Washington, D.C..10H45 (9H45 em Minnesota)
A notícia que estava na pasta
vermelha nas suas mãos era perturbadora, mas não superava muito nos seus
detalhes o que a loira atrás do letreiro eletrónico da CNN estava reportando no
televisor do outro lado da sala. Tinha eliminado o som do aparelho poucos
minutos antes que o seu assistente entrasse na sala. A âncora anunciara a
notícia da explosão no Reino Unido e um helicóptero sobre o local filmava e
transmitia ao vivo cenas das ruínas, mas, além do horário da explosão e de
imagens da extensão dos danos, pouco mais se sabia naquele estágio da
investigação. Uma importante igreja antiga, marco da herança inglesa, fora
destruída por uma bomba no início da manhã. Não havia vítimas registadas,
apenas a perda em termos sentimentais e históricos. Alguém reivindicou a
responsabilidade?, perguntou ele. Não, sr. Hines, respondeu o assistente. Jefferson
cerrou os dentes em reacção à falta de respeito daquele jovem. Não se referir a
ele mencionando o seu cargo era, ele sabia, totalmente intencional. A CIA está
acompanhando o Serviço de Inteligência Britânico na busca de informações, mas, até
agora, nem mesmo os loucos de sempre estão disputando a responsabilidade. Hines
processou a informação, ou melhor, a falta de informação. Atentados a bomba
eram, em geral, seguidos de uma chuva de reivindicações de responsabilidade
feitas por vários grupos, que desejavam também a publicidade que acompanhava o
ataque à Grande Besta do Ocidente. Havia excepções, claro, e elas eram
suficientemente frequentes para que a falta de reivindicações do caso actual
não disparasse muitos alarmes, mas ainda assim aquele silêncio era
interessante.
Houve alguma resposta formal do
governo britânico? Apenas que estão chocados e horrorizados, envidando todos os
esforços para trazer à justiça os culpados por esse crime hediondo, etc. etc. etc. Mitch Forrester
mexia os dedos no ar num gesto que indicava a falta de sentido daquelas
respostas padronizadas. Ele só trabalhava no escritório de Hines havia seis
meses e, mesmo assim, transmitia os comentários com um ar de quem já ouvira
tudo aquilo antes». In AM Dean, A Biblioteca Perdida, 2012, Editora Prumo, 2012, ISBN
978-857-927-298-1.
Cortesia de EPrumo/JDACT
JDACT, AM Dean, Literatura, Mistério,