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O
Mistério da Cruz Templária
«(…) Como é óbvio, ambos se
referiam à geometria e matemática sagradas, de síntese e profundamente
simbólicas. Como em muitas outras facetas da ciência das coisas divinas, uma
parte deste conhecimento foi assimilada pelos cristãos dos primeiros séculos.
Isto aconteceu de tal forma que os cristãos da facção mais fanática se viram
obrigados a afirmar que a ciência milenar dos mistérios foi uma invenção do
Diabo que se quis antecipar a Deus. O Abade Martigny não hesitou em afirmar: não
há dúvida de que, nas Santas Escrituras, em razão do duplo sentido que encerram,
os números têm frequentemente um significado simbólico. Podemos invocar aqui o
testemunho de Filon, o Judeu, assim como o de S. Clemente de Alexandria, a
epístola atribuída a São Barnabé, e o do Pastor de Hermas. Quem não sabe que Santo
Ambrósio e Santo Agostinho empregavam a cada passo, nas suas homilias, o
simbólico sentido dos números? Prova evidente de que tal linguagem era familiar
à maior parte dos fiéis, pois, se assim não fosse, as explicações evangélicas
dos doutores da Igreja teriam sido carta fechada para eles.
Já focámos, em obras anteriores, algumas
das propriedades geométricas da cruz orbicular. Por agora, cabe-nos recordar
que a sua construção geométrica resulta da intersecção de um círculo central
com quatro círculos laterais.
A Origem das Cinco Quinas e o Milagre de
Ourique
No momento em que escrevemos estas
linhas, as altas individualidades de Portugal estão empenhadas em distribuir massivamente,
nas escolas, um chamado kit patriótico que contém os símbolos da nação: a
bandeira e o hino. Estamos de acordo com o director de um dos chamados diários de
referência, quando sugere que a esta iniciativa outras se poderiam suceder no
sentido de uma mais ampla divulgação da história de Portugal. De facto, só com uma
real consciência histórica, a começar pelos líderes, é que acções como esta perderão
o seu ar ridículo. E, por exemplo, talvez não se tenha hoje a devida consciência
de que, nos nossos dias. Portugal é praticamente o único país da Europa que tem
uma bandeira com símbolos multisseculares, um dos quais, as cinco quinas, é utilizado
nas armas do reino logo desde o século XII. Cabe perguntar: porquê? Porque tudo
aquilo que não tem uma forte carga mítico-espiritual acaba por se diluir no
tempo como pó da história.
Outro símbolo importantíssimo que
a bandeira actual contém é a esfera armilar, que analisaremos posteriormente. A
origem das cinco quinas é um mistério. Existem várias teorias, mas nenhuma
delas é conclusiva. Contudo, pelo menos a partir do reinado de Sancho I, jamais
as cinco quinas deixaram de ser o símbolo por excelência da nação portuguesa, figurando
em todas as bandeiras. Foram esculpidas na grande maioria dos monumentos
nacionais e, em conjunto com a Cruz de Cristo, foram levadas pelos portugueses
aos quatro cantos do mundo. Este símbolo foi considerado um talismã mágico-religioso
pelos portugueses da Idade Média e Renascimento». In Paulo Alexandre Loução, Portugal
Terra de Mistérios, Edição Ésquilo, 2001, ISBN 972-860-504-8.
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