Cortesia
de wikipedia e jdact
Jerusalém
«(…) Descobriu-se no meio de um
enxame de turistas britânicos que contornaram a esquina, levados por um guia
que usava o colarinho de sacerdote anglicano. Ele anunciou para o seu grupo de
peregrinos que se aproximavam do local mais sagrado da Cristandade, a Basílica
do Santo Sepulcro. Maureen sabia, por sua pesquisa, que as Estações da Cruz que
restavam ficavam dentro daquele prédio reverenciado. A basílica ocupava vários
quarteirões, inclusive o local da crucificação. A construção começara quando a
imperatriz Helena jurara proteger esse lugar sagrado, no século IV. Helena, a
mãe do imperador romano Constantino, fora mais tarde canonizada pelos seus
esforços. Maureen aproximou-se da vasta entrada devagar, com alguma hesitação.
Ao parar no limiar, compreendeu que não entrava numa igreja de verdade havia
muitos anos. Não gostou da perspectiva. Lembrou a si mesma, com a devida
firmeza, que a pesquisa que a trouxera a Israel era académica, não espiritual.
Enquanto se mantivesse concentrada nesse aspecto da questão, não teria qualquer
problema. Poderia passar por aquelas portas. Apesar de sua relutância, ela teve
de admitir que havia alguma coisa naquele colossal santuário que inspirava
reverência, um ambiente magnético. Enquanto passava pela entrada enorme, ela
ouviu as palavras do sacerdote britânico:
Dentro destas paredes, verão onde
Nosso Senhor fez o supremo sacrifício. Onde ele foi despojado de sua túnica e
pregado na cruz. Entrarão na tumba sagrada em que seu corpo foi sepultado. Meus
irmãos e irmãs em Cristo, depois de entrarem aqui, suas vidas nunca mais serão
as mesmas.
O cheiro intenso e inconfundível
do incenso chamado olíbano envolveu Maureen quando ela entrou. Peregrinos de
todas as áreas da Cristandade espalhavam-se pelos vastos espaços da basílica.
Ela passou por um grupo de sacerdotes coptas empenhados numa discussão reverente,
as vozes abafadas. Observou um clérigo ortodoxo grego acender uma vela numa das
pequenas capelas. Um coro masculino cantava em dialecto oriental, um som
exótico para ouvidos ocidentais, o hino se elevando de algum lugar secreto
dentro da basílica. Maureen concentrava-se em absorver as imagens e sons
daquele lugar sagrado, atordoada com a sobrecarga sensorial. Não notou a aproximação
do homem pequeno, magro e forte, até que ele bateu no seu ombro, provocando um
sobressalto.
Desculpe,
moça. Desculpe, srta. Mo-ree. Ele falava inglês. Ao contrário do enigmático
Mahmoud, no entanto, o seu sotaque era carregado. Sua habilidade com o idioma
de Maureen era rudimentar, na melhor das hipóteses; por isso ela não entendeu a
princípio que o homem a chamava pelo primeiro nome. Ele repetiu. Mo-ree. Seu
nome. É Mo-ree, não é? Maureen estava perplexa, tentando determinar se o estranho
homenzinho a chamava mesmo pelo seu nome e, se chamava, como o conhecia. Estava
em Jerusalém havia menos de vinte e quatro horas e ninguém na cidade sabia seu
nome, excepto o recepcionista do King David Hotel. Mas aquele homem era impaciente
e perguntou de novo: Mo-ree. V. é Mo-ree. Escritora. Você escreve, não é?
Mo-ree? Maureen acenou com a cabeça em confirmação, lentamente». In
Kathleen McGowan, O Segredo do Anel, Editora Rocco, 2006, ISBN 853-252-096-0.
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