«De um lado
terra, doutro lado terra;
de um lado
gente; doutro lado gente;
lados e filhos
desta mesma serra,
o mesmo céu os
olha e os consente.
O mesmo beijo
aqui; o mesmo beijo além;
uivos iguais de
cão ou de alcateia.
E a mesma lua
lírica que vem
corar meadas de
uma velha teia.
Mas uma força
que não tem razão,
que não tem
olhos, que não tem sentido,
passa e reparte
o coração
do mais pequeno
tojo adormecido».
«Apetece cantar,
mas ninguém canta.
Apetece chorar,
mas ninguém chora.
Um fantasma
levanta
a mão do medo
sobre a nossa hora.
Apetece gritar,
mas ninguém grita.
Apetece fugir,
mas ninguém foge.
Um fantasma
limita
todo o futuro a
este dia de hoje.
Apetece morrer, mas
ninguém morre.
Apetece matar,
mas ninguém mata.
Um fantasma
percorre
os motins onde a
alma se arrebata».
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