terça-feira, 4 de janeiro de 2011

TEMÁTICA, Igrejas Monumentais: A Catedral de Milão. «A geometria do Duomo foi preservada numa edição de Vitrúvio, publicada em 1521. A elevação triangular dos corte transversal da catedral é mostrada em superposição a círculos concêntricos em que o quadrado e o hexágono são desenhados, demonstrando a relação da elevação com o Ad Quadratum do plano básico»

Cortesia de turismomilano e  interatasquarespace

A Catedral de Milão, Duomo di Milano, situa-se na praça central da cidade de  situa-se na praça central da cidade de  situa-se na praça central da cidade de  situa-se na praça central da cidade de  situa-se na praça central da cidade de  situa-se na praça central da cidade de  situa-se na praça central da cidade de Milão, na Lombardia, no norte da Itália. É a sede da Arquidiocese de Milão e uma das mais célebres e complexas edificações em estilo gótico da Europa.

A catedral é imensa, com 157 m de comprimento e 109 m de largura. O interior tem cinco naves com uma altura que chega aos 45 metros, divididas por 40 pilares. Possui um transepto com três naves.
A construção do edifício começou em 1386 sob a iniciativa do arcebispo Antonio da Saluzzo, num estilo gótico tardio de influência francesa e centro-europeia, distinto ao estilo corrente na Itália de então. Os trabalhos foram apoiados pelo senhor da cidade, o duque Gian Galeazzo Visconti, que impulsou a obra através de facilidades fiscais e promoveu o uso do mármore de Candoglia como material de construção. A obra avançou rápido, e em 1418 o altar-mor da catedral foi consagrado pelo Papa Martinho V. Já em meados do século XV a parte leste (abside) da igreja estava completa. A partir desta data, porém, as obras prosseguiram lentamente até fins do século XV.

Madonnina do Perego
Cortesia de turismomilano 
Entre 1500 e 1510 a cúpula octagonal do cruzeiro foi completada e o interior foi decorado com várias séries de estátuas. Porém, a fachada oeste do edifício permaneceu ainda inacabada. Em 1577 a catedral foi consagrada novamente pelo arcebispo Carlos Borromeu. Apenas no século XVII a fachada foi construída em estilo maneirista. Em meados do século XVIII completou-se a parte externa da cúpula, onde foi colocada a estátua da Madoninna em 1744.


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Em 1805, por iniciativa de Napoleão, que havia invadido a Itália, as obras foram recomeçadas. Nessa época a fachada principal e grande parte dos detalhes exteriores, como os pináculos, foi completada numa mistura de estilos, entre o neogótico e o neobarroco. Apenas em 1813 foi as obras foram dadas por concluídas, mais de quatrocentos anos após o início das obras. A catedral é um importante ponto turístico de Milão, e do alto do seu terraço é possível vislumbrar toda a cidade.


A catedral no século XVIII
Cortesia de  purl
NOTA:
A catedral gótica, que sempre teve réplicas de metal comercializadas aos turistas, ficou mais famosa após o Domingo, 13 de Dezembro de 2009, quando Silvio Berlusconi foi atingido com uma réplica do domo. As réplicas da catedral bateram recordes de venda e esgotaram-se nas lojas, sendo a maioria dos clientes esquerdistas ou opositores ao governo do primeiro-ministro. A reprodução da sua forma gótica e pontiaguda, com 136 pontas de mármore, explica a gravidade dos ferimentos ocasionados ao político em causa.

Cortesia de ogloboglobo
Segundo a opinião de António Rocha Fadista:
«O caso da construção da Catedral de Milão, IL Duomo, é de extrema importância no estudo da geometria sagrada. Ele interessa em dois sentidos, o documental e o simbólico. A Catedral de Milão foi fundada em 1386 e, por essa razão, estava no centro de um encarniçada controvérsia relativa a que forma de geometria sagrada deveria ser utilizada: ad quadratum ou ad triangulum. Um grande número de peritos reuniu-se a fim de determinar o que seria feito na construção dessa obra-prima potencial. Talvez por causa da grande quantidade de peritos, desenvolveu-se entre os adeptos de um e de outro sistema uma encarniçada discussão.
Sabe-se que já em 1321, durante a construção do domo da catedral de Siena, os cinco inspectores escolhidos para examinar a construção objectaram contra a continuação da obra «porque, se terminada como foi iniciada, ela não teria as medidas de comprimento, largura e altura que as regras previam para a igreja». Uma disputa similar se verificou a respeito da construção da Catedral de Milão.

Cortesia de interatasquarespace 

Catedral de Milão é considerada uma obra-prima da arquitetura gótica tardia. Recentemente, a estrutura foi algo «sacudida» pelas vibrações dos automóveis, dos autocarros e do metropolitano que circulam ao redor.
A construção da Catedral foi iniciada em 1386 por ordem de Gian Galeazzo Visconti, que conquistara influência na cidade de Milão. Nenhum outro edifício tão grandioso foi construído na Lombardia durante séculos, e logo os maçons experientes, encarregados do projecto, defrontaram-se com sérios problemas. O lado teórico da geometria sagrada, segundo a qual o edifício deveria ser construído, se atolou numa discussão aparentemente insolúvel.
Inicialmente, a planta baixa da catedral foi desenhada de acordo com o ad quadratum, baseado no quadrado e no quadrado duplo, com uma nave central pronunciada, e naves laterais de igual altura. Essa planta, foi logo abandonada e foi substituída pelo ad triangulum, para a elevação. Foi aí que os problemas começaram. A altura de um triângulo equilátero, a base do ad triangulum é incomensurável com o lado do mesmo triângulo. Colocá-lo sobre uma planta baixa baseada no ad quadratum seria transformar a geometria sagrada e todas as proporções da elevação num plano completamente errado.

A fim de retornar à lógica da geometria sagrada, foi chamado um matemático de Piacenza, Gabriele Stornaloco. Ele recomendou um arredondamento da altura das naves, de 83,138 braccia (braças), para 84 braças, que poderia ser facilmente dividida em seis unidades de 14 braças. Embora fosse aceitável em princípio, o esquema de Stornaloco foi posteriormente modificado, produzindo-se uma dedução na altura e trazendo-se a catedral para mais perto dos princípios clássicos. O Mestre Maçom alemão, Heinrich Parler enfureceu-se, segundo as crónicas, com esse compromisso de medida verdadeira. Os protestos levaram-no a demitir-se  do posto de consultor, em 1392. Em 1394, Ulrich von Ensigen veio da cidade de Ulm como consultor, mas ficou apenas seis meses em Milão. Os maçons da Lombardia lutaram entre si até 1399, cada qual defendendo a sua tese, quando Jean de Mignot foi chamada da França, para supervisionar as obras.

Cortesia de interatasquarespace
Mignot também não ficaria no cargo por muito tempo. As críticas aos princípios maçónicos locais foram tão pesadas que um comité foi chamado para discutir os pontos que ele levantou. Uma tal ignorância dos princípios geométricos e mecânicos góticos foi demonstrada pelos maçons lombardos, que eles tentaram argumentar que os arcos pontiagudos não poderiam justificar a geometria aberrante pretendida para o edifício. Exasperado, Mignot disse: «Ars sine scientia nihil est» (A arte não é nada sem a ciência). Recebeu a seguinte réplica dos maçons de Milão: «Scientia sine arte nihil est» (A ciência não é nada sem a arte).

http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S1984-45062008000200002&script=sci_arttext (Simmetrie euritmiate: Milan's Duomo thru the view of Cesare Cesariano)

A geometria do Duomo foi preservada numa edição de Vitrúvio, publicada em 1521. Ela mostra o plano e a elevação da catedral como uma ilustração dos princípios vitruvianos. Só esta ilustração é uma prova da unidade essencial dos sistemas clássicos e maçónicos da geometria sagrada. O esquema apresentado (imagem em baixo) baseia-se no rhombus ou vesica. A elevação triangular dos corte transversal da catedral é mostrada em superposição a círculos concêntricos em que o quadrado e o hexágono são desenhados, demonstrando a relação da elevação com o ad Quadratum do plano básico. Essa exposição da geometria sagrada maçónica de uma catedral é indicativa da atitude modificada diante dos mistérios antigos exibidos pelos escritores da Renascença. Ela se encaixa perfeitamente na tradição de Matthaus Roriczer, um maçom que revelou a sua arte, quebrando seu juramento de sigilo. Roriczer, que morreu em 1492, pertencia à terceira geração de uma família que servia de mestres maçons na Catedral de Regensburg. Matthaus era o Mestre de uma Loja onde fora projectada e executada toda a obra de construção, e assim era o responsável por todas as molduras e entalhes, pelo esboço e pelo desenho definitivo. Embora sendo um maçom, e estivesse preso ao juramento de não divulgar os mistérios maçónicos aos não-iniciados, ele deu um grande passo com a publicação de detalhes anteriormente ocultados nos livros de anotações da Lojas Maçônicas Operativas.

Cortesia de revistasuspsibi

O Maçom Operativo, equipado com esse diagrama, podia tomar uma dimensão como ponto de partida e como ela, utilizando-se de régua e compasso, a geometria chega ao plano do tamanho natural, desenhado sobre um «piso de decalque» de gesso, fazendo-se em seguida os gabaritos de madeira, segundo os quais as pedras finais eram cortadas e talhadas. A geometria, diferentemente da medida, é auto-reguladora, e quaisquer erros podem ser identificados de imediato. Seja qual for o tamanho do quadrado inicial, todas as partes do pináculo estão relacionadas a ele, em proporção natural. Como as dimensões do quadrado original poderiam ter sido derivadas como uma função da geometria global da igreja, o tamanho do pináculo estava relacionado harmoniosamente com o todo.

Cortesia de turismomilano

Sobre a Catedral de Milão, acrescento, por último, que foi construída sobre as bases de um templo romano. Na entrada da Catedral fica a escada que leva às escavações feitas no seu subsolo. Nestas escavações, podem ser vistos ainda os restos do antigo templo, bem como as relíquias que o decoravam». In António Rocha Fadista, A Catedral Gótica de Milão.

Cortesia de Turismo Italiano/Arnaldo Interata/wikipedia/JDACT