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Soneto de Separação
De repente do riso fêz-se o pranto
silencioso e branco como a bruma
e das bocas unidas fêz-se espuma
e das mãos espalmadas fêz-se o espanto.
De repente da calma fêz-se o vento
que dos olhos desfez a última chama
e da paixão fêz-se o pressentimento
e do momento imóvel fêz-se o drama.
De repente, não mais que de repente
fêz-se de triste o que se fêz amante
e de sozinho o que se fêz contente.
Fêz-se do amigo próximo o distante
fêz-se da vida uma aventura errante
de repente, não mais que de repente.
Vinicius de Moraes, in 'O Operário em Construção'
silencioso e branco como a bruma
e das bocas unidas fêz-se espuma
e das mãos espalmadas fêz-se o espanto.
De repente da calma fêz-se o vento
que dos olhos desfez a última chama
e da paixão fêz-se o pressentimento
e do momento imóvel fêz-se o drama.
De repente, não mais que de repente
fêz-se de triste o que se fêz amante
e de sozinho o que se fêz contente.
Fêz-se do amigo próximo o distante
fêz-se da vida uma aventura errante
de repente, não mais que de repente.
Vinicius de Moraes, in 'O Operário em Construção'
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Os Amantes de
Novembro
Ruas e ruas dos amantes
sem um quarto para o amor
amantes são sempre extravagantes
e ao frio também faz calor.
Pobres amantes escorraçados
dum tempo sem amor nenhum
coitados tão engalfinhados
Que sendo dois parecem um.
De pé imóveis transportados
como uma estátua erguida num
jardim votado ao abandono
de amor juncado e de outono.
Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'
sem um quarto para o amor
amantes são sempre extravagantes
e ao frio também faz calor.
Pobres amantes escorraçados
dum tempo sem amor nenhum
coitados tão engalfinhados
Que sendo dois parecem um.
De pé imóveis transportados
como uma estátua erguida num
jardim votado ao abandono
de amor juncado e de outono.
Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'
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