segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Guimarães. Barroso da Fonte. As Duas Cabeças. «… ponderando as vantagens e os inconvenientes da sustentação daquela última possessão norte-africana, optou pelo abandono, dando nesse sentido instruções ao governador Dinis Melo Castro Mendonça»



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Vimaranenses em Mazagão
«Foi Jaime, duque de Bragança que em 29 de Agosto de 1513, desembarcou no porto de Mazagão, próximo da cidade de Azamor, com a deliberada intenção de a conquistar, cumprindo ordens do rei Manuel I. O duque Jaime projectou para ali uma fortificação que albergasse dois a três mil moyos de pãao, garantindo a V.A. que he o melhor porto do mundo. O rei aceitou o desafio e, no ano seguinte, estava construída a fortificação que o duque Jaime sugerira. Usufruía de uma localização ideal para os objectivos dos Portugueses que nela permaneceram durante dois séculos e meio.
Distava a cerca de 400 quilómetros da ponta de Sagres, constituindo uma linha avançada para reabastecimento das expedições que viriam a suceder-se, rumo aos muitos destinos da lusitana gente. Actualmente a cidade de Mazagão está integrada na cidade marroquina de El Jadida. Entre 1541e 1550 foram sucessivamente evacuadas algumas praças portuguesas, Santa Cruz do Cabo Gué, Azamor, Safim e Arzila, pelo que a partir dessa data ficou Mazagão a constituir a única cidade portuguesa na costa ocidental marroquina. Esse facto fez com que se intensificassem as lutas movidas pelos mouros da província de Duquela. Essas lutas prolongaram-se até à segunda metade do século XVIII, sobressaindo sempre, com nota alta, a acção dos Portugueses. Até que em plena época pombalina se verificou o golpe fatal para a nossa presença. Em 1769 os maometanos cercaram a praça e o conde de Oeiras, ponderando as vantagens e os inconvenientes da sustentação daquela última possessão norte-africana, optou pelo abandono, dando nesse sentido instruções ao governador Dinis Melo Castro Mendonça.
Na sequência dessa decisão os portugueses que ali residiam, foram evacuados para Lisboa, via marítima, o que causou grande descontentamento na maior parte das pessoas. Algumas delas encontraram dificuldades à chegada a Lisboa. E por isso meteram-se a caminho, atravessaram o Atlântico, em embarcações da Coroa, fixando-se na foz do Amazonas, no Brasil, aí fundando uma cidade a que chamaram, precisamente, Mazagão. A praça de Mazagão distava a escassos 16 quilómetros de Azamor. Tinha 6 ha de área, rodeada pelo mar e, na parte restante, com muros de 15 metros de altura, contra 8 de largura. A partir do século XVII a população residente em Mazagão rondava os dois mil habitantes, 70% dos quais pertenciam à casa real.
De Guimarães partiram para Mazagão nobres famílias que por ali criaram raízes. No século XVII, por exemplo, saiu Manuel de Freitas Padrão que exerceu a actividade de pintor. Mais tarde foi escrivão e almoxarife. João Fernandes de Carvalho, nascido em Guimarães, fixou-se em Mazagão, em 10 de Agosto de 1698. Aí prestou serviço militar até Outubro de 1726. Depois de 27 anos como soldado infante, ascendeu, sucessivamente, a outros postos militares, chegando a alferes. Em 1 de Novembro de 1726 assumiu as funções de vedor-geral, cargo que exerceu até 31 de Dezembro de 1733, com elevada competência. Os três anos seguintes ocupou-os como procurador do povo, que era dos cargos mais honrosos e nobres da vila.
Pela brilhante carreira que desempenhou obteve merecê régia do ofício de comissário de mostra de Mazagão por 6 anos, vindo a ser cavaleiro professo na Ordem de Cristo. Casou duas vezes. A primeira mulher chamou-se D. Antónia Veiga que já era viúva de um dos mais nobres cidadãos da praça de Mazagão, de apelido Valentes. Deste casamento houve uma filha que igualmente casou bem, em Mazagão. O segundo casamento aconteceu com D. Maria da Cunha, filha do alcaide-mor Luís de Loureiro Abreu, oriundo da nobreza do tempo. Deste segundo matrimónio nasceram 4 filhas e 2 filhos. Os rapazes chamaram-se Luís de Loureiro Abreu Carvalho e António de Freitas Padrão. Sabe-se, segundo Augusto Ferreira do Amaral nos conta num estudo que foi publicado no III volume das Actas do Congresso Histórico (1978), que o filho Luís serviu nas forças armadas de Mazagão, desde 16 de Janeiro de 1744 até 1755, ocupando, sucessivamente, os postos de soldado infante, cavaleiro, espingardeiro, tenente e capitão da guarda dos apartados. Seguiu o exemplo do pai casando 2 vezes e teve 2 filhos: Domingos Vaz Pinho e João Luís Loureiro Abreu». In Barroso da Fonte, Guimarães e as Duas Caras, Editora Correio do Minho, 1994, ISBN 972-95513-8-3.

Cortesia de Guimarães/JDACT