«A descida ao Hades é a mesma a partir de todos os lugares».In Anaxágoras, filósofo grego, 500-428 a.C»
A Tumba
«(…) O presidente se curvou e
estendeu a mão para ela. Apoie nas minhas costas, sugeriu Cotten, enfiando a
pistola do agente no cós da saia. Quando sentiu o peso do presidente de
encontro ao seu corpo, ela começou a descer com todo o cuidado pela passagem
estreita, ajudando-o a se apoiar com os braços em volta do corpo dele. No fim
da escada, um túnel estreito levava para um local escuro. Dessa vez, ela
apressou-se a encontrar o interruptor mais próximo. O resultado foi uma fileira
de luzes correndo ao longo do centro do teto de um túnel. Continue!, ordenou
ele. Ela olhou para o presidente, que estava com o braço do casaco vermelho escuro
empapado de sangue. Ele contorcia o rosto de dor, os olhos semicerrados. Balas,
disparadas do alçapão, chocaram-se contra a plataforma a meio caminho da
escada, fazendo chover lascas de madeira.
Cotten conduziu o presidente
através do túnel até este finalmente se dividir em duas passagens. Qual o
caminho? Ela se encolheu enquanto as balas se chocavam contra a parede ao seu
lado. As palavras saíam sem força da boca do presidente, enquanto ele praticamente
sussurrava: Mantenha a esquerda. Com um salão a mais para atravessar, ela
passou o braço dele pelos ombros enquanto o envolvia com o seu pela cintura, e
começou a seguir pelo túnel. Passos ecoaram de trás. À frente, o túnel se abria
numa série de grandes canos de esgoto e mais passagens. Senhor presidente. Qual
devemos tomar? Ele elevou um pouco a cabeça. Mantenha sempre a esquerda. Os
passos ouviam-se com mais força. Talvez eles não soubessem que ela tinha uma
arma, pensou Cotten. Poderia ganhar alguns segundos, quem sabe um minuto, se
fizesse vários disparos. Arrancando a pistola da cintura, olhou-a intensamente,
desejando que quando puxasse o gatilho as balas brotassem sem cessar. O agente
russo poderia ter esvaziado a arma antes de cair. Faça o que tem de fazer,
Cotten, disse para si mesma. Sim, concordou o presidente num suspiro.
Cotten espiou pelo canto. Como
seres de outro planeta, personagens em roupa de combate preta avançavam em fila
pelo túnel estreito. Eles usavam capacete, uma armadura grossa sobre o corpo, e
cada rosto estava coberto por um aparelho estranho, instrumentos de visão nocturna,
presumiu ela. Apontando a pistola para o líder rebelde, puxou o gatilho. O som
foi ensurdecedor entre as paredes de rocha nua do túnel. O recuo fez a arma dar
um solavanco na mão dela. Imediatamente se preparou para atirar de novo. Dessa
vez, manteve a arma apontada com as duas mãos e preparada para o golpe do
recuo. Uma vez após outra ela disparou. O primeiro rebelde caiu, se o tivesse
matado ou não, ela não sabia, mas conseguira atingi-lo. O segundo e depois o
terceiro rebelde também caíram. O disparo de mais armas de fogo um pouco mais
atrás espalhou fragmentos de rocha e farpas de madeira pelo ar. O senhor
consegue continuar? O presidente concordou com um movimento de cabeça. Os
assassinos continuariam avançando, ela sabia, mas talvez não tão depressa. Se não
soubessem quando ela pararia e atirassem de novo contra eles dentro dos limites
da passagem estreita, eles seriam obrigados a ter mais cuidado, e isso lhe
daria uma ligeira vantagem.
Quando ela e o presidente russo
dobraram uma esquina, um conjunto de degraus de pedra fez ângulo com a parede. Suba,
suba!, sussurrou ele. Com muita dificuldade, Cotten empurrou-o pelas costas
enquanto eles subiam para uma plataforma de pedra. Diante deles apareceu uma
porta grande, preta e velha. Estendendo o braço, o presidente a empurrou, mas a
porta não cedeu. Vamos juntos, sugeriu ela. Vou contar até três. Ele piscou e
concordou com um movimento de cabeça. Um, dois, três! Cotten forçou o ombro
contra a porta. Com um gemido metálico, ela se abriu». In Lynn Sholes e Joe Moore, O
Projecto Hades, 2007, Publicações Europa-América, 2008, ISBN 978-972-105-888-0.
Cortesia de EPEAmérica/JDACT
Lynn Sholes,Joe Moore, JDACT, Mistério, Conhecimento,