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Mestre
São Plácidas
«Mestre,
são plácidas
Todas as
horas
Que nós
perdemos,
Se no
perdê-las,
Qual numa
jarra,
Nós pomos
flores.
Não há
tristezas
Nem
alegrias
Na nossa
vida.
Assim
saibamos,
Sábios
incautos,
Não a
viver.
Mas
decorrê-la,
Tranquilos,
plácidos,
Lendo as
crianças
Por nossas
mestras,
E os olhos
cheios
De
Natureza...
À
beira-rio,
À
beira-estrada,
Conforme
calha,
Sempre no
mesmo
Leve
descanso
De
estar vivendo.
O tempo
passa,
Não nos
diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos,
quase
Maliciosos,
Sentir-nos
ir.
Não vale a
pena
Fazer um
gesto.
Não se
resiste
Ao deus
atroz
Que os
próprios filhos
Devora
sempre.
Colhamos
flores.
Molhemos
leves
As nossas
mãos
Nos rios
calmos,
Para
aprendermos
Calma
também.
Girassóis
sempre
Fitando o
sol,
Da vida
iremos
Tranquilos,
tendo
Nem o
remorso
De
ter vivido».
In
Fernando Pessoa, Obra Completa de Ricardo Reis, Tinta da China, 2016,
ISBN 978-989-671-345-4.
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