Cortesia
de wikipedia e jdact
A
Abelha que Voando
«A abelha que, voando, freme sobre
A
colorida flor, e pousa, quase
Sem
diferença dela
À vista
que não olha,
Não
mudou desde Cecrops. Só quem vive
Uma
vida com ser que se conhece
Envelhece,
distinto
Da
espécie de que vive.
Ela é a
mesma que outra que não ela.
Só nós,
ó tempo, ó alma, ó vida, ó morte!
Mortalmente
compramos
Ter mais
vida que a vida».
A
Cada Qual
«A cada
qual, como a 'statura, é dada
A
justiça: uns faz altos
O fado,
outros felizes.
Nada é
prémio: sucede o que acontece.
Nada,
Lídia, devemos
Ao
fado, senão tê-lo».
Acima
da Verdade
«Acima
da verdade estão os deuses.
A nossa
ciência é uma falhada cópia
Da
certeza com que eles
Sabem
que há o Universo.
Tudo é
tudo, e mais alto estão os deuses,
Não
pertence à ciência conhecê-los,
Mas
adorar devemos
Seus
vultos como às flores,
Porque
visíveis à nossa alta vista,
São tão
reais como reais as flores
E no
seu calmo Olimpo
São outra Natureza».
In Ricardo Reis, Fernando Pessoa
Cortesia
de Wikipedia/Secrel/JPoesia/JDACT