Cortesia
de wikipedia e jdact
«Quarenta
anos após a Guerra civil a Espanha ainda é um país fragmentado, sacudido pelo
ressurgimento de movimentos separatistas. Ë nesse cenário, na segunda metade
dos anos 70, que Sidney Sheldon desenvolve a sua história: o confronto entre o
terrorista basco Jaime Miró, que liberta da cadeia dois companheiros condenados
à morte, e seu perseguidor, o coronel Ramon Acoca, que invade o esconderijo dos
fugitivos, um convento na região rural de Àvila. Sheldon narra o drama de
quatro freiras, arrancadas da paz da clausura para a agitação de Madrid, onde
conhecem o perigo e a paixão. A Espanha, com as suas paixões ardentes, ainda
dilacerada pelos ódios da sangrenta Guerra Civil, é o cenário deste novo e
inesquecível romance. A história passa-se logo depois da morte de Francisco
Franco, o ditador que governou o país com mãos de ferro por quase quarenta
anos. Em 1976, o carismático e idealista líder do proscrito movimento separatista
basco, Jaime Miró, liberta da cadeia em Pamplona dois companheiros condenados à
morte e foge, perseguido pela polícia e pelo exército. O cruel e vingativo
Ramón Acoca, no comando da implacável perseguição, desconfia de que os bascos
estão refugiados num convento cisterciense nos arredores de Ávila e resolve
invadi-lo. As freiras desta ordem, uma das mais rigorosas do mundo, obrigadas
ao silêncio total e à reclusão absoluta, subitamente expulsas do ambiente
aconchegante eseguro do convento, são brutalizadas e levadas para Madrid,
presas. Mas quatro conseguem escapar e, arremessadas no perigo e na aventura,
vêem-se presas de paixões proibidas a que não podem ceder mas não ousam negar. Irmã
Teresa, a mais velha, Irmã Lucia, ardorosa beleza siciliana, Irmã Graciela é
uma linda jovem, Irmã Megan é loura, de um tipo que não parece espanhol». […] In
Sinopse
«A Espanha
dilacerou a terra com unhas, quando Paris era mais bela. A Espanha projectou
sua vasta árvore de sangue, quando Londres cuidava de seu jardim e o seu lago
de cisnes». Pablo Neruda
Pamplona,
1976. Espanha
«Se
o plano falhar, todos nós morreremos. Ele repassou-o mentalmente pela última
vez, sonhando, avaliando, à procura de defeitos. Não encontrou nenhum. O plano
era usado e exigia um cálculo do tempo cuidadoso, em fracções de segundos. Se
desse certo, seria um feito espectacular, digno de El Cid. Se falhasse... Bom,
o tempo de se preocupar já passou, pensou Jaime Miró. É tempo de acção. Jaime
Miró era um mito, um herói para o povo basco e anátema para o governo espanhol.
Tinha mais de um metro e oitenta de altura, rosto forte e inteligente, corpo
musculoso e olhos escuros taciturnos. Testemunhas tendiam a descrevê-lo como
mais alto do que era, mais moreno do que era, mais impetuoso do que era. Era um
homem complexo, um realista que compreendia as enormes desigualdades contra si,
um romântico disposto a morrer por aquilo em que acreditava.
Pamplona era uma cidade
enlouquecida. Era a última manhã das corridas de touros, a Fiesta San Fermín, a celebração
anual realizada de 7 a 14 de Junho. Trinta mil visitantes enxameavam a cidade,
procedentes do mundo inteiro. Alguns estavam ali apenas para observar o
perigoso espectáculo da corrida dos touros, outros queriam provar sua coragem,
correndo na frente dos animais em disparada. Todos os quartos de hotel há muito
que estavam ocupados, e universitários de Navarra dormiam em vãos de portas,
saguões de bancos, automóveis, na praça central, e até mesmo nas ruas e calçadas
da cidade. Os turistas lotavam os cafés e os hotéis, assistindo aos ruidosos e pitorescos
desfiles de gigantes de papier-maché e escutando as músicas das bandas
que desfilavam. Os participantes do desfile usavam mantos violetas, com capuzes
verdes, vermelhos ou dourados. Fluindo as ruas, as procissões pareciam rios de
arco-íris. A explosão de fogos de artifício pelos postes e fios dos bondes
aumentavam o barulho e a confusão geral. A multidão comparecia à tourada final
da tarde, mas o evento mais espectacular era o encierro, a
corrida matutina dos touros que lutariam mais tarde, naquele mesmo dia. Dez
minutos antes da meia-noite, na noite da véspera, os touros eram levados dos corrales de gas, pelas ruas
escuras da parte inferior da cidade, atravessando o rio por uma ponte, até ao
curral na base da Calle Santo
Domingo, fechada por barricadas de madeira em cada esquina, até
alcançarem os currais de Plaza de
Hemingway, onde ficavam até a tourada à tarde.
De meia-noite às seis horas da
manhã os visitantes permaneciam acordados, bebendo, cantando e fazendo amor,
excitados demais para dormir. Os que participariam da corrida de touros usavam
um lenço vermelho de San Fermín em
volta do pescoço. Às quinze para as seis da manhã as bandas começaram a
circular pelas ruas, tocando a música vibrante de Navarra. Às sete horas em
ponto um rojão voava pelo ar, para anunciar a abertura dos portões do curral. A
multidão era dominada por uma expectativa febril. Momentos depois um segundo
rojão era disparado, um aviso à cidade de que os touros já estavam correndo. O
que se seguia era um espectáculo inesquecível». In Sidney Sheldon, As Areias do
Tempo, 1989, Publicações
Europa-América, 2003, ISBN 978-972-105-176-8.
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