sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Música. Flauta. Adriana Ferreira. «Mãe carinhosa e unânime dos ventos, dos mares, dos prados, vertiginosa mãe dos vendavais e ciclones, mãe caprichosa que faz vegetar e secar, que perturba as próprias estações e confunde num beijo imaterial os sóis e as chuvas e os ventos!»

Cortesia de wikipedia


Meu corpo é um centro dum volante estupendo e infinito
em marcha sempre vertiginosamente em torno de si,
cruzando-se em todas as direcções com outros volantes,
que se interpenetram e misturam, porque isto não é no espaço
mas não sei onde espacial de uma outra maneira.

Dentro de mim estão presos e atados ao chão
todos os movimentos que compõem o universo,
a fúria minuciosa e dos átomos,
a fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos,
a espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam.

A chuva com pedras atiradas de catapultas
de enormes exércitos de anões escondidos no céu.

Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio
de estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma.
Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode,
Freme, treme, espuma, venta, viola, explode…



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