Cortesia
de wikipedia e jdact
«O
projecto que agora apresentamos, aprovado pela FCT (Fundação para a Ciência e
Tecnologia), no âmbito do POCTI (Programa Operacional do Quadro Comunitário de
Apoio III, 2000-2006) e financiado pelo prazo de dois anos (Novembro de 2001 a
Novembro de 2003), consiste na elaboração de um guia histórico das ordens
religiosas em Portugal que, em termos cronológicos, deverá ter início com o
monaquismo pré-beneditino e terminar com as últimas fundações
monástico-conventuais que se deram em Portugal Continental e Ilhas até ao final
do reinado de Manuel I (1521). Trata-se de uma iniciativa coordenada por
Bernardo Vasconcelos Sousa e que tem como instituição de acolhimento o Centro
de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa. A equipa
de investigação é constituída por Maria Filomena Andrade, Isabel Castro Pina e
Maria Leonor F. O. Silva Santos.
Conscientes
das dificuldades de abordagem desta temática, para a qual os estudos
disponíveis são escassos, não estamos ainda certos de que a informação que
possamos vir a recolher nos permita dar início ao trabalho com um capítulo
autónomo sobre o monaquismo pré-beneditino. No entanto, de forma mais ou menos
desenvolvida, este será o ponto de partida da nossa investigação. Quando da
candidatura deste projecto ao concurso Sapiens proj99, da Fundação para a
Ciência e Tecnologia, em Janeiro de 2000, a responsabilidade da investigação
estava a cargo de José Mattoso. Devido à alteração de residência do prof.
Mattoso, para Timor Lorosae, por período indeterminado, a coordenação do
trabalho foi transferida para o seu actual responsável, Bernardo Vasconcelos Sousa.
Justificação
A
afirmação de que as ordens religiosas tiveram grande importância na formação de
Portugal é uma evidência histórica. Todavia, é preciso reconhecer que existe
uma generalizada falta de conhecimentos precisos e bem fundamentados acerca das
suas denominações oficiais e vulgares, dos seus respectivos ramos, dos lugares
de implantação das suas casas, das datas de fundação, das sucessivas
reorganizações e reformas, dos campos de actuação, diferenças de organização e
objectivos, da sua articulação com o clero diocesano e os vários níveis de
autoridades eclesiásticas, da sua relação com o poder civil, enfim de todos os
dados históricos que permitem conferir àquela certeza algum conteúdo efectivo.
Esta carência de informações objectivas dá lugar a confusões, interrogações sem
resposta e mesmo a erros grosseiros em inúmeros casos em que se esperaria o
contrário. Tais lacunas são particularmente sensíveis para a época medieval e
para o princípio da época moderna, que foi, afinal, o período em que as ordens
religiosas tiveram maior importância cultural, social, económica e política. Ora
o contacto com monumentos e obras de arte deixados em todo o território
nacional pelas ordens religiosas é uma experiência de todos os dias. A
curiosidade do público pelo património artístico fica muitas vezes insatisfeita
pela falta de respostas às suas interrogações. Os responsáveis pelos programas
de turismo cultural e as câmaras municipais que desejam valorizar o património
local não encontram disponíveis os dados necessários para o seu trabalho nesta
área. O mesmo sucede, pelo menos em alguns casos, com os organismos centrais
responsáveis pela preservação e restauro. Recorre-se com frequência ao Guia de
Portugal iniciado por Raul Proença, mas esta obra, tão importante a vários
níveis, apresenta, neste campo, várias lacunas, equívocos e até alguns erros.
Noutro sector específico do património cultural, o dos arquivos e bibliotecas,
sente-se também a falta de um instrumento prático e actualizado que contenha
informações de base necessárias aos arquivistas e bibliotecários que têm de
arrumar, classificar e valorizar a documentação de origem monástica e
conventual e de a disponibilizar para os seus leitores. Com efeito, os espólios
documentais e bibliográficos das ordens religiosas incorporados nos depósitos
do Estado ou dispersos. Trata-se de uma época que as falhas da crítica,
patentes em muitas crónicas monásticas dos séculos XVII e XVIII, semearam de
confusões e de informações deturpadas. Estas têm sido parcialmente corrigidas,
recentemente, em trabalhos dispersos, alguns deles muito especializados, e que
por isso não atingem o grande público. Actualmente, contudo, a publicação pelo
Círculo de Leitores do Dicionário e da História Religiosa de Portugal,
contribuiu para fazer uma primeira síntese destes trabalhos e para
disponibilizar novas reflexões sobre a história religiosa, que se aguardavam
desde a publicação da obra de referência que é a História da Igreja em
Portugal, de Fortunato Almeida, cujo volume para a época medieval data de 1910.
Por
mãos de particulares só podem ser devidamente classificados e valorizados se
forem correctamente identificados os organismos produtores e se forem
organizados de forma a que se possam aí encontrar os dados pertinentes para a
investigação e a reconstituição da sua história. Caso contrário, a parte
monástica dos arquivos públicos e privados corre o risco de se tornar um monte
informe de documentos descontextualizados e de difícil utilização pelos
investigadores. Parece, pois, evidente a necessidade de proceder a um
levantamento sistemático das informações de base acerca das ordens religiosas
em Portugal, de forma a responder às necessidades aqui enunciadas e a permitir
aos estudiosos o aprofundamento das suas investigações através da referência a
bibliografia especializada e da indicação de depósitos arquivísticos pertinentes
para o seu trabalho. Conciliando práticas científicas, atentas à crítica das
fontes, com processos de tratamento informático que potencializam os dados
recolhidos, colocando-os ao nível de tratamento desejável para futuras
intervenções e actualizações, será possível contribuir para renovar as
perspectivas de estudo e de abordagem dos institutos religiosos, alicerçando
assim uma visão mais ampla e rigorosa da presença da Igreja em Portugal,
durante a Idade Média». In Bernardo V. Sousa, Maria F. Andrade,
Maria IC Pina, Maria LOS Santos, Guia histórico das Ordens Religiosas em
Portugal Das Origens a Trento. Um projecto de investigação, FCT (Fundação para
a Ciência e Tecnologia), POCTI (Programa Operacional do Quadro Comunitário de
Apoio III, 2000-2006, Wikipédia.
Cortesia
de FCT/POCTI/JDACT