O feitiço da Ribeirinha
«Maria Pais Ribeira, de afamada formosura,
descendia de uma linha de nobres próximos à corte e aos reis de Portugal, e da relação
com o rei ficou esta linhagem ainda mais perto da Casa Real.
Rodrigo Sanches, Gil Sanches,
Nuno Sanches, Maior Sanches, Teresa Sanches e Constança Sanches foram os frutos
desta fecunda ligação amorosa. À semelhança de seus outros filhos bastardos, Sancho
I entregou-os a criar em casas de membros da nobreza tradicional muito próxima do
monarca.
Foi, pois, uma relação que durou bastante
tempo, pelo que não se trataria apenas de uma simples aventura... arriscamo-nos
a supor que haveria algum sentimento de afecto.
Que Maria Pais conseguira seduzir
o rei, disso não parece haver dúvidas. O papa Inocêncio III chamou-a de feiticeira
por este encantamento que prendia Sancho I, que sua casa todos os dias visitava.
Diz-se que era branca de pele, de
fulvos cabelos, bonita e sedutora e que não só cativara o rei, mas também os nobres
da sua corte. Sancho I deu à Ribeirinha, em 1209, a Vila do Conde, doação
esta que foi confirmada em 1217 por Afonso II, seu filho e rei.
Um dos episódios mais conhecidos
da Ribeirinha foi o seu rapto a+ós a morte do seu amante, Sancho. Vinha de
Coimbra após o enterro do monarca, triste e lacrimosa pela morte do homem com
quem tivera seis filhos, quando Gomes Lourenço de Alvarenga fintou a guarda que
o irmão de Maria Pais havia destacado para a sua segurança e a raptou. Lavou-a
Leão, fora da influência da família, mas não do rei português Afonso II, que
terá solicitado a Fernando III de Leão que não deixasse este assunto sem
resolução». In Paula Lourenço, Ana Cristina Pereira, Joana Troni, Amantes dos Reis
de Portugal, 2008, Editora Esfera dos Livros, 2011, ISBN 978-989-626-136-8.
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JDACT, Paula Lourenço, Ana C. Pereira, Joana Troni, História, Cultura e Conhecimento, Escrita, Aspectos da Vida Quotidiana,