sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A Questão Coimbrã, 1865: A defesa de uma poesia actual, objectiva e socialmente empenhada, que tivesse como referência os contributos da ciência e da filosofia e as leis da evolução histórica

Feliciano de Castilho
Cortesia depedraformosa
A Questão Coimbrã

Em 1865, António Feliciano de Castilho, mentor de um grupo de escritores da geração ultra-romântica portuguesa, teceu grandes elogios a duas obras de poetas ultra-românticos, D. Jaime, de Tomás Ribeiro (1863) e Poema da Mocidade, de Pinheiro Chagas (1865), ao mesmo tempo que fazia comentários depreciativos em relação à poesia de Antero de Quental e de Teófilo Braga, dois jovens poetas que despontavam na cena literária.
Estes dois últimos pertenciam a um grupo de estudantes de Coimbra que se encontrava longe dos meandros do poder político e da corte literária de Castilho e tinha concepções literárias opostas ao ultra-romantismo. Tanto um como o outro responderam a Castilho de um modo desabrido e contundente, desencadeando polémica nos meios literários. Muitos escritores se envolveram na questão, uns a favor de Castilho, outros alinhando com os poetas conimbricenses.


Cortesia de purl e lutadoresdarepublica
Para os novos intelectuais (a chamada Geração de 1870), atentos às ideias e acontecimentos europeus e actualizados do ponto de vista estético, científico e filosófico, a arte, e sobretudo a poesia, devia contribuir para a mudança das mentalidades com vista à realização da revolução social. Defendiam, para o efeito, uma poesia actual, objectiva e socialmente empenhada, que tivesse como referência os contributos da ciência e da filosofia e as leis da evolução histórica.

A Geração de 1870
Cortesia de rakumis
A Questão Coimbrã, tal como as Conferências do Casino, inserem-se num processo mais vasto de liquidação do subjectivismo e sentimentalismo ultra-romântico, de combate à influência do catolicismo e de desgaste do regime político vigente (monarquia constitucional). A Geração de 1870 deu um contributo fundamental à renovação da cultura e da mentalidade portuguesas do século XIX, deixando trabalhos marcantes nos campos da literatura, do pensamento e da história, entre outros.

Cortesia de portugaltchat/JDACT