terça-feira, 18 de outubro de 2022

História e Declínio de Três Povoações na Fronteira. Carlos E. Cruz Luna. «Sem dúvida que no século XIV teve assinalável importância, nela se efectuando três casamentos reais: o de dom Afonso IV com dona Beatriz de Castela, ainda no século XIII e a rematar o já citado Tratado de Alcañices; o de dona Maria de Portugal com Afonso XI de Castela em, 1328; e o de Pedro I com dona Constança de Castela em 1340»

 

Cortesia de wikipedia e jdact

Juromenha

«(…) A história pode ser madrasta, mesmo no vale do Guadiana. O rio e seus afluentes convidam o Homem a instalar-se nas suas margens, ou próximo delas. Com bons resultados, quase sempre. Mas..., acontecimentos diversos podem influir no desenvolvimento normal e no progresso dos aglomerados humanos.

Até ao século XVI

A fortaleza abandonada de Juromenha, sobre o Guadiana, 18 km a nordeste do Alandroal, 16 km a sudoeste de Elvas, 17 km a leste de Vila Viçosa, e 11 km a noroeste de Olivença, impressiona pela sua dignidade fantasmagórica. A sua origem perde-se na noite dos tempos. Sem provas, quer-se que tenha sido fundada por galo-celtas, por volta de 400 a.C. Embora existam vestígios romanos, é muito improvável que tenha sido fundada por Júlio César em 50 a.C., com o nome de Julii Moenia (Muralhas de Júlio). Outra lenda dá-a como fundada pelos visigodos, onde estaria a origem do seu nome, numa princesa de nome Menha a quem um irmão queria arrancar um juramento indecoroso ( Jura, Menha, que não!). Tal lenda não é digna de crédito, independentemente da sua beleza, pois surge muito depois da fixação do topónimo.

Nos tempos muçulmanos, foi uma cidade importante, cujo nome seria, segundo alguns, Chel-Mena. Mas o topónimo árabe mais provável terá sido o de Yulumaniya ou Julumaniya, uma, repete-se, cidade moura importante, e nele se deverá ver a origem mais provável do termo JUROMENHA, que conheceu algumas variantes, como Jeremenha, Gerumenha, ou Jorumenha. Não se pode pôr de lado a hipótese de a forma árabe Yulumaniya derivar de Julli Moenia (Muralhas de Júlio)..., se acaso tal lenda (a da origem romana) já existia no século VIII! Dom Afonso Henriques terá conquistado a povoação em 1167. Gonçalo Viegas, filho ou sobrinho de Egas Moniz, talvez já no tempo de Sancho I, tê-la-á recebido em doação, atravessando então o Guadiana e ocupando o lugar de Vila Real, embora pouco se saiba sobre a veracidade destes factos.

Os muçulmanos reocuparam a região, decerto entre 1169 e 1189, já que a data de 1242 referida em algumas enciclopédias como de conquista moura, estará decerto errada, pois sabe-se com razoável certeza ter o fidalgo Paio Peres Correia ocupado definitivamente a região por volta de 1220, 1230 o mais tardar. Em 1242, já os mouros estavam muito, muito longe.

Após a pacificação da fronteira em 1297 (Tratado de Alcañices), dom Dinis mandou reedificar as muralhas e o castelo de Juromenha, dando-lhe foral em 1312. As suas terra ficaram dentro da área atribuída à Ordem de Avis. Sem dúvida que no século XIV teve assinalável importância, nela se efectuando três casamentos reais: o de dom Afonso IV com dona Beatriz de Castela, ainda no século XIII e a rematar o já citado Tratado de Alcañices; o de dona Maria de Portugal com Afonso XI de Castela em, 1328; e o de Pedro I com dona Constança de Castela em 1340. Durante a crise de 1383-1385, Juromenha não parece ter desempenhado nenhum papel de realce, pois raramente é referida, o mesmo ocorrendo no século XV». In Carlos E. Cruz Luna, História e Declínio de Três Povoações na Fronteira, RV000831, dip-badajoz.es, LXII, 2006.

 Cortesia de RV000831/dip-badajoz.es/JDACT

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