(1770-1831)
Estugarda, Alemanha
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Pensamento
«As obras de Hegel têm fama de difíceis graças à amplitude dos temas que
pretendem abarcar. Hegel introduziu um sistema para entender a história da
filosofia e o próprio mundo, chamado amiúde de "dialética":
- uma progressão na qual cada movimento sucessivo surge como solução das contradições inerentes ao movimento anterior.
Por exemplo, a Revolução Francesa constitui, para Hegel, pela primeira vez
na história, a introdução da verdadeira liberdade nas sociedades ocidentais. Entretanto,
precisamente por sua novidade absoluta, é também absolutamente radical: por um
lado, o aumento abrupto da violência, que fez falta para realizar a revolução,
não pode deixar de ser o que é; e, por outro lado, já consumiu seu oponente. A
revolução, por conseguinte, já não tem mais para onde volver-se além de seu
próprio resultado:
- a liberdade conquistada com tantas penúrias é consumida por um brutal reinado de terror. A história, não obstante, progride aprendendo com seus próprios erros; somente depois desta experiência, e precisamente por ela, pode-se postular a existência de um Estado constitucional de cidadãos livres, que consagra tanto o poder organizador benévolo do governo racional e os ideais revolucionários da liberdade e da igualdade. "A liberdade reside no pensamento".
Nas explicações contemporâneas do hegelianismo, para as classes
pré-universitárias, por exemplo, a dialética de Hegel frequentemente aparece
fragmentada, por comodidade, em três momentos, chamados:
- tese (em nosso exemplo, a revolução),
- antítese (o terror subsequente),
- síntese (o estado constitucional de cidadãos livres).
Contudo, Hegel não empregou pessoalmente esta classificação em absoluto; na
verdade, ela foi criada anteriormente, por Fichte, numa explicação mais ou
menos análoga da relação entre o indivíduo e o mundo. Os estudiosos sérios de
Hegel não reconhecem, genericamente, a validade desta classificação, conquanto
provavelmente tenha algum valor pedagógico.
O historicismo cresceu significativamente durante a filosofia de Hegel. Da
mesma maneira que outros expoentes do historicismo, Hegel considerava que o
estudo da história era o método adequado para abordar o estudo da ciência da
sociedade, já que revelaria algumas tendências do desenvolvimento histórico. Na
sua filosofia, a história não somente oferece a chave para a compreensão da
sociedade e das mudanças sociais, como também é considerada tribunal de justiça
do mundo.
A filosofia de Hegel afirmava que tudo o que é real, é também racional; e,
por corolário, tudo o que é racional, é real. O fim da história era, para
Hegel, a parusia do espírito; e o desenvolvimento histórico podia ser
equiparado ao desenvolvimento de um organismo. Hegel acredita numa norma
divina, fulcrada no princípio de que em tudo se encontra a validade de Deus, a
qual é conduzir o homem para a liberdade; porquanto é panteísta. Justifica,
então, a desgraça histórica:
- todo o sangue e a dor,
- a pobreza e as guerras,
- constituem "o preço" necessário a ser pago para alcançar a liberdade da humanidade.
Hegel valeu-se deste sistema para explicar toda a história da filosofia, da
ciência, da arte, da política e da religião; no entanto, muitos críticos
modernos assinalam que Hegel parece ignorar as realidades da história a fim de
fazê-las encaixar num molde dialéctico.
A filosofia da história de Hegel está também marcada pelos conceitos da
"astúcia da razão" e do "escárnio da história". A história
conduz os homens que creem conduzir de
‘per si’, como indivíduos e como sociedades, modo que a história-mundo,
ao fazer troça deles, produz resultados exactamente contrários e paradoxais aos
pretendidos pelos autores, a despeito de, nos períodos finais, a história se
reordenar e, num cacho fantástico, retroceder sobre si mesma e, com gozo
sarcástica e paradoxal convertida em mecanismo de criptografia, cria também ela
mesma, sem querer, realidades e símbolos ocultos ao mundo e acessíveis
tão-somente aos cognoscentes». In Wikipédia.
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