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Com efeito, das formas de vida religiosa que se praticavam no reino de Portugal
e por todo o Ocidente, ficaram longe da diocese de Évora as variantes do modelo
monástico protagonizadas pelos beneditinos e cistercienses. Os Eremitas de São
Paulo da Serra de Ossa e os Jerónimos, duas novas famílias de origem eremítica
que em finais do século XIV integraram a forma de vida monástica, constituam,
quase exclusivamente, a única representação deste modelo de vida no além Tejo
já que, apesar de se tratarem de instituições que adoptaram observâncias
influenciadas pelas práticas mendicantes, não devem deixar de se considerar
ordens monásticas, pelo valor que ambas conferiram ao afastamento do mundo, à
vida contemplativa e de oração e à vida comunitária, desde que consumada a
renúncia ao eremitismo.
Os beneditinos nunca chegaram a
ter qualquer mosteiro na diocese e a presença dos cistercienses ficou atestada
por uma única fundação, a do mosteiro feminino de São Bento de Cástris que,
mais do que reflexo do interesse de Cister pelos territórios do sul, correspondeu
a uma necessidade prática de enquadramento institucional de um grupo de mulheres
piedosas que viviam em comunidade, num local, junto às muralhas de Évora e que,
a conselho do cardeal Pedro Julião, futuro papa João XXI, terão tido a
iniciativa de desencadear o processo de filiação da sua comunidade à abadia
cisterciense de Alcobaça (data de 1275, a filiação da pequena comunidade de
mulheres piedosas de Évora ao mosteiro de Alcobaça e a imposição, por parte do
abade de Alcobaça, do estabelecimento das religiosas numa zona mais afastada da
cidade. Sobre a história deste mosteiro). Quanto aos
Jerónimos, uma ordem que se instalou em Portugal a partir de 1400, a sua presença
na diocese ficou marcada pela fundação do cenóbio masculino de Nossa Senhora do
Espinheiro de Évora. Neste caso, uma fundação levada a cabo pelo bispo metropolita
Jorge Perdigão e que correspondeu à concretização do projecto de um seu
antecessor, Pedro Noronha. Fundado por bula de Calisto III, de 25 de Novembro
de 1457 (bula Pia Deo),
o mosteiro foi edificado na periferia de Évora, no lugar onde já existia uma
capela dedicada a Nossa Senhora do Espinheiro e veio a destacar-se, entre as
várias fundações monástico-conventuais da diocese, pela protecção e frequência
de monarcas como Afonso V, João II e Manuel I, por ter sido o local eleito para
realização das cortes de 1481 e pela importante oficina de pintura que albergou
(Desta oficina de pintura irradiou a escola flamenga de Évora , que teve como
mestre o famoso fr. Carlos).
Ainda no seio da grande família
monástica, resta-nos a Congregação dos Eremitas de São Paulo da Serra de Ossa,
um movimento de cariz eremítico surgido no Alto Alentejo a partir da segunda
metade do século XIV, que embora enquadrado na forma de vida monástica, foi
fortemente influenciado por práticas mendicantes, como a autoridade centralizada,
a realização de capítulos gerais e de visitações ou a eleição de superiores
temporários e não vitalícios, como era prática entre as outras variantes do modelo
monástico. Daí podermos sublinhar para a diocese de Évora a implantação de um
clero regular com uma configuração bastante distinta do tradicional monaquismo.
Com uma rápida expansão a partir da Serra de Ossa, local de onde partiram
vários pobres para reformar alguns lugares ou para fundar novas casas, os
homens da pobre vida em pouco mais de um século, entre 1366 e finais do século
XV, instalaram, na diocese de Évora e sobretudo no Alto Alentejo, um total de
treze eremitérios. Depois da Serra de Ossa, pelos anos de 1371, fixaram-se no
actual concelho de Avis, dando origem ao Mosteiro de Nossa Senhora da Azambujeira
de Fonte Arcada, do qual se desconhece a localização precisa; daí, passaram ao
Redondo, mais especificamente a Vale Abraão e Vale de Infante, onde fundaram
dois eremitérios, respectivamente em 1371 e 1372; depois, instalaram-se em
Elvas, Évora, Vila Viçosa, Portel, Borba, Montemor-o-Novo, Guadalupe, na
periferia de Évora, Sines e, por fim, Serpa». In Maria Leonor FOS Santos, As
Ordens Religiosas na Diocese de Évora 1165-1540, Comunicação a Novembro de
2007, nas V Jornadas de História
Religiosa organizadas pelo Instituto de Superior de Teologia de Évora,
Medievalista, Ano 5, Nº 7, 2009, ISSN 1646-740X.
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