segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Poesia. Soneto. Antero de Quental. «Sim, vivo e quente! E já a luz do dia não virá dissipá-lo nos meus braços como névoa da vaga fantasia…»

jdact

1862 - 1866

Amor Vivo

«Amar! Mas dum amor que tenha vida…

Não sejam sempre tímidos harpejos,

Não sejam só delírios e desejos

Duma doida cabeça escandecida…

 

Amor que viva e brilhe! Luz fundida

Que penetre o meu ser, e não só beijos

Dados no ar, delírios e desejos

Meu amor… dos amores que têm vida…

 

Sim, vivo e quente! E já a luz do dia

Não virá dissipá-lo nos meus braços

Como névoa da vaga fantasia…


Nem murchará do Sol à chama erguida…

Pois que podem os astros dos espaços

Contra uns débeis amores… se têm vida?»

In Antero de Quental, Sonetos Completos, Publicações Europa-América, 1998, ISBN 972-104-421-0.

Cortesia de PEAmérica/JDACT

 JDACT, Antero de Quental, Poesia, Açores, Cultura,