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A
Arte de Ser Amada
«Eu
sou líquida mas recolhida
no
íntimo estanho de uma jarra
e
em tua boca um clavicórdio
quer
recordar-me que sou árida
aérea
vária porém sentada
perfil
que os flamingos voaram.
Pelos
canteiros eu conto os gerânios
de
uns tantos anos que nos separam.
Teu
amor de planta submarina
procura
um húmido lugar.
Sabiamente
preencho a piscina
que
te dê o hábito de afogar.
Do
que não viste a minha idade
te
inquieto como a ciência
do
mundo ser muito velho
três
vezes por mim rodeado
sem
saber da tua existência.
Pensas-me
a ilha e me sitias
de
violinos por todos os lados
e
em tua pele o que eu respiro
é
um ar de frutos sossegados».
Poema de Natália Correia, in “O Vinho e a Lira”
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