segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Guimarães. Barroso da Fonte. As Duas Cabeças. «Em 2004 a cidade de Mazagão foi classificada pela ‘Unesco’ como “Património Mundial”, constituindo um importante exemplo do intercâmbio das culturas europeia e marroquina. As primeiras obras portuguesas em Mazagão foram realizadas por ordem do rei Manuel I»


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Vejamos a Breve Descrição que o IGESPAR faz de Mazagão
«A cidade portuguesa de Mazagão, actual El Jadida, localiza-se em Marrocos, na costa ocidental africana, a sul de Casablanca. Foi fundada pelos portugueses nos inícios do século XVI como entreposto comercial e militar na rota marítima para a Índia. A cidade manteve-se na posse da coroa até 1769, data em que foi conquistada em definitivo pelos marroquinos. Após a retirada portuguesa, a cidade esteve cinquenta anos abandonada o que lhe valeu a designação de al-Mahdouma (a arruinada). Já no século XIX , o sultão Moulay Abderrahmane reabilitou a cidade que passou a chamar-se El Jadida (a Nova). Mazagão, inserida no perímetro urbano de El Jadida, apresenta ainda hoje diversos testemunhos da presença portuguesa: o primitivo castelo, a fortaleza, a cisterna e as igrejas de Nossa Senhora da Assunção, da Piedade e de Nossa Senhora da Luz. Em 2004 a cidade de Mazagão foi classificada pela Unesco como Património Mundial, constituindo um importante exemplo do intercâmbio das culturas europeia e marroquina. As primeiras obras portuguesas em Mazagão foram realizadas por ordem do rei Manuel I, que aí mandou erguer um castelo em 1514, traçado pelos irmãos Diogo e Francisco de Arruda. Considerando-se pouco eficaz o sistema defensivo manuelino, João III encomendou ao engenheiro italiano Benedetto de Ravena o projecto de construção de uma cidade fortificada. A construção da obra ficou a cargo de João de Castilho e João Ribeiro. Esta fortaleza, fundada em 1541, constitui o primeiro exemplo de arquitectura militar europeia erguida fora da Europa, tendo influenciado as praças portuguesas posteriormente construídas no Norte de África. A fortaleza de Mazagão apresenta a forma de um quadrilátero irregular, rematado por quatro frentes abaluartadas. Duas das faces estão viradas à costa e duas ao eixo terrestre, facto que traduz o carácter iminentemente militar e defensivo da construção. Atestando a sua robustez, o fosso da fortaleza permitia a entrada de embarcações através do sistema de comportas. No interior da praça localizavam-se vários equipamentos de assistência como o hospital, a vedoria, os celeiros, o palácio do governador, os armazéns, a cisterna, o chafariz, igrejas e ermidas. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção, antiga padroeira da vila, guarda ainda hoje lápides funerárias portuguesas. São também visíveis alguns vestígios do antigo Palácio dos Governadores no edifício da actual mesquita. A cisterna, localizada no pátio interior da primitiva fortaleza manuelina, foi construída por João de Castilho, tendo sido concluída em 1547 por Lourenço Franco». In IGESPAR



Continuando:
«A fonte que vimos citando diz-nos que não ficaram por aqui estes Carvalhos Vimaranenses. Um sobrinho de João Fernandes Carvalho, filho dum irmão que se chamou António de Freitas Padrão, que teve o nome de Manuel de Freitas Padrão, nasceu em Guimarães, mas logo se mudou para Mazagão, onde prestou serviço, desde 1 de Novembro de 1772, até 31 de Outubro de 1728, como militar e em diversos postos. Rezam as crónicas que travou, sempre com grande êxito, vários combates com os mouros. Até que viria a morrer numa pelourada na batalha que os Portugueses travaram com mais de 3 mil mouros, em 13 de Janeiro de 1742. O combate durou quatro horas, tendo morrido 120 mouros e 3 portugueses, entre os quais Manuel de Freitas Padrão. Pela sua carreira brilhante teve várias recompensas durante a vida e depois da morte, através de família. Casara em Mazagão com D. Francisca Valente da Costa de quem teve um filho, João Fernandes Carvalho, que morreu solteiro e duas filhas, ambas casadas em Mazagão.
Um outro Vimaranense, sobrinho do vedor Fernandes Carvalho, se notabilizou nessa Praça marroquina: Lucas de Freitas Carvalho, filho de Sebastião Carvalho. Assentou praça em 1 de Novembro de 1712, servindo o exército português até 18 de Maio de 1726, como cavaleiro espingardeiro. Mas não acabou, por aqui, a sua carreira militar, pois serviu em vários postos da hierarquia, até 8 de Janeiro de 1758 data em que faleceu. Casara em Mazagão com D. Inês Soares, havendo quatro filhas e quatro filhos do enlace matrimonial. Todos os varões seguiram a carreira das armas. E um deles, de nome Sebastião Carvalho, chegou ao posto de alferes. Os últimos anos de vida passou-os no Brasil, dedicando-se à lavoura.
Mas não foi só a família dos Carvalhos, de origem Vimaranense, que marcou presença em Mazagão. Também a família dos Velacos Bélicos deixou rasto, pelos tempos fora. O primeiro suporte foi João Lourenço Bélico, nascido em Guimarães. Era filho de António Lourenço e partiu para Mazagão, onde serviu como militar, entre Janeiro de 1672 e 8 de Março de 1692, data em que morreu, após uma queda, quando perseguia os mouros. Aí casou com D. Joana de Veloso. Nasceram, deste casamento, quatro filhos e uma filha. António Lourenço Velasco, Francisco Gonçalves Velasco, Manuel Lourenço Velasco e João Lourenço Bélico, filhos do casal, serviram as armas e todos moraram na Casa-Real. Sabe-se que os três primeiros casaram aí mesmo e todos tiveram muitos filhos, alguns dos quais, após o abandono da Fortaleza, se fixaram em Lisboa, onde, diz a nossa fonte, ainda perdura o apelido de Velasco Bélico». In Barroso da Fonte, Guimarães e as Duas Caras, Editora Correio do Minho, 1994, ISBN 972-95513-8-3.

Cortesia de Guimarães/JDACT