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Por
falta de outra explicação, considerou-se que o pó branco e as pedras cónicas
eram provavelmente associados com uma forma de rito sacrificial, mas era um
Templo egípcio e o sacrifício animal não era prática egípcia até a era
ptolomaica tardia. Além disso, não havia restos de ossos ou qualquer outra
matéria estranha dentro do pó que ficava nos armazéns recentemente expostos;
ele era perfeitamente branco e nada adulterado. Petrie afirmou no seu
relatório: embora tenha cuidadosamente procurado essas cinzas em dezenas de amostras,
separando-as cuidadosamente, não pude encontrar nenhum fragmento de osso ou de
qualquer outra coisa. Já que tanto o pó branco quanto o mfkzt eram indefiníveis
e ainda pareciam ambos de grande importância, talvez eles fossem a mesma coisa.
Mas como um pó poderia ser descrito como uma pedra, e como ele poderia
ser uma chave para desvendar um campo de dimensão sobrenatural? Além disso, o
que poderia ter a ver com pão e luz?
Nesse estágio da pesquisa, outra
valiosa substância associada com o Serábit entrou na equação: o ouro. Num dos
tabletes de pedra próximos à entrada da caverna de Hathor, encontrou-se uma representação
de Tutmoses IV na presença de Hathor. Diante dele, havia dois suportes de
oferendas com flores de lótus encimando-os e, atrás, um homem trazendo um objecto
cónico, descrito como pão branco. Outra estela detalha, o pedreiro Ankhib
oferecendo dois pães cónicos ao rei; há representações similares em todo o
complexo do Templo. Uma das mais significativas representações é um retrato de Hathor
e Amenhotep III. A deusa, completa com seus chifres de vaca e o disco solar,
segura um colar numa mão, enquanto oferece o emblema da vida e do domínio ao
faraó com a outra. Atrás dela está o tesoureiro Sobekhotep, que segura um filão
cónico de pão branco. É importante saber que o tesoureiro Sobekhotep é descrito
em muitas inscrições do Templo como o homem que trouxe a nobre Pedra Preciosa a
sua majestade. Além disso, diziam que era o Grande conhecido real e o Grande
dos segredos da Casa do Ouro.
Embora difícil de
compreender, o tesoureiro real da 18ª. dinastia era retratado apresentando objectos
cónicos descritos como pão branco, sendo também o prestigioso guardião da Casa
do Ouro. Mas, de acordo com os registos, Petrie não encontrou ouro no Templo de
Serâbit no Monte Horebe. Na verdade, a Egypt Exploration Society especificou no
seu relatório que não havia indícios de mineração de ouro no Sinai, mas isso
não prova que o ouro nunca houvesse sido levado para lá. Também é provável que
o ouro que pudesse ter sido deixado no Templo em épocas distantes houvesse sido
furtado por invasores beduínos, séculos antes da chegada de Petrie, assim como muitos
dos túmulos do Egipto foram vandalizados e furtados antes dos dias da
arqueologia.
Muito interessante nesse início é que os antigos egípcios não chamavam
o Sinai por seu nome; chamavam a península de Bia e, nesse contexto, as
peças do quebra-cabeça começam a juntar-se. Lembrando que o Templo era dedicado
à deusa Hathor e que o tesoureiro da casa do ouro era chamado o Grande,
podemos considerar a estela do tesoureiro delegado Si-Hathor, do Reino Médio (actualmente
pertencente ao Museu Britânico). A inscrição nessa pedra relata, nas palavras
de Si-Hathor: visitei Bia quando era criança; incitei os grandes a lavar
ouro. (Há um ponto de interrogação após a palavra lavar, indicando que os
tradutores não estavam completamente certos do hieróglifo ou daquilo que os
grandes fizeram com o ouro)». In Laurence
Gardner, Os Segredos Perdidos da Arca Sagrada, Editora Madras, 2004, ISBN-978-857-374-901-4.
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