Cortesia de sernancelhevila
Em Portugal, os pelourinhos ou picotas, a designação mais antiga e popular, dos municípios localizavam-se sempre em frente ao edifício da câmara, desde o século XII. Muitos tinham no topo uma pequena casa em forma de guarita, feita de grades de ferro, onde os delinquentes eram expostos para a vergonha pública. Noutros locais os presos eram amarrados às argolas e açoutados ou mutilados, consoante a gravidade do delito e os costumes da época. De estilo românico, gótico ou renascentista, muitos dos pelourinhos em Portugal constituem exemplares de notável valor artístico.
Segundo Alexandre Herculano e Teófilo Braga, os pelourinhos tiveram origem na columna moenia romana que distinguia com certos privilégios, as cidades que os possuiam. Os pelourinhos normalmente são constituídos por uma base sobre a qual assenta uma coluna ou fuste e terminam por um capitel. Nalguns pelourinhos, em vez da base construída pelo homem, eram aproveitados afloramentos naturais.
Consoante o remate do pelourinho, estes podem classificar-se em:
- Pelourinhos de gaiola;
- Pelourinhos de roca;
- Pelourinhos de pinha;
- Pelourinhos de coluço (gaiola fechada);
- Pelourinhos de tabuleiro (gaiola com colunelos);
- Pelourinhos de chaparasa;
- Pelorinho de coruchéu;
- Pelourinhos de bola;
- Pelourinhos tipo bragançano;
- Pelourinhos extravagantes (de características invulgares).
Muitos pelourinhos foram destruídos pelos liberais a partir de 1834 por os considerarem um símbolo de tirania.
Cortesia de sernancelhevila
O pelourinho manuelino do tipo dos de gaiola, de muito alto fruste granítico, ostenta a data de 1554, precisamente na base da sobredita gaiola que encima o monumento, simbolizador da identidade municipal. Este elegante monumento do século XVI é «dos mais interessantes da região não só pela sua feição artística mas também pela sua altura descomunal» pois mede mais de 9 metros e meio, como assevera o Abade Vasco Moreira.
Ergue-se perante a casa da família Fraga de Azevedo, obra de boa cantaria, que foi em tempos bem recuados a Casa da Câmara e da Cadeia. A coluna do pelourinho eleva-se sobre uma plataforma em quatro degraus octogonais de talhe liso. O fuste, de semelhante configuração, nasce de uma abertura de base quadrada e crava-se nela com que por espigão. É constituído por uma só pedra e mede 6 metros. A altura do capitel com o pináculo é de um metro e meio. O degrau inferior tem sensivelmente um palmo de altura, o segundo palmo e meio e os outros dois, dois palmos cada – o que somará uns dois metros de alto.
Cortesia de sernancelhevila
O fuste, à altura de dois metros, é cingido por uma cinta de ferro de 25 mm de largura. Esta cadeia servia para a ela se atarem os criminosos e dali serem expostos à execração pública, antes de serem executados na forca, que ficava no lugar. No pináculo, assenta uma grimpa férrea, a que estivera ligado um catavento já desaparecido, e ainda com a pequena cruz, que ainda se vislumbra.
O pelourinho, com a actual configuração, resulta de uma reformulação no reinado de D. João III, em que perdeu a sua função de picota-prisão. No início da década de 50, do século XX, mais precisamente em 1952, o mestre Manuel Domingos Chaves vem a executar a coluna na gaiola com os colunelos que lhe faltavam devido à erosão do tempo.
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O pelourinho foi considerado como Imóvel de Interesse Público pelo decreto nº 23122 de 11 de Outubro de 1933.
Cortesia da Câmara Municipal de Sernancelhe/Serralves Antiguidades/JDACT