«Merece, porém, que se lhe consagrem uns momentos de atenção pelo cunho
característico da sua arquitectura, embora sumária e muito sóbria, mas cuja
forma decorativa reveste um aspecto especial nesta vila afastada e tão pequena.
Carvalho Costa, na sua Corografia
Portuguesa, limítou-se a dizer que tinha um castelo com seu palácio em que
assistiam os condes e era povoação de dois mil vizinhos com nobreza. Passados
anos, em 1747, informou o padre Cardoso
que o castelo tinha cinco torres sobre as quais se estribava o palácio do
barão-conde e que a torre a que chamão de Omenagem não está acabada, é de bastante altura e
toda feita de pedra de cantaria.
Nas memórias paroquiais de 1758,
fr. Ambrósio Brochado, da Ordem da Trindade e reitor da paroquial de
Alvito, relatou sem mais considerações que a vila era cabeça das terras da
baronia por estar nelas o castelo e palácio do barão conde, onde poisava quando
a elas vinha, mas que não era praça de armas nem padeceu ruína alguma no
terremoto de 1755.
Numa notícia publicada em 1866
no Arquivo
Pittoresco, ilustrada com uma bela gravura de João Pedroso,
descreveu Vilhena Barbosa o castelo de
Alvito como a mais notável de todas as construções do género, tanto pela grandeza e
aspecto guerreiro do edifício, como pelo seu excelente estado de conservação,
sem embargo de estarem pesando sobre as suas abóbadas mais de quatro séculos;
nada anotou, porém, quanto à arquitectura da vila, como também anteriormente o
não tinha feito em Villas e Cidades, ao falar desta antiga povoação.
Pinho Leal, no Portugal Antigo e Moderno,
servindo-se certamente do que disse o padre Cardoso, citou só o castelo ou
palácio acastelado de Alvito, com as suas cinco torres, das quais uma, a de
menagem, de cantaria e não acabada, como a fortaleza mais robusta e bem conservada
de Portugal. Por seu turno, publicou Gerardo Pery, em 1885, a monografia do concelho,
encarando o seu aspecto estatístico e agrícola, pouco se referindo por
consequência à vila e ao castelo.
NOTA: Gerardo Augusto Pery, não obstante, juntou várias notas e
documentos de grande interesse para a sua história, mormente no que respeita às
relações entre os senhores da vila e os trinitários, a propósito da jurisdição
da ermida ou igreja do Espírito Santo, por aqueles instituída no castelo; porém
quanto à sua arquitectura nada relatou.
Logo depois, na consagrada obra sobre a arquitectura do Renascimento em
Portugal, onde inseriu interessantíssimos desenhos seus e esboços dos
monumentos que visitou, referiu-se muito rapidamente Albrecht Haupt ao
castelo de Alvito por não ter podido
estudá-lo em pormenor. Considerava-o como uma das mais notáveis construções da
época, com as suas quatro torres redondas nos ângulos do quadrilátero que
envolve o grande pátio, também quadrangular, coroado de ameias e circundado de
abóbadas e arcarias». In Luiz de Pina Manique, A Arte Manuelina na
Arquitectura de Alvito, Impressões e Apontamentos, Associação dos Arqueólogos
Portugueses, Edição subsidiada pelo Instituto para a Alta Cultura, Lisboa,
oficinas gráficas de Bertrand, Irmãos, 1949.
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