Se pudéssemos primeiro saber onde estamos e para onde nos dirigimos,
podíamos avaliar melhor o que fazer e como fazê-lo. In Abraham Lincoln
«Poucos aspectos dos métodos de acção e intervenção social apresentam
tanta confusão e tão pouco afinamento metodológico como o referente aos problemas
práticos de elaboração de diagnósticos sociais. À primeira vista costumam
surgir dificuldades para os diferenciar claramente do estudo-investigação, e
não são poucos os que directamente pensam que um diagnóstico é uma
interpretação dos dados recolhidos no mencionado estudo. Esta falta de clarificação
conceptual traduz-se em confusão metodológica e tem como consequência prática a
falta de métodos e técnicas que, a nível procedimental, ajudem os trabalhadores
sociais e os vários profissionais dos serviços sociais na tarefa de realizar
diagnósticos sociais. Por essa razão podemos afirmar que, de todos os
componentes metodológicos que estão subjacentes nas várias modalidades e formas
de intervenção social, é sem dúvida, o diagnóstico o que metodologicamente está
menos desenvolvido e elaborado.
Este sub-desenvolvimento metodológico do diagnóstico social
acarreta, por outro lado, vários problemas nos processos subsequentes, fundamentalmente
no planeamento e na programação. Se não forem elaborados bons diagnósticos, ou se
não se aplicarem adequadamente, os programas e os projectos a desenvolver
estarão naturalmente desfasados da realidade. Para além
de diminuir consideravelmente a potencial eficácia da intervenção, carecem,
regra geral, de uma estratégia de acção adequada às circunstâncias específicas
que se enfrentam.
As nossas primeiras reflexões sobre o diagnóstico social foram
publicadas em 1964 e foram sendo reelaboradas,
paulatinamente, ao longo de quase trinta anos. Em 1995 elaborámos uma obra unitária e monográfica sobre o tema e que
foi enriquecida pelo trabalho de investigação e pela experiência prática que
tivemos em conjunto durante mais de quinze anos, no sentido de aprofundar os
vários métodos de intervenção social. Realizamos um esforço para superar
confusões, especialmente entre investigação e diagnóstico, muito frequente nos
livros de metodologia do trabalho social. Desta forma, tentámos realizar
algumas precisões conceptuais para compreender o significado teórico-prático do
diagnóstico social. De maneira particular, e através do que a prática nos
ensinou mostrando-nos as nossas insuficiências, procurámos melhorar os aspectos
estritamente metodológicos e de procedimento. Um aspecto que nos enriqueceu muito
para a sua aplicação prática deveu-se à nossa incursão nos últimos sete anos no
âmbito da educação para a saúde.
Esta versão constitui uma ampliação revista e melhorada da publicação de
1995, em que se incluem uma série de
novos conteúdos e capítulos, para além de vários anexos técnicos inexistentes
na primeira edição. Esta nova versão revista e ampliada e apresentada pelo Instituto
de Ciências Sociais Aplicadas, organização que há anos realiza um notável
esforço de divulgação científica, tentando transferir as tecnologias sociais a
todas as pessoas e grupos interessados em prestar um serviço aos outros». In Maria
Aguilar Idáñez e Ezequiel Ander-Egg, Diagnóstico Social, conceptos y
metodología, Diagnóstico Social, Conceitos e metodologias, Rede Europeia
Anti-Pobreza, Portugal, cadernos REAPN, Porto, 2007, ISBN 978-989-95487-8-7.
Cortesia de REAPN/JDACT