Lugh surge para conduzir os
Tuatha de Danann à vitória na Segunda Batalha de Moytura. (Ilustração de Jim Fitzpatrick)
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de wikipedia
Ciclo Mitológico. O Livro das Invasões da Irlanda
«(…) Lugh,
Manannan mac Lír, Brighid, Morríghan, Dagda, Nuada, Ogma, Angus Óg, Bóann, quem se interessa por mitos e lendas
celtas certamente já viu ao menos alguns desses nomes antes. São os mais
importantes deuses e deusas da mitologia celta irlandesa, seres poderosos,
divinos, passionais, carismáticos. Oriundos de quatro cidades míticas, Falias, Findias, Gorias e Murias, de onde trazem quatro tesouros, os Tuatha de Danann chegam à Irlanda
vindos do Oeste, a direcção do Outro Mundo, em navios mágicos envoltos por uma
bruma que eclipsa o sol por três dias. São eles a introduzir na Irlanda o conhecimento
druídico (draíocht),
bem como a criação de suínos.
Eles derrotam os Fir Bolg na Primeira
Batalha de Moytura, e depois, sob a liderança de Lugh Lamfhóta, finalmente repelem os
temíveis Fomorianos de uma vez por todas na Segunda Batalha de Moytura, estabelecendo uma era dourada de paz e prosperidade
durante a qual reina a magia e a força desses deuses e deusas. Uma dessas
deusas é Ériu, que, ao
lado de suas irmãs Banba e Fotla, personifica as terras da Irlanda. A
chegada dos Milesianos, um grupo de mortais liderados por Mil Espáine, põe fim ao domínio
dos Tuatha de Danann que, dali
por diante, passam a habitar as colinas ocas e/ou as ilhas paradisíacas a oeste
da Irlanda, entre os nomes para esse Outro Mundo, Emain Ablach,
a Fortaleza das Macieiras (associada
à Avalon Arthuriana) e a Ilha dos
Abençoados, Hy Brasil.
Mas tal feito só é alcançado pelos Milesianos quando seu poeta, Amergin, promete eternizar o nome de
Ériu
como nome da própria Irlanda, com
efeito, o nome da República da Irlanda, Éire, até
hoje mantém viva a magia e a força dessa deusa.
De forma grosseira, podemos dizer que os Tuatha de
Danann deixam de habitar este mundo e passam a viver noutra dimensão, mais
súbtil, espiritual, mas ainda em contacto com esta realidade. Prova disso é sua
habilidade de transitar entre nós, mortais, graças ao encantamento conhecido
como féth fiada (maestria da névoa) ou ceo druídecta, o fog druídico, através do qual o utilizador fica invisível ou assume a
forma de um animal, uma habilidade de evidente natureza xamânica,
posteriormente associada também a São Patrício. Os Milesianos são a última onda
migratória a se assentar na Irlanda. Após derrotarem os poderosos Tuatha de
Danann, o povo liderado por Mil Espáine se estabelece nas
terras irlandesas e encerra o Livro
das Invasões. De todos os factos narrados no texto mitológico, a
invasão dos milesianos parece ser a que mais possui equivalência histórica, por
sua associação com os Goidels, tribos históricas e ancestrais
directos dos modernos irlandeses.
Segundo o Livro das Invasões,
os Milesianos vêm da Cítia (área
hoje ocupada pela Bulgária, Rússia e Cazaquistão) e se instalam na
Península Ibérica, na região onde hoje fica a cidade portuguesa de Bragança (Trás-os-Montes,
uma área rica em vestígios da ocupação celta pré-romana). De lá, após
avistarem a Irlanda do alto de uma torre, enchem-se de desejo de habitar aquela
ilha verdejante. Assim, os milesianos rumo a Irlanda, onde aportam durante
Beltaine. Ao lá chegarem, são obviamente desafiados pelos poderosos Tuatha
de Danann, então senhores das terras irlandesas. A conquista dos milesianos
só se dá após embates físicos e mágicos com os Tuatha de Danann, durante
os quais os Milesianos demonstram grande conhecimento da mais poderosa forma da
magia: a maestria das palavras. Um dos mais belos exemplos dessa magia
é o poema recitado por Amergin, o primeiro bardo da
Irlanda, ao desembarcar em solo irlandês:
sou a onda das profundezas;
sou o rugido do oceano;
sou o Gamo de Sete Batalhas;
sou um falcão no penhasco;
sou um raio de sol;
sou a mais verdejante das plantas;
sou um javali em fúria;
sou um salmão no rio;
sou um lago na planície;
sou uma palavra de Sabedoria;
sou a ponta de uma lança;
sou a fascinação para além dos confins da terra;
como os deuses, posso mudar de forma.
In Canal História, Jean
Markale, Wikipédia.
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