quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Diagnóstico Social. Conceitos e metodologias. REAPN. Maria Aguilar Idáñez e Ezequiel Ander-Egg. «Se não forem elaborados bons diagnósticos, ou se não se aplicarem adequadamente, os programas e os projectos a desenvolver estarão naturalmente desfasados da realidade»


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Se pudéssemos primeiro saber onde estamos e para onde nos dirigimos, podíamos avaliar melhor o que fazer e como fazê-lo. In Abraham Lincoln

«Poucos aspectos dos métodos de acção e intervenção social apresentam tanta confusão e tão pouco afinamento metodológico como o referente aos problemas práticos de elaboração de diagnósticos sociais. À primeira vista costumam surgir dificuldades para os diferenciar claramente do estudo-investigação, e não são poucos os que directamente pensam que um diagnóstico é uma interpretação dos dados recolhidos no mencionado estudo. Esta falta de clarificação conceptual traduz-se em confusão metodológica e tem como consequência prática a falta de métodos e técnicas que, a nível procedimental, ajudem os trabalhadores sociais e os vários profissionais dos serviços sociais na tarefa de realizar diagnósticos sociais. Por essa razão podemos afirmar que, de todos os componentes metodológicos que estão subjacentes nas várias modalidades e formas de intervenção social, é sem dúvida, o diagnóstico o que metodologicamente está menos desenvolvido e elaborado.
Este sub-desenvolvimento metodológico do diagnóstico social acarreta, por outro lado, vários problemas nos processos subsequentes, fundamentalmente no planeamento e na programação. Se não forem elaborados bons diagnósticos, ou se não se aplicarem adequadamente, os programas e os projectos a desenvolver estarão naturalmente desfasados da realidade. Para além de diminuir consideravelmente a potencial eficácia da intervenção, carecem, regra geral, de uma estratégia de acção adequada às circunstâncias específicas que se enfrentam.
As nossas primeiras reflexões sobre o diagnóstico social foram publicadas em 1964 e foram sendo reelaboradas, paulatinamente, ao longo de quase trinta anos. Em 1995 elaborámos uma obra unitária e monográfica sobre o tema e que foi enriquecida pelo trabalho de investigação e pela experiência prática que tivemos em conjunto durante mais de quinze anos, no sentido de aprofundar os vários métodos de intervenção social. Realizamos um esforço para superar confusões, especialmente entre investigação e diagnóstico, muito frequente nos livros de metodologia do trabalho social. Desta forma, tentámos realizar algumas precisões conceptuais para compreender o significado teórico-prático do diagnóstico social. De maneira particular, e através do que a prática nos ensinou mostrando-nos as nossas insuficiências, procurámos melhorar os aspectos estritamente metodológicos e de procedimento. Um aspecto que nos enriqueceu muito para a sua aplicação prática deveu-se à nossa incursão nos últimos sete anos no âmbito da educação para a saúde.


Esta versão constitui uma ampliação revista e melhorada da publicação de 1995, em que se incluem uma série de novos conteúdos e capítulos, para além de vários anexos técnicos inexistentes na primeira edição. Esta nova versão revista e ampliada e apresentada pelo Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, organização que há anos realiza um notável esforço de divulgação científica, tentando transferir as tecnologias sociais a todas as pessoas e grupos interessados em prestar um serviço aos outros». In Maria Aguilar Idáñez e Ezequiel Ander-Egg, Diagnóstico Social, conceptos y metodología, Diagnóstico Social, Conceitos e metodologias, Rede Europeia Anti-Pobreza, Portugal, cadernos REAPN, Porto, 2007, ISBN 978-989-95487-8-7.

Cortesia de REAPN/JDACT