Isabel de Áustria, "Sissi", por Franz Winterhalter
Cortesia de wikipedia e
«É impossível imaginar a Europa no século XIX sem a música de Strauss. Ao pensar nessa época, uma das cenas que mais poderosamente invade a nossa mente é a de um sumptuoso salão imperial repleto de elegantes e alegres cortesãos… dançando a valsa.
«É impossível imaginar a Europa no século XIX sem a música de Strauss. Ao pensar nessa época, uma das cenas que mais poderosamente invade a nossa mente é a de um sumptuoso salão imperial repleto de elegantes e alegres cortesãos… dançando a valsa.
Quando Strauss II morreu em 1899, o crítico Eduard Hanslick, a autoridade musical do momento, afirmou que o desaparecimento do “Rei da Valsa” pressuporia o fim dos tempos felizes em Viena. A frase tornou-se profética, pois não há dúvida de que a música composta por StraussII ficaria para sempre ligada a um mundo que desapareceu pouco tempo depois da morte do compositor. Um ano antes, em 1898, também falecera a imperatriz Isabel de Wittelsbach, mais conhecida pelo sobrenome de “Sissi”, outro símbolo da mesma época e do mesmo lugar.
Com o nascimento do novo século, deu-se início à imparável e progressiva decomposição do Império Austro-Húngaro, que depois da Grande Guerra se estilhaçou em pedaços.
A Viena de “Sissi” e de Strauss nunca voltou a ser a mesma:
- Da capital de um império poderoso e quarta metrópole do planeta, depois de Londres, Paris e Nova Iorque, Viena converteu-se em poucos anos numa cidade de segundo plano, centro de um pequeno país irrelevante na cena internacional.
No imaginário colectivo, a evocação da Viena imperial aparece quase sempre tingida com as cores dos contos de fadas. As valsas de Strauss fazem reviver de maneira imediata um universo de luxuosos salões burgueses, onde as belas damas, exibindo jóias e vestidos espectaculares, dançam com cavalheiros elegantes de uniforme militar ou de rigorosa etiqueta.
Confrontos na ponte Tabor, por Leopoldaradt, 1848
Palas Atena, por Klimt, 1898. Simboliza o novo mundo que vinha
substituir o do velho músico
Cortesia de e adventureda
Strauss e os seus irmãos Josef e Eduard popularizaram a valsa graças às suas numerosas viagens e contratos. Em poucos anos, as melodias da valsa e a nova dança que as acompanhava conquistaram o mundo inteiro. No Verão de 1856, por exemplo, Strauss II foi convidado para ir pela primeira vez à Rússia, onde dirigiu concertos e bailes no Palácio Pawlowsk, com tanto sucesso que durante dez anos regressou a esse lugar como uma celebridade consagrada. Outro exemplo:
- Em 1872, por altura do Jubileu Internacional pela Paz, foi convidado para ir a Boston, USA, onde diante de um público de 100 mil pessoas, dirigiu com a ajuda de cem maestros uma orquestra de vinte mil (sic) músicos.
Algumas das características da sua música, como a elegância, a vivacidade e a sofisticação, eram um reflexo fiel da alegria de Viena imperial do século XIX. Com Strauss, a valsa, adaptada ao gosto da burguesia, já não respirava o ar dos albergues e das tabernas onde nascera, mas manteve a vivacidade e a cor que lhe eram vitais. Foi nas suas melodias que o espírito hedonista da Viena imperial encontrou a sua melhor expressão. A sua famosa composição “No belo Danúbio Azul”, estreada a 15 de Setembro de 1867 no salão do Dianabad, em Viena, alcançou quase no mesmo dia da sua estreia a categoria de «hino oficioso da Áustria». E mil milhões de pessoas dão todos os anos as boas-vindas ao Ano Novo ao som das peças de Johann Strauss II.
Na biografia de Strauss II, tão fascinado pelas teorias revolucionárias do incipiente obreirismo como apegado a alguns dos mais acendrados hábitos da burguesia a que pertencia, é possível encontrar o mesmo contraste enriquecedor das suas peças musicais:
- A «democrática» contradança dos camponeses que dançavam abraçados nos salões públicos transformou-se na valsa elegante que levou aos espartilhados salões burgueses o calor e a vida das ruas.
In Wikipédia, Bob January.
Cortesia de Bob January/JDACT