quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sónia Louro: A Vida Secreta de D. Sebastião. «Pensei em pedir ao meu músico, Domingos Madeira, que cantasse para animar a tripulação e, se da boca das crianças sai sempre a verdade, da dos poetas também, mas num e noutro caso nunca reconhecemos a voz do profeta»

Cortesia de vouestaraquiaroucaonline

O Livro do Rei.
«É um dedilhar melancólico, as notas arrumadas em acordes tristes, fúnebres e por isso premonitórios que ainda ouço por vezes de noite. Não são os gritos dos meus soldados, que estes já se confundem com os de outros homens de outras batalhas. Estávamos algures entre Cales e Tânger, no dia 7 de Julho de 1578. O vento era próspero permitindo que os navios seguissem muito chegados de velas desfraldadas. De longe pareciam uma cidade flutuante... Os sobreviventes recuperados da Atlântida. Não, éramos apenas os perdidos, mas ainda não o sabíamos, pois as trombetas, pífaros e tambores que tocavam de toda a parte toldavam-nos os pensamentos, assim como o ar quente e pesado. De proa apontada para a costa da Berbéria, a cadência das ondas repetitiva ameaçava quebrar o bom humor dos homens assaltados pela monotonia. Pensei em pedir ao meu músico, Domingos Madeira, que cantasse para animar a tripulação e, se da boca das crianças sai sempre a verdade, da dos poetas também, mas num e noutro caso nunca reconhecemos a voz do profeta. Se não, atentai na moda que o meu músico me cantou quando lho pedi:
  • «Ayer era rey de España, hoy no lo soy de una villa; ayer villas y castillos, hoy ninguno poseía: ayer tenía criados y gente que me servia, hoy no tengo ni una almena que pueda decir que es mía. Desdichada fue la hora desdichado fue aquel dia en que nací y heredé la tan grande señoría, pues lo había de perder todo junto y en un día! Oh muerte!, por qué no vienes y llevas esta alrna mía de aqueste cuerpo mezquino, pues se te agradecería?». Música de uma lenda sobre D. Rodrigo, o último rei dos Godos, segundo o frade Bernardo da Cruz, Chronica D’el-rei D. Sebastião.
E ainda dedilhado nos gemidos tristes de uma guitarra, que pior agouro poderia eu querer? E acaso haveis reparado que era em Castelhano que ele cantava?

Cortesia de eb23-mdtconceicaosilva.rcts

Não haveria profeta capaz de me demover se nem mesmo a Deus eu dera atenção com todos os sinais que Ele me enviara. «Ayer era rey de España, hoy no lo soy de una villa», cantava-me Domingos Madeira, e até poderia ter sido: «Hoy soy rey de Portugal, y in un mes no lo serié de una villa». E o efeito em mim teria sido o mesmo: nenhum.
O que chamaríeis a um homem que, apesar de todos os conselhos, todas as vozes contra, todos os indícios desfavoráveis, permanece na sua ideia? Teimoso? Voluntarioso? Mimado, por certo? Louco? Com certeza. E afinal não morreu louca a minha bisavó ganhando para a posteridade esse cognome: Joana, a Louca? O meu primo D. Carlos também morrera insano. A loucura estar-me-ia no sangue, pensareis. Estais correcto, mas não mais do que no vosso, pois nunca tivésteis vós um sonho que quisésseis perseguir para além de tudo? Por certo. Dir-me-eis que eu era rei, que deveria ter pensado no meu reino primeiro. Tendes razão. Mas antes de ser rei, nasci constituído pela mesma essência que compõe o vosso corpo, a mesma matéria frágil e quebradiça que ergue o nosso esqueleto e a idêntica substância etérea que o faz caminhar: os sonhos.
Mas porquê fixar-me nos meus familiares loucos, se os tenho bravos também: Carlos V de Espanha, Maximiliano I de Áustria, Filipe, o Atrevido, João, Sem Medo, Carlos, o Temerário. E que maravilhosos cognomes lhes deram! Os inteligentes: D. João II, o Príncipe Perfeito, e D. Manuel, o Venturoso. E ainda os tenho santos: Humberto III, o Santo Saboiano e Luís IX de França, São Luís. Que herança mais dignificante me corria nas veias e fazia o meu sangue revolver-se de puro orgulho. Quantos mais homens no mundo, de ontem, de hoje ou de quando quiserdes, tiveram tanto somatório de glórias dentro de si? Só eu!... Pensando melhor, o meu primo Carlos de Espanha também, mas esse era louco.


Cortesia de saidadeemergencia

Os meus erros, infelizmente, serão mais notados do que os vossos, e no entanto, disponho do mesmo conhecimento do futuro que vós, a mesma incerteza perante o mundo que vós. Nasci homem como vós. Enfim, eu e vós somos iguais, mas ainda assim esperáveis mais de mim. Eu também!
Não julgueis que quero deste modo que me desculpeis. As culpas que carrego, o peso que sinto nos ombros é grande, mas só meu. Culpas que ninguém conhece, que vos contarei e ainda assim ireis duvidar. Não vos censuro, a alma humana é mesmo assim.
Como escreveu Camões, o poeta, e por isso, como vimos também, profeta, porque um e outro se confundem, já que na rima daqueles nascem inesperadas verdades:

«E lá vos têm lugar no fim da idade,
No Templo da suprema eternidade»

Ele estava certo, que na altura pensei que seria por motivos diferentes. Muitas culpas me atribuíram, mais me hão-de dar ao longo dos tempos, sempre... Mas foram elas que me deram um lugar eterno na suprema eternidade. Nada mais do que culpas. Culpas na minha consciência e culpas na memória eterna de um povo. E por elas que me conhecem. São elas que me sustentam.

Culpais-me do domínio espanhol, não vos tiro a razão, mas pelo menos atrasei-o por mais de vinte anos. Achais pouco? Eu também. Mas ainda assim dai-me esse valor, por favor. Sem mim o domínio espanhol era certo, comigo foi-o também, mas eu dei-vos esperança para além da minha vida. Achais pouco de novo? Eu também. Queria ter-vos dado o mundo, mas é a esperança que sustenta um povo.
«Desdichada fue la hora, desdichado fue aquel dia en que naci», cantava Domingos. Então comecemos por aí, pelo dia em que tudo se começou a perder, o dia em que a independência de um reino repousava intranquila nos gritos de uma parturiente, o dia em que nasci». In Sónia Louro, A Vida Secreta de Dom Sebastião, Saída de Emergência 2008, ISBN 978-989-637-065-7.

Cortesia de Saída de Emergência/JDACT

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Miguel Barceló: «O artista espanhol vivo mais quotizado ao ser adjudicada a obra «Faena de Muleta (1990) pela cifra recorde de 3,96 milhões de libras, aproximadamente 4,4 milhões de euros»

Cortesia de elpais
O pintor Miguel Barceló, é o artista espanhol vivo, nasceu em 1957, mais quotizado ao ser adjudicada a obra «Faena de Muleta (1990) pela cifra recorde de 3,96 milhões de libras, aproximadamente 4,4 milhões de euros (cerca de 6,3 milhões de dólares) segundo a Casa Christie's de Londres.  O artista espanhol anteriormente mais quatizado era António López, nascido em 1936, cuja obra «Madrid das Torres Brancas» foi vendida  na mesma casa londrina em 2008 por 1,38 milhões de libras.
Faena de Muleta, é o exemplo mais importante da série de Barceló sobre o mundo dos toiros e das corridas tauromáquicas.



Cortesia de El País/JDACT

Tuba Project: 29 de Julho de 2011. Auditório. Fundação Oriente. «Uma autêntica celebração das virtudes do jazz»

Cortesia de foriente

Tuba Project.
Alex Harding (saxophone barítono), Bruce Williams (saxophone alto), Lucian Ban (piano), Derrek Phillips (bateria), Bob Stewart (tuba).
O Museu do Oriente vai ser palco de um dos dois concertos de estreia em Portugal do grupo romeno-americano Tuba Project. O conjunto foi criado em Nova Iorque, há uma década, pelo pianista Lucian Ban e o saxofonista Alex Harding, tendo como «star» o tubista Bob Stewart.
Os Tuba Project propõem uma música exuberante, vital, policromada, solidamente ancorada em raízes jazzísticas afro-americanas, numa mistura original com inserções provenientes da latinidade oriental. De ponto de vista estilístico, trata-se de uma expressão requintada do eclectismo pós-moderno, conjugando elementos de avant bop, blues, groove, surpreendentes reviravoltas frásicas da estética de Thelonious Monk, mas também assimetrias rítmicas e a frescura da percepção acústica cárpato-danubiana. O resultado é um espectáculo de uma fervente comunhão entre músicos e espectadores, uma autêntica celebração das virtudes do jazz. Além do virtuosismo individual, os membros do quinteto superam-se igualmente no que toca à interacção durante o processo de improvisação ao vivo.

O pianista Lucian Ban é o primeiro jazzman romeno consagrado na pátria do jazz. Entre os seus êxitos, concretizados em digressões transcontinentais e álbuns discográficos, destacam-se as colaborações com músicos de prestígio tal como:
  • Barry Altschul,
  • Sam Newsome,
  • Mat Maneri,
  • ( ... )
  • Brad Jones,
  • Badal Roy entre outros.
O pianista, compositor e arranjista, nascido na Roménia, manifestou a sua criatividade não apenas integrando as suas bandas nova-iorquinas, Tuba Project, Elevation, Asymmetry, mas também através de obras de envergadura, concebidas enquanto síntese entre o ethos musical romeno e o espírito universalista do jazz.

Cortesia de corneliastreetcafe

Bob Stewart é o «reformador da tuba», que conseguiu levar o pesado instrumento para o primeiro plano da actualidade jazzística, dotando-o de flexibilidade e destacando a sua expressividade. A lista das suas colaborações assemelha-se a um verdadeiro Hall of Fame. Por seu turno, Alex Harding brilha através de outros dois instrumentos do registo grave, saxofone barítono e clarinete-baixo. As suas colaborações enquadram-se no mesmo registo de excelência.
O grupo completa-se com o contributo de Bruce Williams, no saxofone-alto, (com estágios nos famosos World Saxophone Quartet, Count Basie Orchestra, Roy Hargrove Group ou Lincoln Center Jazz Orchestra) e com Derrek Phillips, na bateria, um mestre da percussão que acompanha a cantora Norah Jones e colabora de perto com os saxofonistas Joshua Redman e Sam Newsome.
Ao descrever o álbum Tuba Project, editado em 2006 pela americana CIMP RECORDS, o crítico Budd Kopman escreveu na All About Jazz:
  • «Com Tuba Project, o pianista Lucian Ban e o baritonista Alex Harding criaram um álbum rouco, bluesy, vigoroso e, por vezes, arrebatador. Tendo ao seu lado o maior representante da tuba no jazz, o famoso Bob Stewart, os cinco conseguiram um álbum fora do comum ...». In Fundação Oriente.
Cortesia de Fundação Oriente/JDACT

Jorge Santos Alves: O Domínio do Norte de Samatra. «Entalada entre sínteses sobre as redes comerciais-marítimas do mundo sueste-asiático e os estudos sobre essa espécie de protótipo político-económico e social do sultanato malaio que é o sultanato de Malaca, aquela região não logrou ainda ganhar uma identidade e um espaço historiográfico próprios»

Cortesia dehideportugal

Preâmbulo
«A história do norte de Samatra nos séculos XV e XVI não tem merecido cuidado especial por parte da historiografia da Ásia do Sueste. Entalada entre sínteses sobre as redes comerciais-marítimas do mundo sueste-asiático e os estudos sobre essa espécie de protótipo político-económico e social do sultanato malaio que é o sultanato de Malaca, aquela região não logrou ainda ganhar uma identidade e um espaço historiográfico próprios. Essa identidade e espaço serão sem dúvida mais fáceis de obter quando o norte de Samatra for convenientemente integrado no complexo espacial, habitualmente designado pelas categorias históricas e geográficas como Estreito de Malaca. O primeiro objectivo deste estudo, cuja versão inicial constituiu a nossa dissertação de mestrado em História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa, na Universidade Nova de Lisboa (1992), é pois o de procurar um lugar próprio para a história do norte de Samatra no panorama da historiografia da Ásia do Sueste.

Cortesia de aquitailandia

Trabalhando a partir de um quadro bibliográfico tão vasto e actualizado quanto possível, e sobretudo a partir das fontes que em seguida passaremos em revista, a primeira tarefa consistia em dotar de sólidas cronologias as histórias dos sultanatos de Samudera-Pacém e Achém, sem dúvida as duas unidades políticas mais influentes na região norte de Samatra, nesta época. Em segundo lugar, procurar compreender estes dois sultanatos como sociedades e como modelos de governo, e organizações económicas, vincando o seu lugar em contextos gradualmente mais alargados: primeiramente no contexto regional do norte de Samatra, em seguida no contexto do Estreito de Malaca e, por fim, no quadro asiático do século XVI.

Por último, ao tentar compreender os processos políticos e sócio-económicos destes sultanatos do norte de Samatra, levantar-se-á a questão do domínio sobre esta região. Tudo indica que a luta por uma hegemonia no norte de Samatra, neste período histórico pelo menos, transcendia o âmbito das disputas entre Estados, como normalmente tem sido apresentado, para se elevar ao plano de um conflito essencial entre modos de vida, entre culturas políticas, entre malaios e estrangeiros afinal. Postos os problemas nestes termos, talvez este estudo possa auxiliar a um melhor entendimento do trajecto dos sultanatos malaios, em geral, numa época de transformações maiores como foi o século XVI.

Cortesia de appbras 

A historiografia dos descobrimentos e da expansão portuguesa, por seu turno, nas ocasiões em que se dedicou aos mares da Insulíndia nos séculos XVI e XVII, negligenciou quase sempre os contactos portugueses com os estados do norte de Samatra (Samudera-Pacém e Achém especialmente); esqueceu até a existência de um estabelecimento (fortaleza e feitoria) da Coroa em Samudera-Pacém, entre 1521e 1523.

Ao falar-se do relacionamento histórico dos portugueses com o norte de Samatra não pode deixar de evocar-se uma questão liminar, intimamente soldada com aspectos metodológicos. O contraste das fontes portuguesas (e outras europeias) com as fontes malaias (e outras asiáticas) apresenta-se como a via mais apropriada para contornar algumas refracções que derivam da excessiva proximidade em relação aos textos dos cronistas ultramarinos portugueses. A mais perigosa destas refracções parece mostrar que os ritmos da vida política e económica das sociedades asiáticas, e neste caso também das do norte de Samatra, se determinavam principalmente em função do impacte provocado pela presença e actividades dos portugueses. Era como se aquelas sociedades possuíssem apenas dois rostos: o dos adversários dos portugueses (em regra poderes e mercadores muçulmanos) e o dos seus aliados (por norma as comunidades de mercadores "gentios", isto é não-muçulmanos). Ora, as sociedades contactadas pelos portugueses durante o seu processo expansionista no Oriente eram realidades bem mais complexas do que transparece nas fontes portuguesas, nas quais os jogos da política e dos negócios, sobretudo estes, sentavam à mesa numerosos e experientes jogadores. Assim sucedeu igualmente no norte de Samatra». In Jorge Manuel dos Santos Alves, O Domínio do Norte de Samatra, 1500-1580, Sociedade Histórica da Independência de Portugal, 1999, ISBN 972-9326-19-3.

Cortesia de SHI de Portugal/Fundação Oriente/JDACT

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A Muralha de Adriano: «A muralha foi erguida sobre a terra, em aparelho maciço de pedra e turfa, com 4,5 metros de altura por 2,5 metros de largura. O seu topo era percorrido por uma estrada de 1 metro de largura, com o fim de facilitar as comunicações e os transportes»


Muralha de Adriano perto de Greenhead Lough, Escócia
 
Cortesia de wikipedia e dearchitectura

«A Muralha de AdrianoVallum Aelium, é uma fortificação construída em pedra e madeira, situada  no norte da Inglaterra, na altura aproximada da actual fronteira com a Escócia. É assim denominada em homenagem ao imperador romano Públio Élio Trajano Adriano.
O Império Romano encontrava-se em expansão militar no século II. Porém, o imperador Adriano compreendeu que a manutenção dessa expansão em todas as direcções do Império era inviável. Conhecendo a ameaça naquela fronteira, optou por manter o que já havia sido conquistado. Determinou assim iniciar uma muralha, estrutura defensiva com a função de prevenir as surtidas militares das tribos que habitavam a Escócia, os Pictos e os Escotos, denominados de Caledónios pelos romanos, e que assinalava o limite ocidental dos domínios do Império, sob o reinado daquele imperador.



Cortesia de wikipedia, jigsaw e oficinadelatim
Concluída em 126, constitui-se na mais extensa estrutura deste tipo construída na história do Império Romano. Originalmente estendia-se por cerca de 80 milhas romanas, equivalentes a 73,5 milhas, cerca de 118 quilómetros, desde o rio Tyne até ao Oeste da Cúmbria. Para a construção foi «utilizada a mão-de-obra dos próprios soldados das legiões romanas». Cada «centúria» era obrigada a levantar a sua parte da muralha. A muralha foi erguida sobre a terra, em aparelho maciço de pedra e turfa, com 4,5 metros de altura por 2,5 metros de largura. O seu topo era percorrido por uma estrada de 1 metro de largura, com o fim de facilitar as comunicações e os transportes. A cada distância determinada havia uma torre de observação, e a cada distância maior existiam quartéis para as tropas de guarnição.

As ruínas ainda podem ser vistas por vários quilómetros, como o troço na altura de Greenhead, ainda que largas secções tenham sido desmanteladas ao longo dos séculos para aproveitamento da pedra em várias edificações vizinhas ao seu percurso, como a da Igreja de Carlisle.



Cortesia de wikipedia e turismoaonossoredor  


Cortesia de Wikipédia/JDACT

domingo, 26 de junho de 2011

A. H. Oliveira Marques. A Sociedade Medieval Portuguesa: A Mesa. «O Portugal medievo era um país de coutadas e de baldios. A caça incluía-se entre as principais distracções do nobre e representava para o vilão fonte importante de subsistência. As duas refeições principais do dia eram o jantar e a ceia. A base da alimentação por excelência era a carne»


Cortesia de wikipedia
A Mesa
«Não é fácil dissertar sobre a alimentação dos Portugueses durante a Idade Média. Escasseiam as fontes informativas: o primeiro livro de receitas culinárias que se conhece não é anterior ao século XVI. As descrições de banquetes, colhidas nas crónicas ou noutros textos narrativos, são em geral parcas em notícias concretas sobre os alimentos consumidos: fornecem o pitoresco da forma mas não o rigor do conteúdo. Alguns textos legislativos auxiliam, é certo, o historiador. Mas uma tentativa de reconstituição exige a soma dos elementos mais díspares, obtidos a partir do maior número possível de fontes, das proveniências mais variadas.
De uma maneira geral, a alimentação medieva era pobre, se comparada com os padrões modernos. A quantidade supria, quantas vezes, a qualidade. A técnica culinária achava-se ainda numa fase rudimentar e as conquistas da cozinha romana haviam-se perdido. A condimentação obedecia a princípios extremamente simples.
Do ponto de vista da ciência actual, a alimentação medieva revelava-se deficiente em vitaminas. Feita à base de cereais, de carne, de peixe e de vinho, mostrava falta grande de vitamina D e considerável de A e C. Os resultados destas deficiências traduziam-se por uma débil resistência às infecções, com o consequente progresso fácil das epidemias; por frequentes doenças da vesícula e dos rins (resultado da acumulação de pedra) e dos olhos (cegueira, xeroftalmia), resultado da falta de vitamina A; finalmente, por escorbuto muito comum, devido à deficiência em vitamina C2.

Cortesia de wikipedia

As duas refeições principais do dia eram o «jantar e a ceia». Jantava-se, nos fins do século XIV, entre as dez e as onze horas da manhã; mas nos séculos anteriores, essa hora teria de recuar para as oito ou nove. Ceava-se pelas seis ou sete horas da tarde. No Leal Conselheiro, o rei D. Duarte recomendava que decorressem sete a oito horas entre as duas refeições e que, jantando-se muito, se ceasse pouco, assim como, ceando-se muito, se jantasse pouco no dia imediato. Como ideal de frugalidade, prescrevia-se a ausência de qualquer outro repasto durante o dia. É de supor, contudo, que o progressivo atraso da hora do jantar tivesse implicado, a partir de certa altura, a necessidade de um "almoço" tomado pouco depois do levantar.
O jantar era a refeição mais forte do dia. O número de pratos servidos andava, em média, pelos três, sem contar sopas, acompanhamentos ou sobremesas. Isto, entenda-se, em relação ao rei, à nobreza e ao alto clero. Entre os menos privilegiados ou os menos ricos, o número de pratos ao jantar podia descer para dois ou até um. À ceia, baixava para dois a média das iguarias tomadas; ou para um, nos outros casos indicados. A base da alimentação por excelência era a carne. Ao lado das carnes de matadouro ou carnes gordas, vaca, porco, carneiro, cabrito (na Coimbra do século XII, cotava-se a maior preço a carne de porco e a carne de carneiro gordo, e só depois vinham a vaca e o cabrito; na Évora de 1280, como de 1384, valia a carne de vaca o dobro da de porco e mais do dobro das de carneiro e cabra), consumia-se largamente caça e criação.

Cortesia de wikipedia

O Portugal medievo era um país de coutadas e de baldios. A caça incluía-se entre as principais distracções do nobre e representava para o vilão fonte importante de subsistência. Em mercado, tabelavam-se as carnes de gamo, zebro, cervo, corço, lebre e até urso, entre as gordas; ao lado de uma variedade assombrosa de aves: perdiz, abetarda, grou, pato bravo, cerceta, garça, maçarico, fuselo, sisão, galeirão, calhandra e muitas outras.
A criação não variava muito da de hoje:
  • galinhas,
  • patos,
  • gansos,
  • pombos,
  • faisões,
  • pavões,
  • rolas,
  • coelhos.
Note-se apenas a não existência do peru que só veio para a Europa depois do descobrimento da América. Em caça e criação consistia boa parte dos pagamentos (foros, censos e outras prestações várias) que o vilão era obrigado a fazer ao seu senhor. Tamanha abundância destas peças de carne recebia o nobre que uma lei de 1340 lhe proibiu expressamente a compra delas em mercados. Fabricavam-se também enchidos vários, como chouriços e linguiças.
A forma mais frequente de cozinhar a carne era assá-la no espeto (assado). Mas servia-se também carne cozida (cozido), carne picada (desfeito), e carne estufada (estufado). O badulaque seria uma espécie de caldeirada de carneiro que existia ao menos nos séculos XV e XVI». In A. H. Oliveira Marques, A Sociedade Medieval Portuguesa, Aspectos da Vida Quotidiana, A Esfera dos Livros 2010, ISBN 978-989-626-241-9.

Cortesia de Esfera dos Livros/JDACT

Sophie Milman: Uma «diva» do jazz nascida na Rússia

Cortesia de torontowide










Cortesia de torontolife

JDACT

José Manuel Anes: Fernando Pessoa e os Mundos Esotéricos: «Caeiro foi o Mestre do neopaganismo; Ricardo Reis e António Mora seus discípulos e seguidores. Álvaro de Campos e Bernardo Soares, para além de ele próprio, o Ortónimo, foram os que, apesar de o desejarem, não conseguiram nunca libertar-se das raízes da Igreja de Roma e viveram, por isso mesmo, a angústia constante de não terem aprendido a serenidade dos ensinamentos do seu Mestre Caeiro»

Cortesia de luzparaasluzes

Neopaganismo
«Pessoa sentiu-se também dividido entre a religião de sua mãe, a da Igreja Católica, pela qual foi baptizado e preparado para a Primeira Comunhão, e a religião do seu pai, cristão-novo, de origem judaica, descendente de fidalgos e judeus. Menino e moço, foi o Deus da mãe que o dominou até ter idade de pensar e decidir por si. Em 1905, ao prontificar-se a deixar Durban e regressar a Lisboa, é para casa da avó paterna que decide ir viver, o que poderá significar um reatar os laços perdidos com a família de origem judaica. Sabendo que alguns dos seus antepassados paternos foram cristãos novos e combatentes de campanhas liberais, nomeadamente, o seu avô paterno, o General Joaquim António de Araújo Pessoa, preso pelos absolutistas pelo seu envolvimento nessas lutas liberais. Por eles, sentiu sempre Pessoa grande orgulho em ser um descendente directo; este passado que sempre quis rever, leva-o a entreter-se a desenhar brasões de armas e a percorrer a árvore genealógica até encontrar alguns companheiros do próprio D. Sebastião em África, ou mesmo descendentes de D. Nuno Álvares Pereira.

Cortesia de pecanhaleitao

Datam precisamente de 1905 os primeiros textos onde Pessoa se insurge contra a Igreja Católica. Alguns deles assinados pelas personalidades inglesas C. R. Anon e Alexander Search, outros em seu próprio nome, outros ainda em nome de uma outra personalidade literária, então criada para dar voz a este seu espírito contestatário, que é o poeta satírico, militante republicano, de nome Joaquim de Moura Costa. Esta sua rejeição pela Igreja de Roma, que o levará a definir-se, em 1935, como um cristão gnóstico, motivou-o a acreditar na possibilidade de reconstruir uma nova atitude religiosa, a que chamou de Neopaganismo português. O programa deste movimento neopagão era o de reconstruir o espírito religioso dos efeitos nocivos de que tinha padecido pelo Cristianismo.
A religião pagã é, para Pessoa, a mais natural de todas as religiões. Se a Natureza é plural, como diz Caeiro, então também o neopagão terá de admitir todas as metafísicas como verdadeiras, assim como o pagão aceita a existência de todos os deuses no seu panteão. Religião, por isso, politeísta na sua pluralidade, Pessoa encontrou a especificidade de cada uma das atitudes dos seus heterónimos e semi-heterónimos, como refere Paula Costa.

Cortesia de lasreligiones

Caeiro foi o Mestre do neopaganismo; Ricardo Reis e António Mora seus discípulos e seguidores. Álvaro de Campos e Bernardo Soares, para além de ele próprio, o Ortónimo, foram os que, apesar de o desejarem, não conseguiram nunca libertar-se das raízes da Igreja de Roma e viveram, por isso mesmo, a angústia constante de não terem aprendido a serenidade dos ensinamentos do seu Mestre Caeiro.
Aprender a saúde de espírito do pagão, por oposição à doença e decadência do espírito «cristista», como lhe chamou, foi outra das militâncias de muitas das personagens pessoanas. Através deste estádio neopagão que se desenvolve essencialmente (mas não exclusivamente) entre 1915/6 e 1918/9 (ou mesmo até 1920), Pessoa viu crescer e desenvolverem-se muitos dos seus objectivos esotéricos, ou apetência para o transcendente, oculto e sobrenatural, que num estádio posterior - o gnóstico - se irão realizar». In José Manuel Anes, Fernando pessoa e os Mundos Esotéricos, Ésquilo 2008, ISBN 978-989-8092-27-4.

Cortesia de Ésquilo/JDACT

sábado, 25 de junho de 2011

Arte Pública no Jardim Gulbenkian. Até 30 de Setembro de 2011: «São manifestações de arte pública que pretendem equacionar a importância e pertinência deste tipo de criação. Assim acontece com Cocoon (Casulo), da jovem artista plástica Nandipha Mntambo, nascida na Suazilândia em 1982, que vive e trabalha na África do Sul»


Cortesia de fcg

Arte Pública no Jardim Gulbenkian. Até 30 de Setembro de 2011.
À semelhança do que aconteceu nas edições anteriores de Verão do Próximo Futuro (2009 e 2010), este ano os visitantes do Jardim Gulbenkian são mais uma vez interpelados por um conjunto de novas obras, instalações e esculturas criadas expressamente para este Programa.
São manifestações de arte pública que pretendem equacionar a importância e pertinência deste tipo de criação. Assim acontece com Cocoon (Casulo), da jovem artista plástica Nandipha Mntambo, nascida na Suazilândia em 1982, que vive e trabalha na África do Sul. A obra que criou para o Próximo Futuro envolve a dimensão mágica e estranha da condição humana.


Junto à entrada do edifício que alberga a Biblioteca de Arte vai estar o mural Abrigo Sublocado, do brasileiro Kboco, um artista que se iniciou muito cedo no grafite, usando como suporte os muros de Olinda e Goiânia, onde nasceu.
Noutro ponto do Jardim, descobrimos a instalação However Incongruous, do colectivo indiano Raqs Media, uma peça surpreendente que nos remete para um tempo anterior.

Até 30 de Setembro, oportunidade ainda para desfrutar das sombras proporcionadas pelos Chapéus-de-sol que a arquitecta Inês Lobo concebeu no ano passado para o Jardim Gulbenkian e que este Verão são recuperados, servindo de tela para os desenhos dos artistas Rachel Korman (Brasil), Bárbara Assis Pacheco (Portugal), Isaías Correa (Chile) e Délio Jasse (Angola).
A Tenda de cores fortes, que no ano passado animou uma das margens do lago, também estará de volta ao jardim, desta vez para albergar uma biblioteca de obras de autores sul-americanos e africanos». In Fundação Calouste Gulbenkian.



Cortesia de FCGulbenkian/JDACT

Os Jogos. O Xadrez: Parte VI. Um jogo de perícia e estratégia entre dois adversários. Cada um comanda um exército de 16 peças. A Arte de Caíssa


Cortesia de comunidadeavista

O xadrez é um jogo de perícia e estratégia entre dois adversários. Cada um comanda um exército de 16 peças. Um exército é preto, o outro é branco.
O campo de batalha é um tabuleiro com 64 casas pretas e brancas alternadas. As peças brancas avançam primeiro e, depois, os adversários jogam à vez.

Se tocares, tens de jogar!
Se um jogador tocar numa das suas peças na sua vez de jogar, tem de a mover, se possível. Se tocar numa das do adversário, tem de a capturar, se possível. A sua vez fica concluída quando o jogador larga a peça jogada. Depois disso, não pode mudar de ideias. No caso do roque, o rei tem de ser movimentado primeiro. Se tocar primeiro na torre, o jogador tem de mover apenas essa peça, se possível, e esquecer o roque. Se um jogador fizer roque ilegalmente, a torre e o rei têm de voltar à posição anterior, e o jogador é obrigado a mover o rei, se possível. Se um jogador fizer um lance ilegal (colocando o rei em xeque, por exemplo), tem de recuar e fazer um lance válido com a mesma peça, se possível. Qualquer jogador que pretenda ajustar a posição de uma peça mal colocada deve dizer primeiro «j'adoube».
Se um lance ilegal for detectado mais tarde, a partida deve recomeçar do ponto em que o erro foi cometido. «Pense primeiro! Decida o lance e, depois, jogue».

Cortesia de vidageek

Xeque
Quando um jogador coloca uma peça em posição de ameaça ao rei adversário, diz-se que esse rei está «em xeque». O outro jogador tem de fazer imediatamente uma de três coisas:
  • Mover o rei para uma casa em que não fique em xeque.
  • Capturar a peça atacante.
  • Colocar uma peça entre o rei e a peça atacante, de forma a bloquear o xeque (o que não é possível se a peça atacante for um cavalo, uma vez que pode «saltar»).

Neste exemplo, o rei preto está em xeque por parte da dama branca. As pretas podem mover o rei para qualquer uma das casas a vermelho, capturar a dama branca com a torre ou bloqueá-la com o bispo.

Cortesia de missstarpink


Xeque-mate
Se nenhuma dessas três opções for possível, diz-se que o rei fica «em xeque-mate» e o jogador perde a partida.


Neste exemplo, o rei branco não pode fugir ao xeque da dama preta. Também não pode capturá-la, porque ficaria em xeque por parte da torre. As brancas não podem tirar o rei de xeque, pelo que se trata de um xeque-mate.
As pretas ganham o jogo. O xeque-mate é sempre a sua melhor jogada, porque ganha a partida!
 
In Xadrez, Michael Powell, Kevin Knight, 2004/2005 Tony Publishing, ISBN 978-972-8851-70-5.

Cortesia de Tony Potter Publishing/JDACT

José Régio. Teatro: Introdução ao «Sonho duma Véspera de Exame». Escrita em 1935, representada no ano seguinte por alunos do Liceu de Portalegre e posteriormente reposta, mas só agora publicada e as 34 páginas manuscritas de “Sou um Homem Moral”, cujo primeiro rascunho, começado em 24/6/940 segundo a nota de rosto, ficaria por aí mesmo»

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«De há muito tenho defendido a necessidade de se revelar, estudar e divulgar a «face oculta» da obra de autores consagrados, seja ela consequência de puro esquecimento ou atraso na divulgação, de abandono da criação, ou mesmo, em certos casos, de repúdio e insatisfação do próprio autor. Mesmo incompletos, imaturos ou de menor qualidade, os inéditos devem ser conhecidos: em nada roubam a glória da restante obra:
  • e projectam sobre ela uma luz crítica, por vezes extremamente reveladora e explicativa. Isto, além de se encontrarem, nos inéditos, momentos altos de pura criação.
O Sonho duma Véspera de Exame, escrita em 1935, representada no ano seguinte por alunos do Liceu de Portalegre e posteriormente reposta, mas só agora publicada; e as 34 páginas manuscritas de «Sou um Homem Moral», cujo «primeiro rascunho, começado em 24/6/940» segundo a nota de rosto, ficaria por aí mesmo. Ora, se enquadrarmos o Sonho no contexto da dramaturgia de Régio, verificamos a prioridade cronológica quase absoluta deste singelo exercício teatral.
( … )
Toda esta laboriosa tábua cronológica serve para situar a questão temática e estilística do Sonho duma Véspera de Exame. E nem se diga que essas qualificações, o tema e o estilo, são avantajadas ou desproporcionadas face à circunstância singela da peça. Penso que não é assim:
  • este Sonho, aliás elaborado ao longo de dois meses (Novembro/Dezembro de 35) contém já os sinais implícitos da portentosa, vasta e densa dramaturgia regiana.

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Em primeiro lugar, certa ambivalência entre o real e o onírico, ou, termos mais literários, entre o realismo de base e a projecção simbolizante. O quadro inicial da discussão dos primos estudantes, corresponde ao diálogo e à mentalidade da juventude estudantil provinciana dos anos 30, que o Dr. Reis Pereira tão bem conhecia:
  • O tom algo doutoral e «paternal» (expressão de uma nota de cena) de Luís e o estovamento da «cabeça de vento, e espirra-canivetes», (e como são datadas estas expressões) de João, revelam o convívio profissional com a juventude.
Aliás, a forma como é referido o «épico», e a ênfase dada aos valores culturais e patrióticos d'Os Lusíadas, definem uma situação ideológica adequada à época, mesmo que os valores respectivos, qualidade do poema, amor à Pátria, sejam de sempre.
( … )
Também notável, nesse aspecto, a identificação dos três «juízes» com a «maldita Inquisição, vestidos com o hábito e capuz dos inquisidores, mas em vermelho»; aliás, João reconhece-os:
  • «os senhores são uns senhores que estão numa estampa dum livro do paizinho, e que castigaram as pessoas queimando-lhes os pés!» Eles não negam: mas indignam-se quando o pobre João lhes chama carrascos!
Ironia, e não pouca, aparece na caracterização das disciplinas escolares que o João ignora:
  • a Ortografia,
  • a Aritmética e seus respectivos filhos e parentes,
  • os acentos, os números e os sinais da pontuação.
Mas já agora, repare-se na subtileza com que o exigente professor de Português, que era também, nas longas noites da velha casa amarela, um dos maiores poetas do seu tempo, caracteriza justamente os sinais de pontuação:
  • «as gentilíssimas reticências, o fino ponto de exclamação, a vírgula tão galante e tão prestável …».

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Claro que a ironia continua presente, e reafirma-se na grandiloquência ingénua do artigo do Luís sobre a ciência, a transformação alegórica, sem embargo de que a apologia final, um pouco ao jeito de quadro de revista, surge profundamente datada.
Mas aí se contém, uma adequação ao público infanto-juvenil inicial, a didáctica tão cara ao Dr. Reis Pereira e ao poeta José Régio:
  • Na verdade, com as limitações conjunturais óbvias, a peça como que introduz toda a temática da análise crítica, ideológica, existencial, de Régio;
  • e mais, fá-lo um sistema de confronto bem-mal, positivo-negativo, Deus-Diabo, que, guardadas as proporções, se mantém constante em toda a vasta e densa criação.
( … )
Simbolistas serão o Jacob, o final d’A Salvação do Mundo (1954) e El-Rei Sebastião (1949). Mas mais próximos de um realismo, poético embora, serão a admirável Benilde ou o 2º acto (sobretudo) d'A Salvação; serão, em termos mais convencionais e mais pesados, as Três Máscaras e o que se conhece de Sou um Homem Moral, textos aliás quase contemporâneos e muito semelhantes. E caminhando claramente para a modernidade, refira-se O Meu Caso e Mário ou eu Próprio, O Outro, ambos publicados em 1957, últimos textos teatrais conhecidos de Régio.
A publicação deste Sonho duma Véspera de Exame corresponde à tal necessidade de divulgação dos inéditos: aliás, tudo o que José Régio criou, assume altíssima qualidade.
E a peça, escrita a pensar em alunos de liceu, não desmerece a obra geral, escrita a pensar na cultura profunda da língua portuguesa». In Duarte Ivo Cruz, José Régio, Sonho duma Véspera de Exame, Publicações da Casa de José Régio, CM de Vila do Conde, Tipografia Minerva, Novembro de 1989, Depósito Legal nº 32722/79.

Cortesia Casa Museu José Régio/CM de Vila do Conde/JDACT

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Auditório BNP: Academia dos Renascidos interpreta Marcos Portugal, David Perez, Lopes-Graça, entre outros. «Três motivos para fortepiano dedicados a S. A. R. a Infanta Dona Maria Isabel (estreia moderna), Marcos Portugal (1762-1830)»


Cortesia de bnp

Academia dos Renascidos interpreta Marcos Portugal, David Perez, Lopes-Graça, entre outros. Recital, 28 de Junho, 18h00, Auditório BNP, Entrada livre.

Alberto Pacheco: tenor
Alexandra van Leeuwen: soprano
Andréa Teixeira: cravo, flauta
David Cranmer: cravo
José Grossinho: bandolim, guitarra

Programa:
  • Os mares, minha bela, não se movem, Marcos Portugal (1762-1830),
  • Arde o velho barril, arde a cabeça, M. Portugal,
  • Se o vasto mar se encapela, M. Portugal,
  • De que te queixas?, M. Portugal,
  • Os me deixas que tu dás (dueto), Anónimo,
  • Variações para bandolim (1773) [estreia moderna], David Perez (1711-78).
Duas canções, F. Lopes-Graça (1906-1994):
  • Romance da Bela Infanta (1979),
  • Romance do Cego (1979).
Três motivos para fortepiano dedicados a S. A. R. a Infanta Dona Maria Isabel (estreia moderna), Marcos Portugal (1762-1830):
  • Fá maior (Tempo di marcia),
  • Sib maior (Andante),
  • Ré maior (Allegretto).
Canzoncina Portoghesa, Giuseppe Totti (?-1833),
Ternos ais, ternos sospiros (modinha), João Francisco Leal,
I movimento da Sonata e variações – piano solo, Marcos Portugal (1762-1830),
Do regaço da amizade – Modinha, Gabriel Fernandes da Trindade (1790-1854)/ s.n.
Nasci p´ra ser infeliz (modinha), J. F. Leal.
Sonata em Sol maior per mandolino solo e basso (estreia moderna), Aleixo Botelho de Ferreira (?-?):
  • Allegro moderato,
  • Andante,
  • Rondó (Allegro).
Ausente saudoso e triste – modinha a duas vozes, Anónimo.
Dueto da Cantata para Princeza D. Maria Teresa (1810), Fortunato Mazziotti (17-?, 1855).
Nhonhozinho, vá-se embora (modinha brasileira) em O Gato Por Lebre (1804), António José do Rego (ca. 1765-após 1821).
Perdoar com condições, Marcos Portugal.

Cortesia de bnp

http://www.bnportugal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=635%3Arecital-academia-dos-renascidos-interpreta-marcos-portugal-david-perez-lopes-graca-entre-outros-28-jun-18h00&catid=157%3A2011&Itemid=674&lang=pt
Cortesia de BN de Portugal/JDACT