sábado, 21 de janeiro de 2012

Guimarães. Paço dos Duques de Bragança. Barroso da Fonte. «O visitante tem boas razões para demandar Guimarães, berço da nacionalidade portuguesa. Aqui encontrará um pouco de tudo aquilo que pode satisfazer a sua curiosidade. Monumentos de interesse histórico e actividades culturais associadas à Capital Europeia 2012»


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«Falamos de Guimarães 2012, Capital Europeia da Cultura, onde nasceu Portugal. Nasceu juntinho ao castelo da fundação, ex-libris da nacionalidade portuguesa. Foi na tarde de 24 de Junho de 1128, data da batalha de S. Mamede. Será esse o verdadeiro “Dia Um de Portugal”.
Afonso Henriques, um jovem de 18 anos de idade, armara-se cavaleiro, aos 14 anos, na catedral de Zamora. Predestinado para fundar Portugal, não aceitava ele que Fernão Peres de Trava, confidente de sua mãe, Teresa, a influenciasse no mau sentido, lesando os destinos da futura Pátria Portuguesa.
Desse diferendo brotou a batalha de S. Mamede. Sua mãe cedeu, definitivamente, o poder ao filho Afonso Henriques, que até 1185, ano da sua morte, tudo fez para que Portugal se orgulhasse do seu próprio destino, como país livre e independente. Na “colina sagrada”, que bem pode chamar-se o altar da Pátria Portuguesa, já, nessa altura, se levantava o castelo. Aí tinham fixado residência seus pais: o conde Henrique e D. Teresa, primeiros responsáveis pelo Condado Portucalense. Possivelmente aí nasceu o primeiro rei de Portugal, entre 1109 e 1111.
O conde Henrique mandara construir a igreja de S. Miguel do Castelo, onde viria a ser baptizado Afonso Henriques, provavelmente pelo bispo Maurício e não por S. Geraldo que falecera em 1108. Em 1664 a pia baptismal foi transferida para a igreja da Oliveira. Mas voltou para a igreja de S. Miguel em 1928, onde permanece, com a legenda ao lado, mandada aí colocar em 1664 pelo prior da Colegiada, Diogo Lobo de Silveira.

Além do castelo da fundação, da igreja de S. Miguel, da estátua do rei fundador e do campo de S. Mamede, ergue-se na “colina sagrada” uma verdadeira jóia arquitectónica, de estilo gótico, única na Península Ibérica. É o Paço dos Duques, berço da Casa de Bragança, a maior e a mais poderosa do reino, nesses tempos medievais. Deste Paço ducal nos iremos ocupar demoradamente. Antes, façamos um passeio por esta histórica cidade, ao encontro das origens.


Foto de luzes da ribalta
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Síntese monográfica de Guimarães
Data de 867 0 mais antigo documento que se conhece acerca de “Vimara”, cuja evolução semântica resultou em Guimarães. Em 950, Mumadona Dias alude à “Villa vocitata Vimaranis” que coube por herança, a sua filha Oneca. Sabe-se que já em 949 existia o Mosteiro, primeira referência daquela que viria a ser a vila de Guimarães, elevada a cidade pela Rainha Maria II., no ano de 1853.
No testamento de Mumadona, datado de 26 de Janeiro de 959, já se fala na igreja do Mosteiro que foi sagrada, nessa mesma data, sendo Pedro I, o seu primeiro abade. A primeira vila ou burgo de Guimarães desenvolveu-se em torno do Mosteiro duplex, isto é, para frades e para freiras. Esse Mosteiro situava-se onde, mais tarde, viria a ser instituída a Real Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, paredes-meias com o actual museu Alberto Sampaio. Mumadona Dias fez testamento de suas vilas a esse Mosteiro, procurando cumprir a última vontade de Hermegildo “com quem casara sob o regime de dote, como era costume entre a nobreza. Pouco depois que estas disposições testamentárias foram confirmadas na presença de muitos, irrompeu nos subúrbios deste nosso Mosteiro uma incursão de gentios em com receio deles, edificamos o castelo chamado de S. Mamede, no lugar do Monte Largo, o qual foi construído sobranceiro a este Mosteiro, para sua defesa e dos monges e das monjas que no mesmo vivem. Lavrado no 2º dia das Nonas de Dezembro da era de 1006”.

Igreja de N. Sra. da Oliveira com o Padrão do Salado
Mumadona, fundadora de Guimarães
Foto de luzes da ribalta
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Depois do Mosteiro e do Castelo foram construídas as Muralhas que ainda hoje delimitam o chamado Centro Histórico, em fase de reconstituição. Guimarães é hoje uma cidade em franco progresso, impondo-se como centro cultural por excelência. O concelho tem 73 freguesias e alguns pólos de desenvolvimento que merecem destaque como: Vizela, Taipas, Pevidém, S. Torcato, Moreira de Cónegos e Briteiros. São cerca de 170 mil habitantes do maior concelho a norte do Porto, dedicando-se à indústria têxtil, calçado, construção civil, cutelarias e curtumes.
O visitante tem boas razões para demandar Guimarães, berço da nacionalidade portuguesa. Aqui encontrará um pouco de tudo aquilo que pode satisfazer a sua curiosidade. Monumentos de interesse histórico como:
  • O castelo;
  • O Paço dos Duques de Bragança;
  • A igreja de S. Miguel do Castelo;
  • A igreja da Oliveira;
  • O Padrão do Salado;
  • As Muralhas;
  • A igreja de S. Francisco;
  • A Pousada de Santa Marinha da Costa;
  • A Sociedade Martins Sarmento;
  • O Centro Histórico;
  • Centros de termalismo como Vizela e Taipas;
  • Poderá ir à Penha de teleférico;
  • A Briteiros, para observar uma das citânias mais evoluídas;
  • A S. Torcato para ouvir folclore do mais genuíno, etc.
Em qualquer sítio que se encontre terá sempre ao lado uma adega típica, um restaurante com gastronomia minhota, uma doçaria especial e até algumas das mais invejáveis unidades hoteleiras, com relevo para duas reconfortantes pousadas da rede nacional». In Barroso da Fonte, Paço dos Duques de Bragança, Edições Elo, IPPAR, Lisboa-Mafra, 1994, ISBN 972-9181-23-3.

Cortesia de Elo/IPPAR/JDACT