomão onde ele estivera em 1568. O projecto fracassou inteiramente. No curto período de cerca de dois meses de tentativas de instalação dos colonos houve desavenças e crimes, motins, mortes por doença e por ataques dos ilhéus, e o próprio comandante faleceu a 18 de Outubro de 1596, supostamente de malária cerebral». ». In Ilídio Amaral, Pedro Fernandes de Queirós ou Pedro Fernández de Quirós (1565-615), o Descobridor de ilhas, o Visionário de um continente cheio de riquezas […]), Edições Colibri, Lisboa, 2014, ISBN 978-989-689-446-7.

Cortesia de EColibri/JDACT