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Cronologia e evolução da Casa das Carvalheiras
«Bem documentados estão os silhares que suportavam as
colunas, quer nos pórticos exteriores, quer em volta do peristilo. Trata-se de blocos
de granito predominantemente quadrados (45x45cm).
A habitação das Carvalheiras obedece a
uma métrica rigorosa, verificando-se a utilização de dois módulos dominantes. O
módulo de 10 pés (2,96 m) caracteriza a estrutura dos pórticos exteriores,
estando presente tanto na largura e altura dos mesmos, como no distanciamento
entre os eixos das colunas. Por sua vez, o porticado do peristilo oferece uma
modulação alternada de 10 e 12 pés, quer na altura, quer na profundidade, quer ainda
entre os eixos das colunas que o compunham. Nos lados menores domina o módulo
de 10 pés entre os eixos das colunas, enquanto nos lados maiores o módulo é de
12 pés.
Muito embora não tenha sido conservado qualquer vestígio de madeira,
esse material deve ter sido abundantemente utilizado na construção, sendo
certamente usado nos telheiros, vigamentos e travamentos que sustentavam os
telhados. Dos pavimentos correspondentes aos espaços da casa nada se conservou.
No entanto, pressupomos que alguns deveriam ser feitos com tijoleiras e outros,
seguramente, com mosaico, tendo em conta a descoberta de vestígios dos mesmos
noutras habitações romanas de Braga.
A casa das Carvalheiras era servida por duas entradas, uma a sul, com acesso directo ao átrio e salas envolventes e outra a norte, com entrada directa para o peristilo e compartimentos que se erguem em torno deste vasto espaço aberto.
A entrada sul dava acesso a um pequeno corredor, fauces, (A1), com 18 pés de comprimento (5,2 m) por 5 pés de largura (1,5 m).
Este corredor comunicava ainda com um compartimento, situado a oeste, que sabemos
corresponder a uma loja (A6), uma vez que
possuía uma entrada directa pelo pórtico sul. Tratar-se-ia, muito
possivelmente, de um espaço comercial explorado directamente pelo proprietário
da casa.
Ampliação
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O corredor formaliza a passagem para o interior de um átrio
aberto (A), em torno do qual se
desenvolvia um conjunto de compartimentos que, pelas suas características, definiria
uma área preferencialmente usada pelo dono da casa nos seus negócios.
Estrutura e funcionalidade dos espaços
O átrio (A), implantado
à cota de 182,2 m possui uma área útil de 45 m2. Dispunha de um pequeno tanque,
ou impluvium, lamentavelmente muito
destruído. Com uma área estimada de 10 m2, dele se conservou apenas uma
conduta, indicadora do escoamento das águas, bem como vestígios dos limites do
mesmo. Este tanque recolheria a água das chuvas, através de uma abertura no
telhado, comptuvium, que permitia
também o arejamento e iluminação desta área da casa.
A nascente do átrio desenha-se um amplo compartimento (A2), com uma área útil de 30 m2, interpretado
como sala de estar, em jeito de exedra,
o qual podia funcionar como espaço de apoio às actividades desenvolvidas no
átrio». In Bracara Augusta. A Casa Romana das Carvalheiras, Unidade de
Arqueologia da Universidade do Minho, 2000, ISBN 972-9382-11-5,fotografias de
Jaime Manso, Pedro Vasconcelos e Manuel Santos, modelos 3D do LMUAU do Minho.
Corte N-S da casa na fase I
continua
Cortesia de Cortesia de Roteiros Arqueológicos/JDACT