O
Princípio em acção
«O
estudo de uma hierarquia típica, a do sistema escolar de Excelsior City, demonstrará
como o Princípio de Peter se encaixa na posição didáctica. Estudemos este
exemplo e poderemos compreender como a hierarquiologia opera dentro de cada
estabelecimento de ensino. Comecemos pelos professores. Para esta análise, agrupo-os
em três classes: competentes, moderadamente competentes e incompetentes. A teoria
da distribuição equaciona e a experiência confirma que essas classes são desiguais:
a maioria pertence à dos moderadamente competentes e a minoria à dos competentes
e às dos incompetentes.
O Caso do Conformista
Um professor incompetente é ineligível
para promoção. Dorothea Ditto, por exemplo fora na Faculdade uma estudante
extremamente conformista. Os seus trabalhos ou eram plágio dos manuais e revistas,
ou cópias das 1ições dadas pelos professores. Invariavelmente cumpria à risca o
que lhe ordenavam. Era considerada uma estudante competente. Recebeu o diploma com
a classificação de Bom da Escola Normal de Excelsior.
Ao tornar-se professora ensinava
exactamente o que lhe haviam ensinado, limitava-se ao manual, ao guia do curso e
ao horário dado pela sineta. O seu trabalho corria normalmente, sempre que havia
regras ou precedentes. Por exemplo, um dia rebentou um cano da água, inundando a
aula. Miss Ditto continuou a lição até à chegada precipitada do director que pôs
a seco as crianças encharcadas. Miss Ditto!, gritou. Há três polegadas de água nesta
aula. Porque é que os seus alunos ainda cá estão? Não ouvi o sinal de alarme, respondeu
ela. O senhor director sabe muito bem que presto sempre atenção e essas coisas.
Tenho a certeza que a campainha não tocou.
O director desconsertado por aquela
atitude, invocou uma cláusula do Regulamento escolar que concedia poderes de emergência
em circunstâncias excepcionais. Assim, embora nunca transgrida o Regulamento nem
desobedeça a uma ordem, tem frequentes aborrecimentos e nunca será promovida. Competente
como estudante, atingiu o seu nível de incompetência como professora e permanecerá
nesse lugar até ao fim da sua carreira». In Laurence Peter e Raymond Hull, O
Princípio de Peter, 1969, Editorial Futura, Lisboa, 1973.
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