(1506-1582)
Killearn, Escócia
Cortesia de wikipedia
George Buchanan. Vida e
Obra
«George Buchanan, um dos
mais ilustres humanistas do século XVI, nasceu na Escócia, em 1506 e, desde a
mais tenra idade, travou conhecimento com a língua latina. Isso deu-se principalmente
porque a Escócia não demorou a reconhecer a importância do ensino do latim para
os seus pupilos, e já em 1496 um ‘Acto Educacional’, que garantia subsídios
para estudantes, especialmente para os filhos dos nobres, foi aprovado. De
família tradicional, era descendente da respeitável e pródiga família Buchanan
de Buchanan. Apesar desse histórico, a família de George Buchanan fica, após a
falência do avô e da morte do pai, entregue à sorte. O tio materno, James
Heriot, preocupado em ajudar a sua irmã, que naquela ocasião ficou com a responsabilidade
de cuidar de 8 filhos, envia a Paris, em 1520, o jovem Buchanan, a fim de que
pudesse dar continuidade aos seus estudos. Porém, em 1522, em razão da sua
fraca saúde e do falecimento do tio, vê-se obrigado a retornar à terra natal.
Restabelecida a saúde, Buchanan, em 1523, alista-se nas forças do Duque de
Albany, que liderou um frustrado ataque à Inglaterra. Após um outro período de
enfermidade, ele matricula-se, em 1525, na St Andrews University. Em
1527, ingressa como bacharel na Universidade de Paris e, em 1528, obtém o grau
de mestre em Artes. Depois de formado, ministrou, por quase três anos, o ensino
de gramática no colégio de Santa Bárbara, onde fez amizades com célebres
mestres, em especial, André de Gouveia, sobrinho de Diogo de Gouveia, director
da instituição.
Embora gozasse de boas
amizades e liberdade de pensamento, a situação financeira do jovem mestre não
era das mais satisfatórias, o que o levou a compor o poema Quam misera sit
conditio docentium litteras humaniores Lutetiae.
A sua situação
financeira só começa a melhorar quando se torna tutor do jovem Gilbert Kennedy,
conde de Cassillis, sobrinho de William Kennedy, abade de Crossraguel. No
intuito de melhor ensinar latim ao jovem conde, Buchanan verteu para o latim a
gramática de Tomás Linacre, que foi publicada em 1533. Nas eleições do Reitor
de Sorbona, em 1534, ele, graças à sua cultura grecolatina, começa a ser
reconhecido por seus compatriotas e torna-se procurador da nação alemã pela
secção escocesa.
A sua veia satírica vem
à tona quando, numa viagem à Escócia, em companhia do conde, envolve-se em
discussões partidárias, civis e religiosas, campo propício para o aparecimento
daquele que é considerado o mais célebre de seus poemas satíricos: Franciscanus.
Cai, então, nas graças
do rei Jaime V, que o torna preceptor do seu filho bastardo, Lord James Stuart,
e faz uso desta obra para atacar os Franciscanos, a quem considerava
mancomunados com os seus inimigos. Além desta obra, Buchanan compõe ainda mais
duas obras de espírito satírico: Somnium e Palinodiae. Vendo, porém,
após a morte da filha do monarca, que este estava colhendo frutos amargos por
ter desafiado uma ala tão significativa da Igreja, decide regressar à França,
na esperança de encontrar apoio em Santa Bárbara. Não recebendo aí a acolhida
desejada, parte para Bordéus, onde se reencontra com o diretor do Colégio de
Guiana, André de Gouveia, que lhe confia a primeira classe de gramática e,
depois a cátedra de grego ou de artes, que foram ocupadas por ele até julho de
1543. Nesse período, floresce-lhe na veia o género dramático e ele escreve
quatro peças:
- Medea, Alcestis, Baptistes e Jephthes.
Embora feliz em Bordéus,
Buchanan retorna a Paris no final de 1543 e torna-se professor no Colégio do
Cardeal Lemoine. Apesar de já gozar de boa reputação na França, o poeta resolve
deixá-la e, em 1547, na companhia de André de Gouveia e outros colegas, parte
para Portugal para se tornar mestre no Real Colégio das Artes, em Coimbra.
Tranquilamente ministrava aulas às turmas de latim e grego quando, em 1550, ele
e outros dois colegas foram acusados pelo Tribunal da Inquisição (maldita) de
ideias e práticas heterodoxas. Após ser interrogado, a sua sentença foi passar
seis meses no mosteiro de São Bento, em Xabregas, a fim de ‘espiar’ os seus
pecados com pios exercícios e outras coisas úteis para sua salvação. Recebeu liberdade
condicional em 1551 e, em 1552, já livre, deixa Portugal em um navio cretense
com destino à Inglaterra». In Francisco A. Florêncio, A Poesia Erótica de
Buchanan, Cadernos do CNLF, vol. XI, nº 13, Círculo de Estudos Filosóficos e
Linguísticos, Crítica Literária, Rio de Janeiro, CIFEFIL, 2008.
Cortesia de Crítica
Literária/JDACT