Cortesia de wikipedia
Poucos temas provocaram tanta polémica nos últimos três séculos como o das sociedades secretas. Mas a verdade é que, nas mais diversas épocas, culturas e civilizações, desde as sociedades tecnologicamente mais atrasadas até às mais evoluídas, a existência real ou alegada de associações desse tipo provocou aceso debate, acaloradas discussões, condenações liminares e elogios igualmente ilimitados. Ainda hoje, quando algum periódico sente necessidade de apimentar as primeiras páginas, recorre a essa temática que se pretende sensacionalista. O conceito de sociedade secreta não se manteve imutável ao longo dos tempos, evoluiu e ganhou novas dimensões. As associações secretas de carácter mágico e religioso que encontramos na Antiguidade, no Egipto, na Grécia, em Roma, na Índia ou na Pérsia, possuíam características diferentes das sociedades secretas africanas ainda hoje existentes. Por outro lado, há um certo equívoco em torno do conceito de secreto, identificando-se secretismo com práticas ilícitas, pouco claras e censuráveis. Mas secretas eram também as reuniões dos cristãos nos primeiros tempos do cristianismo, ou no Japão dos séculos XVII e XVIII, dos judeus e dos protestantes durante as perseguições...
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Tem havido, também, uma utilização demasiado generalizada da expressão «sociedade secreta». É que nem todos os agrupamentos que procuraram furtar-se aos olhares indiscretos foram ou são necessariamente «sociedades secretas».
De todas as sociedades secretas, a que suscitou maior polémica foi, sem sombra de dúvida, a Maçonaria. A Maçonaria moderna surgiu em 1717,com a formação da Grande Loja de Londres, herdeira de uma tradição mais antiga que remonta às corporações medievais e, eventualmente, a outras organizações iniciáticas cristãs e até da Antiguidade. Em 1723 foi dotada de um quadro legal, as famosas Constituições de Anderson. Influenciada pelos ideais iluministas e pelas correntes deístas muito difundidas no Velho Continente nos finais do século XVII e início do seguinte, a Maçonaria disseminou-se com rapidez pela Europa mas também pelas colónias americanas, onde teve um papel decisivo na independência daqueles territórios, deste os Estados Unidos até às colónias espanholas e ao Brasil.
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A Maçonaria também chegou a Portugal ainda nas primeiras décadas do século XVIII Em 1727 já existia em Lisboa uma Loja formada por comerciantes britânicos que a Inquisição classificava como «dos Hereges Mercadores», por serem protestantes quase todos os seus membros. Esta Loja foi regularizada em 1735, filiando-se na Grande Loja de Londres. Em 1733 fundou-se uma segunda Oficina na capital portuguesa, a «Casa Real dos Pedreiros-Livres da Lusitânia», formada por elementos predominantemente católicos, de nacionalidade irlandesa, comerciantes, militares, marítimos, médicos e três frades de S. Domingos.
Obreiro desta Loja foi o oficial húngaro Carlos Mardel, um dos arquitectos da reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755. Uma terceira Loja surgiu em 1741, também em Lisboa, fundada pelo lapidário de diamantes John Coustos. De nacionalidade Suíça, depois naturalizado inglês, John Coustos descreveu as perseguições que sofreu por parte da Inquisição portuguesa, que o levaram à prisão e depois à expulsão do país. Desta Loja fizeram parte três dezenas de estrangeiros residentes em Portugal - franceses, ingleses, holandeses, italianos... - quase todos comerciantes». In António Ventura, A Maçonaria no Distrito de Portalegre, Editora Caleidoscópio, 2007; ISBN 978-989-8010-84-1.
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