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Leonor
e Federico III da Alemanha
«(…) Esta estratégia política,
que o próprio movimento expansionista impulsionava, abriu os membros da
linhagem aos mais variados caminhos por entre os meandros da política dos
reinos da cristandade. Assim a diáspora dos herdeiros do infante Pedro, o Condestável
e Mestre de Avis, Pedro, veio a ser, por alguns anos, rei de Aragão; João, pelo
seu casamento com a rainha de Chipre, Catarina de Lusignan, tornou-se príncipe de
Chipre; já Jaime ascenderá a cardeal de Santa Maria in Portico; e dona Beatriz
unir-se-á a Adolfo von Kleve. Por sua vez, o infante João, Mestre de Santiago,
e sua mulher Isabel, filha do conde de Barcelos e duque de Bragança e de dona
Brites Pereira, descendente de Nuno Álvares Pereira, serão os pais da infanta
Isabel que desposará João II, rei de Castela, de quem nascerá Isabel, a
Católica.
Situemo-nos, porém, agora, na
linhagem do sucessor ao trono joanino, Duarte I. Teve este monarca, do seu
matrimónio com Leonor de Aragão, quatro filhos e quatro filhas. O herdeiro virá
a ser o seu terceiro rebento, Afonso, que é ainda menor quando recebe o reino,
em 1438. Cabendo a tutoria da criança e a regência do reino, por vontade de Duarte
I, expressa no seu testamento, à viúva dona Leonor de Aragão, esta situação
política não foi bem aceite. Temiam-se uns quantos desta rainha estrangeira,
que podia defender mais interesses outros externos e menos os de Portugal, e
não viam com bons olhos a educação do príncipe entregue a uma mulher.
Decidiram, então, os grandes do reino e a burguesia lisboeta entregar a
regência do reino e a tutoria do herdeiro ao seu tio mais velho, o infante Pedro.
Que será regente de 1439 a 1448, para, no ano de 1449, já afastado da corte,
vir a acabar os seus dias em trágicas circunstâncias. Esta contextualização
política é fundamental para nos aproximarmos de dona Leonor, a futura esposa do
imperador alemão.
Nasceu
a infanta em Torres Vedras, a 18 de Setembro de 1434. Ficou órfã de pai aos
quatro anos e um ano depois viu-se sem mãe, quando esta, ao exilar-se para
Castela, a deixou doente em Almeirim. O regente assume, então, as rédeas do seu
destino e entrega-a a uma aia, dona Guiomar Castro. Mais tarde, após a morte da
mãe, em 1445, terá vivido em casa própria, com as suas irmãs Catarina e Joana.
Este conjunto de infantas era riqueza a ser potencializada em conjugada e hábil
política matrimonial. Concertam-se neste propósito os dois tios das infantas, a
duquesa de Borgonha e o regente Pedro. A Borgonha conhecia dois suseranos, o
rei de França e o Imperador da Alemanha. Buscou com eles alianças matrimoniais
que a favorecessem. Projectou então a duquesa o casamento da sua sobrinha
Leonor com o herdeiro do trono da França e oferecia a mão da sua outra
sobrinha, Joana, ao pequeno Ladislau, neto do imperador Segismundo, ao serviço
de quem Pedro lutara contra os turcos, e que Frederico III havia tomado sob a
sua tutela. Esta estratégia matrimonial serviria também os objectivos políticos
do regente Pedro, que, hostilizado e hostilizando os infantes de Aragão, se
aliava a Castela e assim alargaria os seus apoios a França e ao Império». In
Maria Helena Cruz Coelho, A Política Matrimonial da dinastia de Avis, Leonor e
Federico III da Alemanha, Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra, Revista
Portuguesa de História, XXXVI, 2002-2003, Wikipedia.
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