Brasões de Sintra
«(…) Albuquerque seus
predecessores, carregou o seu escudo de oiro liso com um castelo de vermelho, alusivo
ao senhorio. O brasão usado pelos descendentes de D. Teresa Martins e de Afonso
Sanches será descrito no artigo dos Albuquerques ou Alburquerques. De João
Afonso, 2.º senhor de Alburquerque e alferes mor de Afonso III, foi filho segundo,
como já fica dito, Gonçalo Anes Raposo. Este, na qualidade de rico homem de Castela,
confirmou as cartas de privilégios de várias cidades nos anos de 1284, 85 e 86. De sua mulher,
D. Urraca Fernandes de Limia, teve a Afonso Martins Telo, único de seus filhos em
cujos descendentes se continuou a geração masculina dos Meneses. Este Afonso Martins
Telo, rico homem de Castela e depois de Portugal, onde foi alcaide de Marvão (Afonso
Martins Telo, meu vassalo, alcaide do meu castelo de Marvão, veja três vezes no
ano como estão bastecidos e manteudos os castelos de Portalegre, da Vide,
de Arronches e de Monforte, Santarém, 25 de Janeiro de 1359 - Liv. 3.° da
Chancelaria do rei Denis) e onde se encontram memórias suas nos anos de 1317, 18, 21 e 22, seguiu o bando do infante Afonso contra
el rei Denis e foi um dos ricos homens, que em Pombal, juntamente com o Infante,
juraram as pazes em princípios de Maio de 1322.
Em Portugal casou com D. Berenguela Lourenço, filha do rico homem Lourenço Soares
de Valadares, senhor de Tangil e fronteiro de Entre Doiro e Minho.
O seu filho primogénito chamou-se
Martim Afonso Telo e foi progenitor dos Meneses das casas de Marialva e Louriçal.
O segundogénito foi João Afonso Telo, 1.° conde de Ourem e progenitor dos Meneses
das casas de Vila Rial e Tarouca. Tem sido matéria de discussão qual das linhas
é a primogénita, se a de Marialva, se a de Vila Rial; mas não deve restar dúvida.
A casa de Marialva tem por si o Livro Velho das Linhagens, e os Nobiliários
do conde Pedro, Xisto Tavares, António de Lima e outros.
Casas de Marialva e Louriçal
Martim Afonso Telo, filho
primogénito de Afonso Martins Telo, foi rico homem, amante e mordomo mor da rainha
de Castela D. Maria de Portugal, mulher de Afonso XI, e a seus pés, salpicando-a
com seu sangue, recebeu a morte em Toro, a 25 de. Janeiro de 1356, às mãos dos sicários de Pedro I, filho
da sua própria amante. Tinha casado em Portugal com D. Aldonça de Vasconcelos, filha
herdeira do infanção Joane Mendes Vasconcelos. Dela teve quatro filhos;
João Afonso Telo. Foi alcaide
mor de Lisboa em 1872 e almirante de
Portugal pelos anos de 1375. Com o almirantado
começou a gozar do título de dom, como
se vê da carta de 23 de Maio de 1414
(1376)
pela qual foi feita doação das terras de Mafamude, Laborim e Lavadores a dom João Afonso Telo, almirante. Continuou
ele, como consta de vários documentos, exercendo aquele ofício nos anos seguintes
até ao de 1380, no qual, por carta de
6 de Julho, lhe foram mandados guardar os privilégios do almirantado; não sei porém,
se ainda o conservou por muito tempo. Na carta de 27 de Janeiro de 1382, de doação da terra da Feira e outras
não aparece com o título de almirante, com o qual se torna a encontrar Lançarote
Pessanha numa carta de 20 de Setembro de 1383
(Aires de Sá, frei Gonçalo Velho; na mesma colecção encontraram-se três documentos
anteriores a este, dois do próprio ano de 1383, e um do antecedente, os quais se
referem todos ao almirante, mas não o nomeiam). Na referida carta de 27 de
Janeiro de 1382 já aparece intitulado
conde de Barcelos (carta da referida data passada em Rio Maior, nos paços que foram
de Rui Garcia do Casal, de doação a João Afonso Telo, conde de Barcelos, da terra
de Santa Maria da Feira, Cabanões, Ovar e terra de Cambra, doação ampliada a descendentes
legítimos, pois que já em sua vida possuía aquelas terras. Encontra-se registada
a carta no livro 3.° da Chancelaria do rei Fernando I), havendo sucedido no
condado por morte de seu tio João Afonso Telo, conde de Ourém e Barcelos. Seguiu
o partido do invasor, que em Setembro de 1384 o criou conde de Mayorga em Castela.
Morreu na batalha de Aljubarrota, a 14 de Agosto de 1385, e foi o único dos inimigos a quem João I mandou dar sepultura,
sendo esta excepção devida a ele ter aconselhado el Rei de Castela e com ele instado
a ferir o combate. Foi de génio perverso e o sócio de sua irmã D. Leonor em alguns
dos seus crimes. Casou com D. Brites de Albuquerque e teve filhos, mas não teve
netos.
NOTA: Para fixar esta data
tenho estas indicações. Por carta de 29 de Junho de 1410 (1372), foram confirmados os privilégios dos almirantes a Lançarote
Pessanha (Aires de Sá, frei Gonçalo Velho, e mais nenhum documento a ele respeitante
encontrou nos tempos seguintes o consciencioso e indefesso investigador citado.
Em 8 de Julho de 1413 (1375)
já Lançarote Pessanha estava incurso no desagrado do rei Fernando I, que lhe confiscara
Odemira. É evidente que já então não devia possuir o almirantado. Em 1 de Maio de
1412 (1374) ainda João Afonso
Telo não era almirante; pelo menos sem o título aparece numa carta daquela data
de doação de certos. Com ele contudo o encontro em duas cartas dadas em Santarém
a 15 de Abril de 1414 (1376),
e pelas quais se lhe doaram várias terras. Em 1376, no mês de Julho, a 17, entrega do castelo de Monsanto, e a 19,
doação das terras de Vilasboas e Vilarelhos; em 1377, a 19 de Novembro, doação das terras de Paços e outras no julgado
da Feira; e em 1379, a 20 de Março, doação
das rendas da alcaidaria de Lisboa. Chancelaria
de D. Fernando, liv. 3, fl. 59 v. Mais alguns documentos, ainda não apontados,
relativos ao 6.° conde de Barcelos, João Afonso Telo, irmão da rainha D. Leonor;
a João Afonso Telo, nosso vassalo, doação das terras de Santa Maria em a terra da
Feira, Cabanões, Ovar e Cambra, Coimbra, 10 de Fevereiro de 1410 (1372); doação do castelo de
Lisboa, Leiria, 22 de Outubro de 1410
(1372).
A João Afonso Telo, doação dos bens de Álvaro Vicente, Salvaterra, 1 de Maio de
1412 (1374). A João Afonso Telo,
almirante, nosso vassalo, doação das terras da Bemposta, Penarroias e outras, Santarém,
15 de Abril de 1414 (1376);
doação das terras de Samodães, Ribeira de Gondim, etc, na mesma data; doação do
castelo de Monsanto, Alenquer, 17 de Julho de 1414 (1376). A João Afonso Telo, conde de Barcelos, nosso vassalo, doação
das freguesias de Rebordões, S. Martinho do Campo, Santa Maria de Negrelos, Santo
Isidro, Virãos, Santiago, e S. Salvador, que sohiam ser do julgado de Refoios, e
da freguesia de Sanguinhedo, que fora da jurisdição de Aguiar de Pena, que todas
haviam sido doadas ao Infante João, sendo apartadas das suas antigas jurisdições,
e depois haviam pertencido à infanta D. Beatriz, e agora manda el Rei que
tornem às suas antigas jurisdições e que pertençam ao conde, senhor destas. Dada
em Almada a 26 de Junho de 1421 (1383).
Ao conde de Barcelos, nosso vassalo, em Almada, a 30 do mesmo mês, entrega do castelo
da Feira. Chancelaria de D. Fernando,
Conservou até final a alcaidaria do castelo de Lisboa, como consta desta carta;
Antão Vasques, cavaleiro, seu vassalo, doação da alcaidaria do castelo de Lisboa,
com todos seus direitos e rendas, como a tinha João Afonso, conde de Barcelos,
salvo aquelas coisas que a ela pertenciam, de que o dito Senhor fez mercê ao concelho
da cidade de Lisboa. Santarém, 28 de Agosto de 1483 (1385).
In Anselmo Braamcamp Freire, Livro Primeiro dos Brasões da Sala de
Sintra, impresso em Coimbra, Imprensa da Universidade, Coimbra, Julho de 1921.