Com a devida vénia à Doutora Rosário Cordeiro Carvalho
Os painéis do sub-coro e nave
«(…) Em seu redor, e nas mais
variadas posições, encontram-se oito leões, o que respeita o número par
habitual, mas é mais do que o normal. Ossos, esqueletos e caveiras pretendem
acentuar a voracidade dos animais. Do céu, surge um anjo que transporta o
profeta pelos cabelos, enquanto este faz tensão de dar a Daniel uma cabaça
fechada e segura no outro braço um cesto. Atrás deste primeiro plano, há mais
paisagens, que enquadram o púlpito, observando-se pessoas em movimento. Parecem
ser os trabalhadores que ceifavam no campo. Do outro lado do púlpito, o painel
continua com uma paisagem e árvores que dominam toda a área. É possível que o
púlpito já existisse neste mesmo local pois, apesar de interromper a composição,
a cena de Daniel está concentrada numa parte do pano murário, o que se
justifica pela presença deste elemento arquitectónico.
Para além da obra de misericórdia que
representa, este episódio de Daniel pode ser entendido como um testemunho de
protecção divina, como uma prefiguração de Cristo que sai do sepulcro ou da
Imaculada Conceição de Maria, pois Habacucu entrou sem quebrar os selos. Do
lado oposto, Moisés faz brotar água da rocha, numa imagem que é entendida como dar de beber aos
que têm sede. A cartela alude ao exacto momento em que Moisés
realizou o milagre: EGRESSAE SUNTI AQUAE LARGI SSIMAE ITA VT POPULUS BIBE RET
ET IUMENTA Numer. Cap. X, Moisés levantou a mão e bateu com a sua vara duas vezes
no rochedo. Jorrou, então, tanta água que a assembleia e seus rebanhos puderam
beber.
Uma
vez mais, as referências bíblicas foram mal copiadas, pelo que o capítulo é o
20º e não o 10º.
Ao duvidar de Deus, por não ter o
que beber, o povo revoltou-se contra Moisés, que se reuniu com Aarão para
tentar resolver a questão. Foi quando surgiu o Senhor que os mandou reunir a
assembleia e deu a vara a Moisés com a qual ele fez brotar a água. Num nível
superior ao plano onde se encontram dois grupos de ovelhas, a composição é dominada
pelo rochedo que toma a forma de um arco. Sob este, dois homens encostados a
uma pedra observam outros dois a recolher a água numa bilha. É do lado esquerdo
que se concentram as figuras, com Moisés em primeiro plano, com a varinha que
faz brotar água do rochedo. Duas crianças e um cão fazem a ligação entre este
grupo e o que está junto à água. Atrás, uma figura feminina ajoelhada e uma
série de homens e mulheres». In Maria do Rosário Cordeiro Carvalho,
Igreja da Misericórdia de Olivença, Caso de Estudo, Wikipédia.
Cortesia de wikipedia
JDACT, Maria do Rosário Cordeiro Carvalho, Caso de Estudo, Castelo de Vide, Património, Conhecimento, Olivença,