sábado, 22 de junho de 2013

Os Mistérios Gnósticos da Pistis Sophia. J. Van Rickenborgh. «O Décimo Terceiro Éon, ou o campo de força universal através do qual a quinta-essência, o quinto elemento básico da substância primordial, o éter ígneo ou éter eléctrico, é inflamado…»

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Considerações sobre o Livro I da Pistis Sophia
Introdução
«O manuscrito gnóstico Pistis Sophia, atribuído ao famoso gnóstico Valentino, nascido em Alexandria e que viveu no segundo século d.C., foi descoberto na segunda metade do século XVIII pelo médico londrino A. Askew. Após sua morte, o manuscrito foi adquirido em 1785 pelo British Museumem Londres, onde está conservado desde então, com a designação de Codex Askewianus. O Livro I do evangelho Pistis Sophia traz os comentários pormenorizados que Jan van Rijckenborgh apresentou na década de sessenta do século XX. Ela aparece numa época em que inúmeras pessoas questionam a origem, a essência e o objectivo da Gnosis. O livro dá, à luz da Gnosis, uma resposta directa ao problema da verdadeira finalidade do homem e mostra a direcção que deve ser seguida para se alcançar essa finalidade, o estado de alma vivente.
No evangelho Pistis Sophia se fala sobre duas correntes que representam duas ondas eletromagnéticas. Uma delas é identificada como corrente do conhecimento, a Pistis, e a outra como corrente da sabedoria, a Sophia. Uma se relaciona inteiramente com o conhecimento humano comum de cada época de transição, de modo que a humanidade inteira pode detectar essa emanação e deve a ela reagir. A outra corrente se mantém absolutamente afastada deste mundo, embora irradie para dentro dele afim de que cada um que busca Deus possa enfim escapar da natureza e encontrar a Sophia, a sabedoria, e até mesmo tornar-se na Sophia.
Chegamos agora a uma época na qual muitas pessoas receptivas à Gnosis anseiam pela libertação com profundo anelo e com maior ou menor grau de consciência. Elas tentam reconhecer a origem de sua comoção e a meta de seu anseio, e verificam se podem alcançar essa meta. Essas pessoas conseguem compreender, à luz da Gnosis, o verdadeiro significado das palavras, muitas vezes obscuras, da Pistis Sophia por meio das explicações dadas por J. van Rijckenborgh. Assim vemos as duas referidas emanações, a Pistis e a Sophia, que procedem da natureza espiritual. A Pistis desperta e promove a comoção da massa no mais amplo sentido da palavra e, assim, actua de modo extremamente forte sobre a inteligência humana. A Sophia, a segunda emanação, ao contrário, volta-se para os eleitos, dos quais fala Paulo na sua Epístola aos Efésios, os habitantes da fronteira em sua época, com o objectivo de salvá-los da natureza da morte e elevá-los ao reino do Pleroma divino. A Sophia deseja despertar nos eleitos o novo estado de alma, a nova consciência e o novo pensar da alma.

Prefácio
Infelizmente, este livro não pôde ser concluído na sua totalidade, porque o seu autor, Jan van Rijckenborgh (1896–1968), faleceu enquanto trabalhava na obra. O autor descreve no livro como é possível para um homem ultrapassar os véus do Décimo Terceiro Éon como a Pistis Sophia o fez. Ele nos dá uma explicação completa sobre a nova força-luz que se revela como um chamado, um novo objectivo de vida, uma nova missão. Contudo, essa missão precisa ser cumprida para que triunfe a verdadeira vida, e não a morte. Entrementes, terão perguntado: Afinal sobre o que versam de facto os mistérios do Décimo Terceiro Éon? Eis a resposta: são os mistérios da Corrente da Fraternidade Universal de Cristo ou, como diz Jacob Boehme: ÉCristo, que atingiu o coração da natureza decaída.
O Décimo Terceiro Éon, ou o campo de força universal através do qual a quinta-essência, o quinto elemento básico da substância primordial, o éter ígneo ou éter eléctrico, é inflamado com os outros quatro estados etéricos, subsiste eternamente. E desse lugar, desse campo de força, nenhuma energia pode ser retirada. O homem-alma-espírito vive e existe mediante o Décimo Terceiro Éon. Jesus Cristo dá a todos os que o aceitam a força e o poder para viver no Décimo Terceiro Éon. Como o homem pode viver em conformidade com o Décimo Terceiro Éon? O candidato ao smistérios gnósticos enfrenta treze momentos de transformação anímica, durante os quais ele precisa lutar até ao fim para alcançar o verdadeiro renascimento da alma.
Essas transformações da alma, por assim dizer, substancializam-se nos treze cânticos de arrependimento da Pistis Sophia:
  • 1. No primeiro cântico, a Pistis Sophia descobre a dialéctica e o estado de condenação da humanidade. Ela entoa o cântico da humanidade;
  • 2. No segundo cântico, a Pistis Sophia descobre sua própria condição natural. Ela entoa o cântico da consciência;
  • 3. Nessa base, a Pistis Sophia entoa o cântico da humildade diante da única luz verdadeira;
  • 4. Segue-se, então, o cântico da demolição, o eu é levado à sepultura;
  • 5. O cântico da rendição é a fase seguinte, a Pistis Sophia faz a entrega total de si mesma;
  • 6. Nessa base é entoado o cântico da confiança. Ela implora pela luz com fé absoluta;
  • 7. No sétimo cântico de arrependimento, a Pistis Sophia entoa o cântico da decisão. É a ascensão ou a queda;
  • 8. Em seguida começa a perseguição. Os éons da natureza atacam a Pistis Sophia de maneira vigorosa, e ela entoa o cântico da perseguição;
  • 9. Depois de entoar o cântico da ruptura, a Pistis Sophia se livra de modo definitivo de seus perseguidores;
  • 10. A seguir, a Pistis Sophia entoa o cântico do atendimento da oração. E, pela primeira vez, ela vê a Luz das Luzes;
  • 11. A força da fé é submetida, então, a uma prova final. A Pistis Sophia entoa o cântico da prova de fé;
  • 12. Em décimo segundo lugar, a Pistis Sophia vivencia a grande prova que podemos comparar à tentação no deserto. Ela entoa o cântico da grande prova:
  • 13. Por fim, a Pistis Sophia canta o décimo terceiro cântico de arrependimento, o cântico da vitória, a alma eleva-se, reconhece o Espírito e vai ao seu encontro, ao seu Pimandro».
In J. Van Rickenborgh, De gnostieke mysteriën van de Pistis Sophia, 1960, Rozekruis Pers, Holanda, Die gnostischen Mysterien der Pistis Sophia, 1992, Os Mistérios Gnósticos da Pistis Sophia, Lectorium Rosicrucianum, Escola Internacional da Rosacruz Áurea, Brasil, Pentagrama, Lisboa, 2012, ISBN 978-85-62923-12-6.

Cortesia de Pentagrama/JDACT