«(…) A pedra angular foi assente nessa data e hora simplesmente porque, entre outras coisas, a auspiciosa Caput Draconis estava em Virgem. Todos trocaram olhares intrigados. Espere aí, disse alguém. O senhor está falando de..., astrologia? Exacto. Embora seja uma astrologia diferente da que conhecemos hoje em dia. Alguém levantou a mão. Está querendo dizer que os nossos pais fundadores acreditavam em astrologia? Langdon deu um sorriso. E muito. O que diria se eu lhe contasse que a cidade de Washington tem mais signos astrológicos na sua arquitectura do que qualquer outra cidade do mundo..., zodíacos, mapas de estrelas, pedras angulares assentes em datas e horários astrológicos precisos? Mais da metade dos homens que elaboraram a nossa Constituição eram maçons, estavam convencidos de que as estrelas e o destino eram interligados e prestavam muita atenção à posição dos astros no céu enquanto estruturavam seu novo mundo. Mas essa história toda de a pedra angular do Capitólio ter sido assente quando Caput Draconis estava em Virgem... Que diferença faz? Não pode ser só coincidência? Uma coincidência impressionante, considerando-se que as pedras angulares das três estruturas que formam o Triângulo Federal, ou seja, o Capitólio, a Casa Branca e o Monumento a Washington, foram todas assentes em anos diferentes, mas tudo foi cuidadosamente programado para que isso ocorresse exactamente nessas mesmas condições astrológicas.
Langdon se deparou com uma sala
cheia de olhos arregalados. Algumas cabeças se abaixaram à medida que os alunos
começavam a tomar notas. Alguém levantou a mão no fundo da sala. Porque eles
fizeram isso? Langdon deu uma risadinha. A resposta para essa pergunta é
material para um semestre inteiro. Se estiver curioso, deve fazer o meu curso
sobre misticismo. Para ser franco, não acho que estejam emocionalmente
preparados para ouvir a resposta. Como assim?, gritou o aluno. Experimente! Langdon
fez uma pausa exagerada, como se estivesse pensando no assunto, e em seguida
balançou a cabeça, brincando com os alunos. Desculpe, não posso. Alguns de vós são
calouros. Tenho medo de impressioná-los. Conte para nós!, gritaram todos. Langdon
deu de ombros. Talvez devessem virar maçons ou membros da Ordem da Estrela do Oriente
e descobrir a resposta na origem. Nós não pode entrar, argumentou um rapaz. Os
maçons são uma sociedade supersecreta!
Supersecreta? É mesmo? Langdon se
lembrou do grande anel maçónico que seu amigo Peter Solomon ostentava com
orgulho na mão direita. Então porque os maçons usam anéis, prendedores de
gravatas ou broches maçónicos à vista de todos? Porque os prédios maçónicos
possuem indicações claras? Porque os horários das suas reuniões são publicados
no jornal? Langdon sorriu ao ver todas as expressões intrigadas. Meus amigos,
os maçons não são uma sociedade secreta..., eles são uma sociedade com
segredos. Dá na mesma, murmurou alguém. É?, desafiou Langdon. Diria que a
Coca-Cola é uma sociedade secreta? É claro que não, respondeu o aluno. Bom, e
se batesse na sede da corporação e pedisse a receita da Coca-Cola original? Eles
nunca iriam me dar. Exactamente. Para conhecer o maior segredo da Coca-Cola,
precisaria entrar para a empresa, trabalhar por muitos anos, provar que é de
confiança e, depois de muito tempo, alcançar os mais altos escalões, nos quais
essa informação poderia ser compartilhada. E então assinaria um termo de
confidencialidade. Então o senhor está dizendo que a Franco-maçonaria é como
uma grande empresa?
Só na medida em que tem uma
hierarquia rígida e leva a confidencialidade muito a sério. Meu tio é maçom,
entoou a voz aguda de uma moça. E a minha tia detesta, porque ele não conversa
sobre isso com ela. Ela diz que a Maçonaria é tipo uma religião estranha. Um
equívoco muito comum. Mas então não é uma religião? Façam a prova dos nove,
disse Langdon. Quem aqui assistiu ao curso do professor Whiterspoon sobre
religião comparada? Várias mãos se levantaram. Muito bem. Então me digam, quais
são os três pré-requisitos para uma ideologia ser considerada religião? Garantir,
acreditar, converter, respondeu uma jovem. Correcto, disse Langdon. As religiões
garantem a salvação;
as religiões acreditam
numa teologia específica; e
as religiões convertem
os não fiéis. Ele fez uma pausa. Mas a Maçonaria não se enquadra em nenhum
desses três critérios. Os maçons não fazem promessas de salvação, não têm uma
teologia específica, nem tentam converter ninguém. Na verdade, nas lojas maçónicas,
conversas sobre religião são proibidas. Então..., a Maçonaria é antireligiosa?» In Dan Brown, O Símbolo Perdido, 2009, Bertrand
Editora, 2009, ISBN 978-972-252-014-0.
Cortesia de BertrandE/JDACT
JDACT, Dan Brown, Washington D.C., Literatura, Maçonaria,