sexta-feira, 1 de junho de 2012

Arqueologia e Património Construído na Região do Alto Tejo Português. «Com a descoberta da arte rupestre gravada do Tejo, no início dos anos 70, é posto em evidência um complexo arqueológico pós-paleolítico de nível europeu e o maior do género existente em Portugal. Trabalhos recentes permitiram conhecer de forma aprofundada o povoamento, em sítios elevados, de vasta região da Beira Interior, no final da Idade do Bronze»



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Um olhar diacrónico sobre o território humanizado
«Com o advento da contemporaneidade há uma outra realidade que percorre e irmana todos estes concelhos. São as invasões militares vindas de leste, nos séculos XVIII e XIX. Os exércitos invasores entravam na Idanha deixando rasto de conflitos, pilhagens e destruições por toda a região, onde ainda se ouvem inúmeros relatos, sob a forma de lendas e sítios com história. Chegados à muralha natural constituída pelas serras das Talhadas, do Muradal e dos Álvelos ainda se podem ver fortes e baterias posicionados sobre as zonas de passagem obrigatória na rota para Lisboa. De entre estes merecem destaque as fortificações da Ponte do Alvito, na fronteira entre Proença-a-Nova e Castelo Branco e os de Vila Velha de Ródão, protegendo a passagem do rio na área das Portas.
Os primeiros e mais significativos trabalhos de investigação arqueológica nesta região, globalmente considerada, remontam ao início do século XX e devem-se a Francisco Tavares de Proença Júnior, autor da primeira Carta Arqueológica do Distrito de Castelo Branco que também executou escavação em diversos monumentos e sítios.
Nos meados do século XX merecem destaque os trabalhos que, sob o impulso de Fernando de Almeida, conduziram à revelação da ocupação romana e medieval de Idanha-a-Velha.
Com a descoberta da arte rupestre gravada do Tejo, no início dos anos 70, é posto em evidência um complexo arqueológico pós-paleolítico de nível europeu e o maior do género existente em Portugal. Parcelas embora diminutas desse importante património têm sido divulgadas, em monografias ou sínteses cronológico-culturais, por dois dos investigadores do grupo inicial, António Martinho Baptista e Mário Varela Gomes.
Por essa altura têm início os estudos da ocupação paleolítica dos terraços do Tejo em Vila Velha de Ródão, uma linha de investigação que permaneceu até à actualidade sob a direcção do arqueólogo Luís Raposo, e com resultados de enorme valia científica.
Também, desde o início dos anos 70, diversos arqueólogos integrados na Associação de Estudos do Alto Tejo, nomeadamente Francisco Henriques, João Caninas e João Luís Cardoso, desenvolvem, em toda esta região, projectos permanentes de cartografia arqueológica, homologados pelos institutos de tutela sobre o património arqueológico, e pesquisas mais aprofundadas (escavações arqueológicas) em sepulturas e povoados pré-históricos em Vila Velha de Ródão e Idanha-a-Nova.
Trabalhos recentes desenvolvidos pela arqueóloga Raquel Vilaça, universidade de Coimbra, permitiram conhecer de forma aprofundada o povoamento, em sítios elevados, de vasta região da Beira Interior, no final da Idade do Bronze.
O património arqueológico do concelho de Nisa tem sido objecto de estudo sob a coordenação do arqueólogo Jorge de Oliveira, universidade de Évora no âmbito de projectos de investigação que abrangem uma área mais vasta no distrito de Portalegre». In Jorge Oliveira, Associação de Estudos do Alto Tejo, Arqueologia e Património Construído na Região do Alto Tejo Português.


Cortesia de AE do Alto Tejo/JDACT