Cortesia de editorialpresenca
Das Origens às Primeiras Perseguições
«E, no Acórdão Final do processo contra os membros da loja irlandesa, em 18 de Outubro, «pareceu a todos os votos [dos membros da Mesa do Santo Ofício] que, visto terem sido perguntados e examinados quase todos os católicos romanos, assistentes nesta Corte, que entravam na dita Sociedade, e constar das suas deposições que nela não havia coisa alguma contra a Fé ou bons costumes; [...] e constar, outrossim, que por unânime consentimento de todos se dissolveu a dita Sociedade [...]; não havia, por ora, mais diligência que fazer nesta matéria».
Tudo indica que a “Casa Real dos Pedreiros Livres da Lusitânia” tenha, de facto, posto ponto final nos seus trabalhos, em Junho de 1738. Impressionados pela novidade da bula pontifical, católicos cumpridores e obedientes ao Sumo Pontífice, isolados num país estrangeiro e ameaçados pela pouco simpática Inquisição (maldita), os maçons irlandeses devem ter-se resignado e submetido. Já o mesmo não é tão seguro relativamente à minoria protestante, a quem pouco importavam as excomunhões de Roma. Terão alguns dos seus membros pedido ingresso na loja inglesa? Só a documentação o poderá um dia esclarecer.
De 1738 a l741 não houve em Lisboa mais lojas do que a inglesa. Diversos maçons iam, no entanto, chegando a Portugal, começando a avultar o número de franceses. Não só a Maçonaria experimentava em França um desenvolvimento acelerado como também a emigração de artífices franceses para Portugal fazia grandes progressos, originando uma colónia fixa cada vez maior. Importadores e vendedores de tecidos e de artigos de vestuário, relojoeiros, ourives e lapidários de diamantes, cabeleireiros, alfaiates, livreiros e outros difundiam as modas de França e os valores de França. Os maçons desta nacionalidade sentiam a falta de uma estrutura em que se pudessem integrar.
Foi nesta conjuntura que chegou a Lisboa Jean Coustos.
Grau 31
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Nascido num dos cantões suíços de idioma germânico, mas filho e neto de huguenotes franceses exilados, Coustos viveu em Londres desde a adolescência, acabando por se naturalizar cidadão britânico e se casar com uma inglesa.
Em Londres, também, aprendeu a profissão de lapidário de diamantes. Iniciado maçon naquela cidade, Coustos estabeleceu-se em Paris durante uns dois anos, onde fundou e foi Venerável de uma loja maçónica. Regressou a Londres, decidindo, alguns anos depois, ir fixar-se no Brasil, onde poderia eventualmente enriquecer devido à sua profissão. Veio assim para Lisboa (1741), onde verificou não lhe ser fácil obter a indispensável licença para passar às terras sul-americanas.
Em Lisboa se deteve, estabelecendo-se por seu turno e entabulando contactos, tanto com ingleses como com franceses e outros. E aqui se decidiu ou foi induzido a fundar uma loja maçónica, a exemplo do que fizera em Paris, alguns anos atrás». In A. H. Oliveira Marques, História da Maçonaria em Portugal, das Origens ao Triunfo, Editorial Presença, 1990.
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