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A
Dor da Ausência Fica Mais Pequena
«Quando
vejo que meu destino ordena
Que,
por me experimentar, de vós me aparte,
Deixando
de meu bem tão grande parte,
Que
a mesma culpa fica grave pena.
O duro
desfavor, que me condena,
Quando
pela memória se reparte,
Endurece
os sentidos de tal arte
Que
a dor da ausência fica mais pequena.
Mas
como pode ser que na mudança
Daquilo
que mais quero, este tão fora
De
me não apartar também da vida?
Eu
refrearei tão áspera esquivança,
Porque
mais sentirei partir, Senhora,
Sem
sentir muito a pena da partida».
Soneto de Luís Vaz de Camões, in “Sonetos”
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