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Benedictus Dominus Deus noster qui dedit nobis
signum
Os
campos. O dos castelos
«A
Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz,
fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.
O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde,
afastado,
A mão sustenta, em que se apoia o
rosto.
Fita, com olhar sphyngico e
fatal,
O Ocidente, futuro do passado.
O
rosto com que fita é Portugal».
Os
campos. O das quinas
«Os
Deuses vendem quando dão.
Compra-se a glória com desgraça.
Ai dos felizes, porque são
Só o que passa!
Baste a quem baste o que lhe
basta
O bastante de lhe bastar!
A vida é breve, a alma é vasta:
Ter é tardar.
Foi com desgraça e com vileza
Que Deus ao Cristo definiu:
Assim o opôs à Natureza
E
Filho o ungiu».
Os
castelos. Ulisses
«O
mytho é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É
um mytho brilhante e mudo
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De
nada, morre».
[…]
In
Fernando Pessoa, Mensagem, CFH, UFSC, Wikipedia,
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