sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ramalho Ortigão: «Não, a vida não é uma festa permanente e imóvel, é uma evolução constante e rude. O escritor plástico»


Caricatura de Bordalo Pinheiro
(1836-1915)
Porto
Cortesia delagash  

José Duarte Ramalho Ortigão foi um escritor português. Dedicou-se ao jornalismo, na função de crítico literário, e à produção de folhetins no «Jornal do Porto».
Matriculou-se com a idade de catorze anos no curso de Direito da Universidade de Coimbra, começando a leccionar francês no colégio dirigido por seu pai, o Colégio da Lapa, pouco tempo depois e no qual lhe sucedeu em 1860.
Interveio na célebre Questão Coimbrã (1865), defendendo António Feliciano de Castilho, por meio do folhetim «Literatura de Hoje» batendo-se em duelo com Antero de Quental em razão disso.
Em 1868 veio para Lisboa como oficial da secretaria da Academia de Ciências, estabelecendo uma ligação com Eça de Queirós e com o grupo das Conferências do Casino. Em 1870 começa a publicação, no «Diário de Notícias», em folhetins, do Mistério da Estrada de Sintra, em parceria com Eça. Este convívio com Eça deve ter conduzido à sua adesão ao realismo.

Cortesia de stellapsicanalise
Desde 1871 começa a publicar com Eça, «As Farpas», definidas como panfletos de oposição social e política pelo riso que são publicadas mensalmente. Ramalho Ortigão edita, mais tarde (de 1887 a 1891), «As Farpas», por temas. Nestes escritos salienta-se o pendor didáctico da sua sátira política e social dentro do critério positivista mas sem renunciar aos valores patrióticos, a que acedeu, deixando o seu inconformismo revolucionário, e que o tornou figura de destaque na geração nacionalista que conduziu ao Integralismo Lusitano.
A partida de Eça levou-o a ser mais influenciado por Téofilo Braga.

Para além da crítica humorada, que leva a cabo em As Farpas, é de salientar a autoria de livros de viagens como, por exemplo, A Holanda (1885) e John Bull (1887) em que capta uma grande variedade de cores, feitios e movimentos do mundo dos sentidos em feiras e arraias e também em locais pitorescos e que fazem dele um «escritor plástico». Importante referir ainda o notável e intuitivo dom de crítica de arte, o primeiro que aparece em Portugal, e que é patente em muitas páginas dos seus livros, como na sua obra O Culto da Arte em Portugal, de 1896.



Cortesia de tlaxcala, purl e arteeletra
Obras
  • O Mistério da Estrada de Sintra (com Eça de Queirós);
  • 1870-71 - Correio de Hoje;
  • Em Paris;Biografia de Emília Adelaide Pimentel;
  • 1871-72 - As Farpas (com Eça de Queirós);
  • 1871-1882 - As Farpas;
  • 1875 - Banhos de Caldas e Águas Minerais;
  • 1876 - As Praias de Portugal;
  • Teófilo Braga: Esboço Biográfico;
  • Notas de Viagem;
  • Pela Terra Alheia: Notas de Viagem;
  • A Lei da Instrução Secundária na Câmara dos Deputados de Portugal;
  • 1883 - A Holanda;
  • 1887 - John Bull - Depoimento de uma testemunha acerca de alguns aspectos da vida e da civilização inglesa;
  • 1896 - O Culto da Arte em Portugal;
  • 1908 - D. Carlos o Martirizado;
  • 1911-14 - Últimas Farpas;
  • 1914 - Carta de um Velho a um Novo.
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