«(…) Joseph Rovan, autor
católico, comenta o acordo diplomático entre o Vaticano e o Reich nazista em 8
de Julho de 1933: O Tratado trouxe ao governo
nacional-socialista, considerado por quase todo o mundo como sendo formado de
usurpadores, quando não bandoleiros, o selo de um acordo com a força
internacional mais antiga, a epístola pastoral de 3 de Junho de 1933, na qual todo o episcopado alemão
está envolvido. Que forma toma este documento? Como é que começa? Com optimismo
e com esta declaração de satisfação: Os homens na direcção deste novo governo,
para nossa grande alegria, deram-nos a garantia de que colocam a si próprios e
ao seu trabalho em bases cristãs. Uma declaração de tamanha sinceridade merece
a gratidão de todos os católicos (Paris,
Plon, 1938). Desde o início da I Guerra Mundial, vários papas têm
surgido e desaparecido, mas as suas atitudes têm-se mantido invariavelmente, as
mesmas com respeito às duas facções que se têm confrontado na Europa. Muitos
autores católicos não poderiam esconder a surpresa, e pesar ao escreverem sobre
a indiferença desumana demonstrada por Pio XII face aos piores tipos de atrocidades
cometidas por aqueles em seu favor. Dentre muitos testemunhos, citaremos um
entre os mais moderados nas suas palavras contra o Vaticano, por Jean
d'Hospital, correspondente do Le
Monde: A memória de Pio XII está
cercada de apreensão. Devido à seguinte polémica feita por observadores de
todas as nações: Mesmo dentro das paredes do Vaticano, será que ele sabia de certas
atrocidades cometidas durante esta guerra, iniciada e conduzida por Hitler?
Tendo à sua disposição, a todo tempo, de todas as regiões, relatórios regulares
dos bispos, poderia ele desconhecer o que os dirigentes militares alemães não
podiam disfarçar, a tragédia dos campos de concentração; civis condenados à deportação;
os massacres a sangue-frio daqueles que ficavam pelo meio do caminho; o terror
das câmaras de gás onde, por razões administrativas, milhões de judeus foram exterminados?
E se por acaso sabia de tudo isso, porque ele, fiel dignatário e primeiro
pregador do Evangelho, não veio a público, vestido de branco, armas estendidas
na forma da cruz, para denunciar um crime sem precedentes e bradar: Não!?
Apesar da diferença
óbvia entre o universalismo católico e o racismo hitleriano, essas duas
doutrinas haviam sido harmonicamente
reconciliadas, de acordo com Franz Von Papen. A razão pela qual esse acordo
escandaloso era possível consistia em que o
nazismo é uma reação cristã contra o espírito de 1789. Voltemos a
Michael Schmaus, professor na Faculdade de Teologia de Munique, que escreveu: Império e Igreja consistem numa série de
escritos que devem ajudar na construção do Terceiro Reich, já que reúne um
Estado nacional-socialista e a cristandade católica. Inteiramente alemães e inteiramente
católicos, estes escritos favorecem relações e intercâmbio entre a Igreja Católica
e o nacional-socialismo; eles abrem caminho a uma cooperação frutífera, como
está realçado pelo Tratado. O movimento nacional-socialista é o mais intenso e
abrangente protesto contra o espírito dos séculos XIX e XX. A ideia de um povo
de único sangue é o ponto fundamental de seus ensinamentos e todos os católicos
que obedecerem às instruções dos bispos alemães terão de admitir que assim é.
As leis do nacional-socialismo e as da Igreja Católica têm o mesmo objectivo.
(Begegnungen Zwischen
Katholischem Christentum und Nazional-Sozialistischer Weltanschauung
Aschendorff, Munster, 1933).
Esse documento prova o papel fundamental assumido pela Igreja Católica
na ascensão de Hitler ao poder; na verdade, tratava-se de uma combinação
pré-estabelecida. Ilustra o tipo de acordo monstruoso entre o catolicismo e o
nazismo. O ódio ao liberalismo, que é
a chave de tudo, torna-se absolutamente claro. Vejamos o que Alfred
Grosser, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade de Paris,
diz: O conciso livro de Guenter, The
Catholic Church and Nazi Germany (New York, 1964), diz que todos os
documentos concordam ao demonstrar a cooperação da Igreja Católica com o regime
de Hitler. Em Julho de 1933, quando
o Tratado obrigou os bispos a jurarem
um voto de obediência ao governo nazista, os campos de concentração já estavam abertos.
A leitura de citações compiladas por Guenter é a prova irrefutável disso. Encontramos
algumas evidências impressionantes de personalidades, tais como o cardeal Faulhaber
e o jesuíta Gustav Gundlach. Apenas palavras vazias podem ser encontradas para
negar tais evidências que provam a culpabilidade do Vaticano e de seus
jesuítas. A ajuda destes é a principal força por detrás da ascensão iluminada
de Hitler que, juntamente com Mussolini e Franco, apesar das aparências, eram
fantoches de guerra manipulados pelo Vaticano e seus jesuítas. Os aduladores do
Vaticano deveriam ter baixado suas cabeças, envergonhados, quando um membro do
Parlamento italiano exclamou: As mãos
do papa estão cheias de sangue! (fala de Laura Diaz, membro do
Parlamento por Livorno, pronunciada em Ortona, em 15 de Abril de 1946), ou
quando os estudantes do Cardiff University College escolheram como tema para a conferência:
Deveria o papa ser trazido a tribunal
como sendo um criminoso de guerra? (La Croix, 2 de Abril de 1946)». In Edmond Paris, Histoire secrète
des jésuites, A História Secreta dos Jesuítas, tradução de Josef Sued, 1997,
Chick Publications, 21ª edição, Fundação Biblioteca Nacional, 2000, ISBN
093-795-810-7.
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