domingo, 2 de janeiro de 2011

TEMÁTICA, a Maçonaria: Parte II. Oliveira Marques sobre a Maçonaria. «A Maçonaria pretende construir o futuro da Humanidade, tornando-a melhor. Esta definição básica surge nos textos constitucionais da Maçonaria em todo o mundo. A Constituição da Maçonaria portuguesa de 1926 definia-a como «uma instituição essencialmente humanitarista, procurando realizar as melhores condições de vida social»

Cortesia de oliveiramarquestripod

O que é a Maçonaria
«Não possui a Maçonaria leis gerais nem livro santo que a definam ou obriguem todo o maçon através do Mundo. Não sendo uma religião, não tem dogmas. Em cada país e ao longo dos séculos, estatutos numerosos se promulgaram e fizeram fé para comunidades diferentes no tempo e nos costumes. Mas isso não obsta a que a Maçonaria possua certo número de princípios básicos, aceites por todos os irmãos em todas as partes do globo. É essa aceitação, aliás, que torna possível a fraternidade universal dos maçons e a sua condição de grande família no seio da Humanidade, sem que, no entanto, exista uma potência maçónica à escala mundial nem um Grão-Mestre, tipo Papa, que centralize o pensamento e a acção da Ordem.

Cortesia de oliveiramarquestripod

Construção
Vejamos o seu nome. Maçonaria vem provavelmente do francês «Maçonnerie», que significa uma construção qualquer, feita por um pedreiro, o «maçon». A Maçonaria terá assim, como objectivo essencial, a edificação de qualquer coisa. O maçon, o pedreiro-livre em vernáculo português, será portanto o construtor, o que trabalha por erguer um edifício.
Mas construir o quê? Lembramo-nos de ter visto, em Abril de 1973, numa cidade da Suíça, um grande cartaz publicitário que tanto se poderia aplicar à profissão de pedreiro (aquilo a que a história da Maçonaria chama a Maçonaria operativa) como à condição de maçon (a Maçonaria especulativa). O cartaz representava um homem com uma trolha de pedreiro dirigindo-se ao público e proclamando:
  • «Bâtis ton avenir! Deviens maçon!», ou seja: «constrói o teu futuro! Torna-te pedreiro!».
A definição era perfeita. O maçon pretende construir o seu próprio futuro, tornando-se melhor. A Maçonaria pretende construir o futuro da Humanidade, tornando-a melhor.

Cortesia de ascendenswordpress
Esta definição básica surge nos textos constitucionais da Maçonaria em todo o mundo, embora expressa em formas diferentes. A Constituição da Maçonaria portuguesa de 1926 definia-a como «uma instituição essencialmente humanitarista, procurando realizar as melhores condições de vida social» (artigo 1.º). A constituição do Grande Oriente Português, Supremo Conselho da Maçonaria ao norte de Portugal (cismático), definia-a, em 1895, como «uma instituição secreta e ritualista que, sem servir classe determinada, tem por fim servir praticamente, pela comunhão de esforços dos seus adeptos, o melhoramento e aperfeiçoamento das condições materiais, morais e intelectuais da sociedade» (artigo 1.º). A de 1840 definia-a como «uma associação de homens livres que tem por fim o exercício da beneficência, a prática de todas as virtudes e o estudo da moral universal, das ciências e das artes» (artigo 1.º), estipulando (artigo 9.º, n.º 3.º) como um dos principais deveres do maçon «fugir à ociosidade e trabalhar assiduamente na ilustração do género humano». E outras muitas formas se encontrariam». In A. H. Oliveira Marques, A Maçonaria Portuguesa e o Estado Novo, Publicações Dom Quixote, 2ª Edição 5 O 797, Maio 1983.

Cortesia de Publicações Dom Quixote/JDACT